quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Assim como todos os integrantes da família, os gatos também merecem uma alimentação equilibrada. Opções de boa qualidade não faltam. Portanto, risque a comida caseira do cardápio, porque as rações específicas já contêm as proteínas e demais nutrientes necessários para a saúde felina. Aquele gato olhando fixamente, hipnotizado, para um bom filé de peixe ou uma vasilha cheia de leite vai saindo de cena. Esses alimentos podem ser substituídos por produtos mais apropriados e, sobretudo, apetitosos. Rações úmidas com diferentes tipos de sachês, patês especiais e as próprias versões comuns, com sabores e formatos variados, tornaram os nossos bichanos verdadeiros gourmets.

E por que tantas opções para eles? A explicação é bem simples: os gatos têm o paladar mais seletivo do que os cães, por exemplo, e gostam do que é atraente. O mercado sabe disso e investe em alternativas saborosas. É até comum que donos de cachorros e gatos relatem ao veterinário que o cão adora roubar a comida do amigo. Faz sentido, porque elas são realmente mais gostosas. No entanto, para manter os pets saudáveis, cada espécie deve ser alimentada com sua ração. Não vale também misturar uma com a outra: as porções são balanceadas de acordo com as necessidades de cada animal.

Outro aspecto da alimentação felina que deve ser lembrado é a quantidade oferecida. Não é difícil saber o quanto colocar na tigela. Todas as embalagens de ração vêm com a dose ideal e as calorias que o bicho deve ingerir em um dia. Respeitar essa recomendação ajuda a evitar a obesidade, um problema que contribui para o aumento da pressão arterial e o aparecimento do diabete.


Todos sabem que os gatos são bichos mais independentes, com hábitos e manias muito peculiares. O apetite deles, por exemplo, é bem seletivo — e os bichanos não gostam nada que abram sua boca. Por falar em boca, será que, como no caso dos cachorros, os felinos também precisam que seus dentes sejam escovados? A resposta é sim. Essa medida de higiene é necessária para prevenir uma série de doenças. É que uma boca cheia de tártaro pode ser fonte de bactérias que, se caírem na corrente sanguínea do animal, podem acabar se alojando no coração ou nos rins. Nesses órgãos, os micro-organismos causam vários problemas. 

Para afastar esse perigo, o primeiro passo é habituar o gato. O ideal é que isso seja feito o mais cedo possível, ou seja, desde a época em que é filhote. Isso evita um baita estresse mais tarde, quando o animal se tornar adulto: se ele não estiver familiarizado com a higienização, oferecerá resistência. Daí, poderá ser necessário mais de uma pessoa para a limpeza da cavidade bucal do pet. Mas mesmo os adultos podem ser treinados.

Agora vamos ao passo a passo da escovação. Deve-se inicialmente massagear a gengiva e os dentes apenas com o dedal ou escova própria para felinos. Tudo para criar uma espécie de condicionamento. Com isso, o bichano ficará mais seguro e perceberá que a companhia de seu dono pode ser prazerosa. Isso porque ele vai encarar todo o procedimento como um momento de bastante interação.

Depois de pelo menos uma semana, introduza a pasta de dentes, primeiramente aplicando-a apenas na boca para acostumá-lo com o gosto do produto — os sabores variam de frango a carne. Só para constar, há também pastas com enzimas em sua composição que auxiliam na limpeza. Depois, deve-se massagear lentamente os dentes em movimentos circulares com uma escova especial ou dedal, limpando toda a superfície da dentição. 

E como todo animal de estimação gosta de mimos, por que não preparar algo de interessante para depois do escova-escova? Existem muitos brinquedos e produtos que os gatos adoram. Brincar com eles logo em seguida pode ser um fator determinante para que encarem a higiene bucal, volto a repetir, como um momento de interação com seus donos. Para finalizar, mais algumas dicas. Oferecer ração seca também contribui para diminuir o acúmulo do tártaro. Quando ela é mastigada, ocorre um atrito natural do alimento com o dente, evitando o acúmulo da placa bacteriana. Além disso, um adstringente bucal específico pode ser adicionado à água de beber para dar chega pra lá no mau hálito. Nunca é tarde para começar a escovar os dentes do seu gato! Que tal tentar hoje mesmo?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


"O fim da Aids" — esse foi um dos principais assuntos debatidos na Conferência Internacional sobre a Aids, que começou no último domingo em Washington, nos Estados Unidos. "Erradicar a doença é uma esperança e um objetivo que precisamos ter. Caso contrário, não sairemos do lugar", afirma Elly Katabira, presidente da Sociedade Internacional de Aids. "O melhor exemplo disso é que, em 2000, não achávamos que países de terceiro mundo teriam bom acesso a antirretrovirais. Hoje, isso é uma realidade", argumenta.

Mais de 20 mil pessoas frequentam o congresso, entre elas importantes personalidades, como a secretária do estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, e o filantropista e criador da Microsoft, Bill Gates. Um dos principais focos do evento está na prevenção, principalmente em grupos mais expostos ao vírus HIV. Prova disso foram as apresentações feitas logo no início do congresso sobre os direitos de profissionais do sexo, além de discussões sobre as possíveis políticas públicas voltadas a eles e a usuários de drogas.

Abordar temas tão polêmicos não foi um acaso. Afinal, diversos palestrantes relataram que um dos maiores obstáculos para vencer o mal continua sendo a discriminação e as informações equivocadas. "Não importa quem você é ou quem ama, todos merecem compaixão e dignidade. A doença é causada por um vírus, mas a epidemia não. Essa é abastecida por estigmas, desinformação, indiferença e ignorância", discursou o cantor inglês Elton John.

Entre as pesquisas, destaque para uma divulgada na versão online da revista científica The Lancet. Após colheram dados do Canadá, do Reino Unido e dos Estados Unidos, pesquisadores mostraram que homens negros que fazem sexo com pessoas do mesmo sexo, embora tendam a se valer mais de medidas preventivas, como usar camisinhas, ainda estão entre os com maior índice de infecção. Mas que fique claro: isso não tem nada a ver com o indivíduo em si, e sim com questões socioeconômicas e até da biologia da transmissão — o vírus HIV ganha acesso ao corpo mais facilmente por meio do sexo anal do que com sexo vaginal.

Com base nisso, os especialistas sugerem mais ênfase em campanhas de conscientização e, quando a Aids se instala, adesão aos medicamentos, além de consultas regulares.


A educação sexual foi alçada, em 2006, à condição de tema transversal do currículo escolar. Tania Zagury resume o que isso quer dizer: "ela deixou de ser exclusividade do professor de ciências, que mencionava o assunto quando falava do aparelho reprodutor". Em outras palavras, orientar os alunos sobre sexo é função de quem leciona do ensino fundamental ao médio. Aqui no Brasil, esse modelo ainda parece um tanto utópico, inclusive nas escolas particulares. Mas não seria tão difícil tirá-lo do papel. Bastam investimento e um trabalho com os próprios mestres. Não adianta apenas levar palestras ao colégio. Criar, por exemplo, uma semana sobre a aids é bom, mas ainda é pouco, avalia Antonio Carlos Egypto. Informações e reflexões sobre sexualidade devem se espalhar por todas as disciplinas. Numa aula de literatura, pode-se abordar o assunto ao discutir os personagens de um romance, exemplifica
 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012


1. Melhora da autoestima: o sexo faz o indivíduo se sentir desejado pelo outro. E isso aumenta a autoconfiança não só na cama. 

2. Proteção cardiovascular: é, entre todos os esportes, o mais prazeroso. Atua sobre a circulação, aprimorando o fluxo sanguíneo. 

3. Perda de peso: quanto mais gritos, sussurros, novas posições... mais calorias torradas no calor da noite. 

4. Menos estresse: no orgasmo você libera tudo, inclusive neurotransmissores que aplacam a tensão do cotidiano. 

5. Controle da dor: durante o orgasmo são liberadas as endorfinas, verdadeiros analgésicos naturais. Gemido? Só de prazer. 

6. Músculos fortes: se feito sem medo de ser feliz, o sexo trabalha o abdômen, as coxas e, no caso das mulheres, a musculatura da vagina, o que intensifica o orgasmo. 

7. Sem insônia: quem não sabe desta? Depois do prazer, a gente relaxa e consegue dormir melhor, alcançando as fases mais profundas do sono.
 

Médicos e cartomantes compartilham uma velha obsessão: prever, cada um à sua maneira, o futuro da vida alheia. Nas cartas, o tarô busca apontar quando aparecerá a tão sonhada cara-metade. Por meio de análises rigorosas, a ciência sabe predizer, agora, até quando uma pessoa se exercitará sobre a cama — com a sua cara-metade ou não. Um trabalho da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, acompanhou mais de 6 mil homens e mulheres de 25 a 85 anos para formular um novo índice, a expectativa de vida sexual. A questão é que, diferentemente de um grande amor, que parece ser providenciado pelo destino, o porvir entre as quatro paredes do quarto depende, e muito, dos nossos hábitos. 

“Observamos que um organismo pobre em saúde também sofre um bom abatimento da atividade sexual”, diz Natalia Gavrilova, uma das responsáveis pelo estudo. Isso significa que as pessoas seduzidas pelo sedentarismo, pela privação de sono ou por uma dieta gordurosa estão antecipando sua aposentadoria em matéria de diversão a dois. “À terceira década de vida, homens com um estado geral deficitário terão mais 30 anos de relações sexuais intensas, enquanto os sadios apresentarão no mínimo mais 37 anos”, revela Natalia. Não é diferente com as mulheres. As saudáveis ganham quase cinco anos extras de muito, muito prazer. 

É inevitável que, em meio a esses achados, a gente toque em um assunto: seria então o envelhecimento um obstáculo ao sexo? “O problema não é a idade em si, mas as doenças que costumam aparecer com ela”, avalia a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por isso, é preciso coibir desde cedo os fatores que desencadeiam obesidade, hipertensão... 

A pesquisa americana aponta que a ala masculina, embora viva menos, desfruta por mais tempo das relações sexuais. “Diversamente dos homens, as mulheres enfrentam a derrocada dos hormônios com a menopausa, o que afeta a libido, a lubrificação vaginal e a vaidade”, justifica a ginecologista Carolina Carvalho, da Universidade Federal de São Paulo. Mas nenhum marmanjo deve sair por aí cantando de galo. “O estudo também mostra que os homens perdem muitos anos de vida sexual devido a doenças crônicas, como males cardiovasculares e diabete”, alerta Otto Chaves, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Prevenir-se contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada não necessariamente tira o prazer do rala e rola. Basta escolher o preservativo adequado a você
 
A história de medidas cautelares contra DSTs e filhos inesperados é mais antiga do que se imagina. Os romanos, por exemplo, cobriam o pênis com um invólucro feito de intestino de cordeiro ou de bexiga de cabra. Diversos materiais já foram testados com relativo sucesso: papel de seda, bexiga natatória de peixe, saco de linho, borracha e até veludo. O látex, material utilizado atualmente, surgiu em 1930. 

Armazenamento seguro 
A carteira e o carro são péssimas opções para guardar o preservativo. Largados nesses lugares, eles estragam rapidamente. Prefira locais secos e protegidos do calor. 

Não quer gastar dinheiro? 
Desde 1994 a rede pública de saúde distribui gratuitamente camisinhas 

Infográfico Laura Salaberry, Rafael Corrêa e Vanessa Kinoshita | fontes Homero Guidi, coordenador do departamento de doenças sexualmente transmissíveis da Sociedade Brasileira de Urologia; Denise Santos, gerente de marketig da DKT do Brasil; Karina Zulli, ginecologista especialista em reprodução humana do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Nos primeiros anos, o diagnóstico do HIV era uma sentença de morte. "Já fui o médico que mais assinou atestados de óbito em São Paulo", relembra Caio Rosenthal, que acompanhou as vítimas da doença desde o princípio da epidemia. Mas, anos de pesquisas depois, a ciência entrou em campo com o coquetel. Graças a ele, o soropositivo não veste mais o traje de carne e osso e, quando segue o tratamento à risca, pode levar uma vida próxima do normal. "O problema é que, se o paciente não adere a no mínimo 95% da terapia, sua resposta tende a cair", diz Rosenthal. Nesse caso, em geral protagonizado por pessoas financeiramente desfavorecidas, a aids prossegue como um fantasma.

É um engano rotular a aids como uma doença sob controle — erro compartilhado por uma nova geração que, embora tenha crescido nos tempos da camisinha, nutre a sensação de que o HIV é uma peste enterrada no século 20. "Ele não é um problema do passado, mas do futuro", não hesita em dizer o virologista Paolo Zanotto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Essa falha de percepção está por trás do recrudescimento da infecção entre os jovens, que não podem se dar ao luxo de pensar que o tratamento contém em definitivo o micro-organismo. "As terapias nem sempre têm o efeito esperado e, com o tempo, o vírus é capaz de apresentar resistência a elas", lembra Zanotto.

O perigo ronda também quem atravessa a sexta ou a sétima década de vida. A popularização dos remédios contra a disfunção erétil se somou à falta do hábito de vestir o preservativo. O resultado são novos casos em uma faixa etária que, a princípio, enfrentava um menor risco. Ninguém está imune e, por isso, só há um caminho seguro para escapar do vírus. "A prevenção é o carro-chefe", afirma Dirceu Greco. Mesmo quem porta o HIV precisa se precaver, sob pena de contrair outros subtipos do micro-organismo. "A recombinação dos vírus pode diminuir a eficácia das drogas", alerta Zanotto. Além do sexo seguro, especialistas defendem mais uma medida para cercar o inimigo: a inclusão de exames de HIV nos checkups anuais. O diagnóstico precoce faz a diferença não apenas ao paciente. O mundo inteiro sai ganhando.

Depois desse balanço histórico, com as perdas e os ganhos impostos pela aids, chega o momento de vasculhar por que não derrotamos o adversário microscópico. Mal o vírus se alastrava nos anos 1980, cientistas ousaram prever uma vacina em pouco tempo. A predição não se tornou realidade. "Pensava-se, na época, que bastava descobrir o vírus para desenvolver um imunizante", diz o infectologista Esper Kallas, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Na década seguinte, Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, anunciou o produto no prazo de dez anos. A profecia não se cumpriu mais uma vez. "O HIV tem um jogo negociado com o sistema imune e qualquer vacina precisa das nossas defesas para funcionar", explica Paolo Zanotto. O micro-organismo parece projetado para enganar o hospedeiro. Primeiro: ele é altamente mutante e, assim, dribla anticorpos — um imunizante tradicional feito hoje não funcionaria amanhã. Segundo: ele conta com substâncias em sua superfície que dificultam a adesão de um anticorpo. Terceiro: ele invade o núcleo de uma célula essencial ao comando imunológico, misturando seus genes aos dela e escapando dos guardas. Essas peculiaridades ajudam a entender também a dificuldade de encontrar a cura da doença, um Santo Graal nas ciências biológicas. O coquetel antirretroviral zera a carga de vírus no sangue, mas alguns deles se escondem nos chamados santuários — que ficam no cérebro, nos gânglios linfáticos... "O HIV se finge de morto e, se a terapia é abandonada, volta a se multiplicar e atacar em 15 dias", avisa Celso Granato, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo.

Enquanto torcemos por uma vacina perfeita e um remédio capaz de desentocar e matar as sobras do vírus, deparamos com a última e difícil lição. "Parece que, até agora, o homem está apertando sempre a campainha e a porta não abre. Talvez ele tenha que dar um passo para trás e pensar em outro jeito de entrar na casa", compara Zanotto. "Apesar de tudo o que descobrimos, ainda estamos amarrados pela falta de conhecimento", constata Granato. Para vencer o HIV, precisamos rever a própria forma de fazer ciência e transgredir nossas limitações. Ainda temos muito que aprender antes de derrotar essa doença, que se desprendeu de tintas apocalípticas e ensinou o ser humano a compreender melhor os fenômenos que regem a vida. Não foi o fim do mundo. Não foi o fim da vida. Não é o fim do sonho

A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) entrou para a história provocando efeitos colaterais na ciência. Diante de um problema desconhecido e altamente letal, investimentos astronômicos foram canalizados para os centros de pesquisa. Um vírus, o da imunodeficiência humana (HIV), movimentou uma caça às bruxas e, quando descoberto, tornou-se inimigo público número 1. O clima era o de ameaça à espécie humana, mas estávamos prestes a entender, com detalhes, alguns dos mecanismos que explicam a vida. Os resultados dos estudos focados na nova epidemia transbordaram, isto é, não ficaram restritos à aids. "A doença acelerou o progresso científico", observa o infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor de A História da Humanidade Contada pelos Vírus (Ed. Contexto).

Em meio a essa corrida, que invadiu o século 21, aprendemos como é organizado nosso sistema imunológico e desvendamos a natureza e as estratégias de ataque dos vírus. "A virologia se divide em antes e depois do HIV", sentencia o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo. Avançamos na compreensão do genoma. "Com os estudos em HIV, passamos a identificar perfis genéticos que acusam se uma pessoa terá uma progressão mais lenta ou rápida da doença", conta a farmacêutica Rejane Grotto, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu. O boom de informações geradas em laboratório extrapolou os ganhos contra a aids e aprimorou a abordagem das hepatites virais e do câncer.

"Não tenho dúvida de que o conhecimento gerado em função do HIV ainda não foi totalmente empregado em outras doenças", diz o infectologista Celso Granato, do Laboratório Fleury. Na esteira do progresso, porém, exames se aperfeiçoaram e novas drogas surgiram. A ordem de conter o vírus resultou em mais segurança nos procedimentos médicos, como a triagem do sangue para doação e o uso de agulhas descartáveis. São mudanças que mal notamos no cotidimas que ano, afetam, e muito, a nossa vida.
Apesar de iluminar indiretamente os pilares da biologia moderna, a aids deixou lições amargas, porque quebrou modelos estabelecidos. "As epidemias costumam surgir e depois de um tempo desaparecer, mas a aids não foi embora", avalia a professora de história da medicina Diana Maul de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Além disso, a doença silenciou a esperança — ou, por que não, a presunção — da ciência de impor seu domínio absoluto sobre os micróbios. "O século 20, marcado pelo desenvolvimento de vacinas e antibióticos, imaginou controlar de vez as doenças infecciosas, e o HIV mostrou que isso ainda é impossível", lembra Diana
 
1982 Cinco anos após os primeiros casos, cientistas definem o que é a aids. No mesmo ano, a primeira ocorrência no Brasil é identificada, em São Paulo. Os jornais da época chamavam a doença de peste gay.
1985
Após disputas entre franceses e americanos pela autoria da descoberta do agente por trás da doença, ele é batizado de HIV - em português, vírus da imunodeficiência humana. O primeiro teste para diagnosticá-lo é desenvolvido.
1986
O Ministério da Saúde cria o Programa Nacional de DST-Aids.
1987
Enquanto no Rio de Janeiro cientistas da Fundação Oswaldo Cruz isolam pela primeira vez o vírus no Brasil, nos Estados Unidos, o AZT - pioneira entre as drogas utilizadas no combate à doença - começa a ser prescrito. Ainda nesse ano, o primeiro dia de dezembro é estabelecido como o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
1991
O governo brasileiro passa a fornecer os antirretrovirais de graça. E a fita vermelha que ilustra esta reportagem torna-se o símbolo da batalha mundial travada com o mal.
1992
Em São Paulo, uma menina de 5 anos é impedida de se matricular em uma escola pública por ser portadora do vírus. O Ministério da Educação condena o ato e institui medidas para combater a discriminação.
1993
A aids passa a ser avaliada também pela contagem de linfócitos CD4+ no sangue. Se essas células de defesa estão abaixo do nível esperado, é preciso iniciar o tratamento mesmo sem sintomas.
1994
O Ministério da Saúde passa a distribuir gratuitamente preservativos em postos de saúde e em ações pontuais. Os programas de prevenção no país ganham impulso após parceria do governo com o Banco Mundial.
1995
Os avanços no diagnóstico e no controle estão a todo vapor. Entretanto, aumenta o número de portadoras mulheres e de recém-nascidos soropositivos.
1996
O coquetel - combinação de diferentes drogas para inibir o vírus - começa a ser aplicado em larga escala. O governo brasileiro regula o acesso a esses remédios e registra o aumento dos casos no interior do país e entre as classes sociais menos favorecidas.
2000
Um ano depois da boa-nova de que o número de mortes em decorrência da aids havia caído pela metade, uma notícia triste: a incidência entre as mulheres, que antes era de uma infectada para 25 homens, passa a ser de uma para cada dois homens.
2003
O Brasil recebe um prêmio de 1 milhão de dólares de uma fundação americana por suas ações de combate ao HIV. O número de soropositivos em tratamento chega a 150 mil no país.
2011
Em seu último boletim epidemiológico, o Ministério da Saúde chama a atenção para o aumento da incidência do mal entre jovens com idade entre 15 e 24 anos. Desde 1980, o número de casos passa dos 600 mil
 

domingo, 2 de dezembro de 2012



Uma dieta equilibrada é arma essencial nessa luta, lembra Luiz Paulo Kowalski, cirurgião oncológico do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista. "O consumo de frutas e verduras protege contra o câncer", diz o médico. "Por outro lado, pessoas que comem churrasco ou carne grelhada mais de quatro vezes por semana têm maior risco de desenvolver a doença." A justificativa está na fumaça, cujos agentes cancerígenos ficam impregnados na carne. Não é o caso de limar da agenda o famoso churrasquinho com os amigos — o segredo está no equilíbrio. Outro fator que conta, e muito, para fechar as portas aos agressores é não se descuidar da higiene. Escova e fio dental, já se sabe, precisam entrar em ação pelo menos três vezes ao dia. "Mas é preciso evitar o uso indiscriminado de enxaguatórios bucais com álcool na fórmula. Eles podem disparar o problema", alerta Kowalski.

O exame clínico ainda é a melhor forma de flagrar alterações que podem ser sinal de perigo, mas pesquisadores buscam na tecnologia um apoio para a tarefa. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, está em teste há um ano um aparelho chamado Velscope (Visually Enhanced Lesion Scope). "Ele é um coadjuvante no diagnóstico", apressa-se a dizer Celso Augusto Lemos Júnior, que supervisiona o trabalho e é presidente da Sociedade Brasileira de Estomatologia. "Os feixes luminosos emitidos pelo equipamento ajudam na avaliação e são eficientes na demarcação da área onde a biópsia deve ser feita."

O mais importante da pesquisa, na opinião de Celso Lemos, é jogar luz sobre o assunto para reforçar a prevenção: apagar o cigarro de vez, diminuir o consumo de álcool e usar protetor labial, evitando os estragos da ação do sol. Já para vencer um dos protagonistas dessa história, o HPV, não tem acordo: sexo oral, só com camisinha. Até porque a vacina contra esse vírus, recomendada há algum tempo para garotas a partir de 9 anos, só recentemente foi aprovada também para meninos. Ou seja, serão necessários anos até que os primeiros resultados apareçam. E não é nada esperto se expor ao inimigo quando se sabe a estratégia para fazê-lo recuar.



sábado, 1 de dezembro de 2012



Estatísticas mundiais mostram que a incidência de câncer na boca tem crescido no planeta, principalmente entre adultos jovens. O grande responsável pelo aumento entre essa turma é o vírus HPV. A explicação, segundo o Instituto Nacional de Câncer, o Inca, teria a ver com os hábitos sexuais. Os outros dois vilões são o álcool e o cigarro — quando essa dupla maligna atua em conjunto, o risco de o problema dar as caras é 30 vezes maior. A boa notícia é que o diagnóstico precoce da doença eleva as chances de cura. Para isso, devem entrar em cena dentistas e médicos.

Esse foi um dos objetivos de um projeto realizado no Ceará e finalista na categoria Políticas Públicas do Prêmio SAÚDE 2011. "Criamos o programa porque estávamos cansados de receber pacientes com a doença avançada a ponto de não ser possível operar", explica Fabricio Bitu, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará e coordenador da força-tarefa idealizada para conter o avanço da doença no estado. "Esses tumores são comuns em pessoas de baixa instrução e renda, com dificuldade de acesso aos serviços de saúde", continua o dentista.

A solução foi criar uma rede de diagnóstico e rastreamento que, desde 2006, reúne especialistas também da Universidade de Fortaleza, da Secretaria Estadual de Saúde, do Conselho Regional de Odontologia e da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza — e já atendeu mais de 20 mil pessoas.

A equipe é formada por dentistas de especialidades como patologia, cirurgia, epidemiologia, além de cirurgiões médicos e estudantes. Os profissionais identificam as áreas cearenses mais impactadas pela doença, levam aos moradores dessas regiões informações sobre os fatores que provocam o mal, ensinam medidas de prevenção e realizam exames detalhados. Quando necessário, os pacientes são encaminhados para as grandes cidades, em especial Fortaleza.




Quando esses marcadores estão em níveis exagerados, a probabilidade de desenvolver a DRC é ainda maior. Além da aterosclerose, a formação de placas de gordura, sobretudo na artéria renal, há uma sobrecarga do trabalho de filtração dos rins. "E a incidência dessas duas doenças vem aumentando nos últimos anos, algo agravado pelo envelhecimento da população, além de sedentarismo e obesidade", diz Gianna Mastroianni. Nos casos em que o estrago já foi feito, a primeira medida é ficar de olho na pressão e no diabete.

De bem com a balança
Manter-se no peso ideal também é uma regra de ouro para seguir com os rins a mil. Indivíduos com o índice de massa corporal (IMC) nos parâmetros saudáveis ficam protegidos dos pés à cabeça e, nesse pacote de benesses, os filtros naturais saem ganhando. "Hoje em dia, existe uma epidemia mundial de obesidade. O excesso de peso leva à hipertensão e ao diabete. Quando hábitos saudáveis são adquiridos, o risco de sofrer com um problema no rim é bem menor", destaca o nefrologista Nestor Schor, da Universidade Federal de São Paulo.

Alimentação equilibrada, rins a salvo
Tomar cuidado com o excesso de gordura e ingerir alimentos ricos em vitaminas e fibras vai colaborar bastante para a manutenção das funções renais. Quando o indivíduo já sofre com a DRC, é provável que seja obrigado a fazer algumas mudanças em seu cardápio. "Aí é importante adotar uma dieta com menor quantidade de proteína para evitar a sobrecarga renal", afirma Marcos Vieira. Esse menu deve ser avaliado pelo médico e por um nutricionista.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012


E se a pessoa descobrir que seus rins não estão trabalhando como deveriam? "Ela precisa se consultar periodicamente com um nefrologista, fazer exames com regularidade, cuidar muito bem da pressão arterial e da glicemia, além de outras modificações que ocorrem na doença renal, como mudanças nos níveis de cálcio e fósforo", atesta Marcos Vieira, diretor clínico da Fundação Pró-Rim, em Santa Catarina. 

Nos casos em que a DRC progrediu além da conta e os rins perderam grande parte de sua capacidade de eliminar a sujeira do organismo, o indivíduo pode optar por dois caminhos: receber o rim de algum doador compatível ou seguir para a diálise. "Ok, alguns pacientes não têm condições clínicas de realizar um transplante. Mas, nos demais, esse é o tratamento de preferência", esclarece Vieira. 

No entanto, a ausência de alguém que esteja apto a doar um de seus rins faz com que a maioria dos convalescentes siga para a hemodiálise, quando uma máquina substitui as principais funções que eram realizadas pelo aparelho excretor. Algumas atitudes simples podem eliminar muitos desses transtornos. Confira a seguir como manter essa dupla a todo vapor


Apenas 150 gramas muito bem distribuídos em 12 centímetros de altura (clique na imagem para conferir a explicação) — parece pouco, principalmente quando comparados a pulmões e fígado. Porém, os rins são responsáveis por funções vitais no organismo. E, quando esses pequenos notáveis convalescem, é encrenca na certa: a doença renal crônica (DRC), mal que não costuma avisar sobre sua existência, destrói as estruturas renais até chegar ao ponto em que o órgão para de funcionar.

"DRC é o termo que se refere a todas as doenças que afetam os rins por três meses ou mais, o que diminui a filtração e afeta algumas de suas atribuições", explica a nefrologista Gianna Mastroianni, diretora do Departamento de Epidemiologia e Prevenção da Sociedade Brasileira de Nefrologia. O problema é tão sério que renomadas instituições brasileiras criaram a campanha Previna-se, vencedora do Prêmio SAÚDE 2011 na categoria Saúde e Prevenção. "Nem sempre as doenças renais têm sintomas. Em muitos casos, o indivíduo não percebe e o diagnóstico é feito com atraso", completa Gianna.

Apesar de ser caracterizada como uma doença silenciosa, a DRC pode dar alguns sinais. No entanto, quando eles aparecem, costuma ser tarde demais. "O rim é um órgão muito resistente, e esses sintomas só vão se manifestar nos estágios 4 e 5 do problema, quando ele está muito avançado", conta o nefrologista Leonardo Kroth, da Sociedade Gaúcha de Nefrologia. Além de só surgirem em situações extremas, muitas dessas manifestações tendem a ser confundidas com outras enfermidades. Daí a importância de sempre visitar o médico e pedir os exames que detectam as alterações indesejadas nos filtros do corpo humano.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012



A receita para a garotada desfrutar de toda essa blindagem proporcionada pela vitamina D é simples e gratuita: são necessários apenas alguns minutos de exposição ao sol. Mas você, pai ou mãe, com certeza deve se questionar: os raios solares são acusados de favorecer males como o câncer de pele, certo? Certíssimo. Mas, para prevenir essa ameaça, basta incentivar seu filho a se valer do protetor solar. "O uso do produto não impede a síntese do nutriente", garante o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, vencedor do Prêmio SAÚDE em 2008.

O fato é que não existem muitas alternativas ao sol quando o assunto é vitamina D. Alguns alimentos até fornecem pitadas da substância, caso de peixes como salmão e sardinha. Em meados de 1930, alguns países europeus começaram a fortificar pães, manteiga e afins com o nutriente. Essa medida foi tão eficaz que deu um fim ao raquitismo, carência da vitamina que provoca uma mineralização insuficiente dos ossos. O problema é que, passado algum tempo, o processo de suplementação deixou de ser monitorado e uma quantidade excessiva da vitamina foi acrescida ao leite, deflagrando casos de intoxicação em adolescentes. Resultado: a fortificação ficou meio de escanteio em quase todo o mundo, inclusive no Brasil.

De qualquer forma, rechear o cardápio da garotada com as parcas fontes da vitamina D disponíveis nas gôndolas dos supermercados não deixa de ser uma boa pedida — alguns especialistas acreditam que 10% do valor diário recomendado de ingestão da vitamina, algo em torno de 1,5 micrograma ou três copos de 250 mililitros de leite integral, seja obtido por meio da alimentação. Tudo para que o futuro da saúde do seu filho seja ensolarado.




Um banho de sol vale muito mais do que um belo bronzeado. Os raios do astro rei também garantem a dose certa de vitamina D, substância fundamental para o crescimento do esqueleto, sobretudo na adolescência. Mas um trabalho da Universidade de São Paulo em parceria com a Universidade Federal de São Paulo alerta: os níveis dessa vitamina estão aquém do desejável nos adolescentes. No estudo, que foi finalista do IV Prêmio SAÚDE, a nutricionista Bárbara Peters, da USP, e seus colegas da Unifesp Lígia Martini e Mauro Fisberg analisaram as taxas do nutriente em um grupo de 136 jovens de Indaiatuba, no interior paulista.

Com idade entre 12 e 18 anos, todos os voluntários teens estavam com a saúde em dia. Mas no quesito vitamina D os resultados foram preocupantes: 62% dos avaliados apresentaram níveis baixos do nutriente, uma incidência espantosamente alta para um país ensolarado como o Brasil. "Talvez essa carência se justifique porque as pessoas adotaram hábitos que diminuem seu tempo ao ar livre", especula Lígia Martini. E com a moçada não é diferente. Em uma era em que a diversão muitas vezes se resume ao bate-papo na internet e aos jogos de videogame, milhares de jovens preferem a comodidade do quarto a uma aventura a céu aberto.

IMPRESCINDÍVEL PARA OS JOVENS



"A vitamina D é importantíssima na adolescência, época em que há um maior desenvolvimento ósseo", afirma Bárbara Peters. É aí que ocorre o chamado estirão, período que define a estatura de um indivíduo. Isso só é possível porque a tal da vitamina retém e armazena cálcio e fósforo no sangue. Ela atua no intestino, onde regula a absorção daqueles minerais (veja o infográfico na página seguinte). Assim, o corpo não precisa buscá-los nos ossos, poupando o esqueleto e mantendo-o sempre forte. 


quarta-feira, 28 de novembro de 2012








Por falar em cérebro, um trabalho recémsaído do forno concluiu que a vitamina C também é uma beleza para afastar a ameaça da doença de Alzheimer. No projeto assinado por especialistas da Universidade de Ulm, na Alemanha, 74 pacientes com leve comprometimento nas funções cognitivas foram comparados a 158 pessoas saudáveis. Todos beiravam os 80 anos de idade. Foi observado, então, que aqueles prestes a desenvolver a enfermidade tinham quantidades bem menores de betacaroteno e vitamina C passeando pelo corpo. Curioso é que outras substâncias antioxidantes, a exemplo de licopeno e vitamina E, apareceram em taxas similares nas duas turmas. "Nossa pesquisa ainda não nos permite definir o que seria uma ingestão conveniente", diz Gabriele Nagel, uma das autoras. "Porém, sabemos que a maioria da população não segue a recomendação oficial de consumo de frutas e de outros vegetais", reflete. 

A realidade no Brasil não é muito diferente. É que nem todo mundo investe nesses grupos alimentares como deveria - os órgãos de saúde indicam cinco porções por dia. Isso acaba refletindo nos níveis de ácido ascórbico no sangue, já que o nutriente é detectado especialmente em frutas e companhia. "Estudos demonstram que a baixa ingestão de vitamina C é muito comum por aqui, chegando a ficar em 80% do ideal", confirma a nutricionista Cristiane Cominetti, professora da Universidade Federal de Goiás, a UFG. 

Felizmente, uma boa alimentação supre a carência de vitamina C. Além de manter a pressão sob controle e o cérebro afiado, há indícios de que o nutriente auxilia na prevenção da osteoporose. Para chegar a tal relação, estudiosos do Mount Sinai Hospital, nos Estados Unidos, fizeram o seguinte: primeiro, tiraram os ovários de uma parte de fêmeas de camundongos - condição que reduz a produção hormonal e abala os ossos. Depois, elas foram divididas em dois grupos. Só um recebeu bastante vitamina C durante oito semanas.

terça-feira, 27 de novembro de 2012


Uma goiaba - é o que basta para ingerirmos a quantidade diária de vitamina C preconizada por órgãos americanos e válida também aqui, no Brasil. Ou seja, 75 miligramas para mulheres e 90 miligramas para homens. Porém, para Balz Frei, pesquisador do Instituto Linus Pauling, nos Estados Unidos, esse valor não é apropriado. Em artigo publicado na revista Critical Reviews in Food Science and Nutrition, ele defende que a dose do nutriente para um adulto salte para 200 miligramas - nas imagens que acompanham esta reportagem, você vê como é fácil atingir a cota. "A vitamina C age como um potente antioxidante no corpo, além de interferir na produção de óxido nítrico. Essas propriedades são importantes para o controle da pressão arterial, evitando infarto e derrame", alega Frei. "Se a recomendação aumentar, essa ação seria otimizada", defende. Desvendamos por que a vitamina C merece tanto destaque no cardápio e qual o limite para não cair em armadilhas.
Ranking dos 75 alimentos para alcançar essa meta

Cientistas da conceituada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, divulgaram uma revisão de 29 estudos que avaliaram a pressão dos voluntários e também o consumo de ácido ascórbico - a alcunha mais formal da vitamina C. Eles perceberam, ao final da análise, que a ingestão média de 500 miligramas da substância estava associada a uma queda de 3,8 milímetros de mercúrio na pressão arterial dos participantes. Alguns medicamentos, a título de comparação, fazem essas taxas caírem 10 milímetros de mercúrio.

"Ao analisar pessoas que já apostavam em suplementação antes da pesquisa e, por isso, tinham muita vitamina C percorrendo o corpo, vimos que doses extras não trouxeram benefícios", ressalva Stephen Juraschek, principal autor da revisão. Na prática, isso sugere que quantidades mais modestas, como 200 miligramas, já seriam capazes de fazer a pressão cair - desde que consumidas regularmente, é claro. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Você sabe que o consumo excessivo de açúcar é prejudicial para o nosso corpo. Mas, muita gente esquece que ele não aparece apenas nas colheradas que colocamos no cafezinho ou em um suco, mas está presente em muitos alimentos. Por isso, muitas vezes consumimos glicose sem nem perceber. Descubra quanto açúcar você consume em alguns produtos:
- 1 colher de sopa de achocolatado = 1 colher de sopa de açúcar.
- 1 bala de caramelo = 1 colher de sopa de açúcar.
- 1 copo de iogurte de frutas = 2 colheres de sobremesa de açúcar.
- 1 barrinha de cereal = ½ colher de sopa de açúcar.
- 1 lata de refrigerante de cola = 2 colheres de sopa de açúcar.
- 3 esfirras de carne moída = 1 colher de sopa de açúcar.
Esses exemplos mostram que o açúcar está “escondido” mesmo em alimentos que não são doces. Por isso, atenção, uma dieta balanceada e sem excessos é fundamental para manter uma vida com saúde.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Em março, a Organização Mundial da Saúde divulgou um aviso sobre o uso de substâncias que combatem as bactérias - o mundo enfrenta uma crise de resistência aos antibióticos. Até certas doenças já relativamente controladas, como a tuberculose, podem se transformar em pandemias se nada for feito. Por isso que, para desenvolver suas defesas e, assim, não necessitar de antibióticos a toda hora, os pequenos precisam entrar em contato com a vitamina "S" , de sujeira. "As crianças devem viver em um ambiente em que criem um sistema imune forte", arremata o pediatra Fabio Ancona Lopez. 

Nos Estados Unidos, os pediatras prescrevem mais de 10 milhões de frascos de antibióticos desnecessários todos os anos 

Doping animal 
As pesquisas americanas partiram da observação de uma prática bem comum em fazendas: os antibióticos fazem parte do cardápio de diversos animais de abate, como vacas, ovelhas, porcos e galinhas, porque fazem esses bichos ganharem peso mais rápido, alavancando a produção de carne. A fórmula empregada para deixá-los rechonchudos é praticamente a mesma dos remédios disponibilizados para os seres humanos. 

O tamanho do problema
Um artigo recente escancarou que o uso desse tipo de remédio ainda é exagerado no Brasil, principalmente na infância

39,7% das crianças com um problema de saúde qualquer saem da consulta com a receita de um antibiótico. 

89,1% dos casos de prescrição de antibiótico foram feitos por análise clínica, sem nenhum exame complementar. 

62,7% das doses receitadas dessa modalidade de remédio estavam acima ou abaixo do que é recomendado atualmente. 

Dados retirados do estudo "Prescrições Pediátricas em uma Unidade Básica de Saúde do Sul de Santa Catarina: Avaliação de Uso de Bacterianos", da Universidade do Sul de Santa Catarina. 

design Vanessa Kinoshita e Laura Salaberry | produção Andrea Silva | modelo Jorge Ruiz (Agência Typos)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


O médico escocês Alexander Fleming (1881-1955) revolucionou a medicina quando encontrou, em 1928, uma maneira de combater as infecções bacterianas, verdadeiras epidemias que, até então, não tinham adversários à altura. Seu grande achado foi a penicilina, o primeiro antibiótico do mundo, que culminou no desenvolvimento de vários outros ao longo dos anos. Passadas mais de oito décadas, os frutos de sua descoberta inicial foram associados, agora de maneira negativa, a mais um surto: o da obesidade infantil. 

O alerta vem da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, onde um trabalho avaliou mais de 11 mil meninas e meninos nascidos entre 1991 e 1992. Segundo os especialistas, a prescrição de antibióticos antes dos 6 meses de idade patrocinou o surgimento de gordurinhas poucos anos depois. "As crianças que tomaram esses medicamentos apresentaram um risco 22% maior de ficar acima do peso", revela o pediatra Leonardo Trasande, autor da investigação. 

Outro experimento da mesma instituição reforça a tese. Nele, ratos jovens receberam doses de antibiótico junto com a refeição. Após algumas semanas, as cobaias tiveram um aumento de 15% na gordura corporal. "Ao que tudo indica, os remédios alteraram a flora intestinal, elevando o aproveitamento das calorias dos alimentos", explica o gastroenterologista Ilseung Cho, líder do estudo. Os antimicrobianos também favoreceram a reprodução de bactérias que incentivam o organismo a diminuir o gasto energético. "Esse processo é mais intenso nos primeiros anos de vida, fase em que o sistema digestivo engatinha", acrescenta a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. 

Esses artigos ganharam destaque dentro da comunidade científica por serem os primeiros a relacionar antibióticos com sobrepeso, principalmente em uma etapa da vida em que o corpo está em plena formação. Alguns levantamentos já tinham até comprovado que as mudanças na flora intestinal levam à obesidade. "Mas as pesquisas americanas foram pioneiras por advertirem que esses medicamentos são desencadeadores do processo", acrescenta o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

Os estudos da Universidade de Nova York engrossam um coro cada vez mais forte de entidades que lutam por uma prescrição consciente. "Existem vários fatores que levam ao exagero na indicação dos remédios que matam as bactérias", atesta o pediatra Fábio de Araujo Motta, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. O principal deles é a pressão dos pais. "As pessoas pensam que, se o médico não lançar mão de um fármaco, ele não está fazendo seu trabalho direito", lamenta. 

É fundamental ressaltar também que o modelo de atendimento rápido, por meio de prontos-socorros, impossibilita o tratamento adequado. "O médico que faz as consultas nesses locais dificilmente conhece o histórico do paciente. Portanto, ele prefere não arriscar, recomendando de cara o uso de uma substância antibactérias", critica Fabio Ancona Lopez, pediatra do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
 

A DEFESA 
O leite é essencial em qualquer idade, afirma, contundente, a nutricionista Mariana Del Bosco, de São Paulo. A bebida é uma ótima fonte de proteína a do seu soro reforça as defesas. E, comparado com o cálcio de outros alimentos, como os brócolis, o do leite e de seus derivados é o mais bem absorvido pelo corpo humano. O leite só deve ser evitado em caso de alergias, que são mais comuns na primeira infância, opina Mariana. As reações alérgicas, aliás, tendem a regredir com o tempo. Isso também vale para a intolerância à lactose. Quem sofre do problema, 25% da população, não produz lactase, enzima que quebra esse açúcar. Assim, ele chega intacto ao intestino grosso onde é fermentado por bactérias, diz a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes. Resultado: gases. O mal-estar, dizem, tem a ver com a herança genética: povos que não domesticavam o gado, como os africanos, têm maior dificuldade com essa enzima. Por fim, o ser humano não é o único mamífero que bebe leite depois de adulto. Um gato crescido, por exemplo, também toma diz. Aliás, o ser humano é o único que come carne cozida ou duas frutas a um só tempo. Usar a comparação com outras espécies para falar do leite seria condenar, com o mesmo argumento, o bife grelhado e uma vitamina batida com laranja. 

A ACUSAÇÃO
Já foram estudadas mais de 25 frações protéicas alergênicas no leite de vaca, contra-ataca a nutricionista Denise Carneiro Madi, de São Paulo. A principal vilã dessa história seria a betalactoglobulina, uma proteína que não existe no leite humano. Quando o organismo não digere uma proteína completamente, passa a reconhecê-la como algo estranho, explica a especialista, uma das mais ferrenhas críticas do consumo do alimento. Aí, começa a produzir substâncias para combatê-la. É o início de um processo inflamatório que pode se desenvolver em várias locais do corpo, como estômago, esôfago e até mesmo no ouvido. Se o leite é consumido com freqüência e em grande quantidade, essa inflamação se torna crônica. A histamina, substância liberada nessa situação, dificultaria o trabalho da serotonina, composto por trás da sensação de bem-estar. Com isso, a ansiedade iria às alturas e, para compensar esse quadro, o indivíduo passaria a comer carboidratos no início da noite. Nem mesmo os derivados da bebida escapam da sina. Muito menos os produtos que têm ingredientes lácteos na sua receita. Ou seja, não bastaria deixar de tomar leite. O certo seria abandonar a pizza de mussarela, o cheesebúrguer, o iogurte.

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Alérgicos a proteínas desse alimento, intolerantes à lactose e vegetarianos precisam redobrar a atenção quanto à necessidade diária de cálcio, já que não costumam ingerir a principal fonte do mineral. Para suprir a demanda, já se encontram no mercado preparos à base de soja enriquecidos com o nutriente. Mulheres na menopausa que apresentam perda de massa óssea também devem fi car de olho no cálcio. "Nesse caso, indicamos produtos lácteos ou extratos de soja enriquecidos", diz a especialista em ciência dos alimentos Simone Freire. E a suplementação, quando ela merece ser receitada? Apesar de estudos apontarem o benefício dos suplementos de cálcio na perda de peso, os especialistas acreditam que o uso deve ser restrito a quem tem grave defi ciência do mineral. Até porque as cápsulas podem oferecer riscos. Pesquisas indicam que entre os idosos que usaram a suplementação para inibir a osteoporose se registrou uma maior probabilidade de ataques cardíacos — um tiro, portanto, pela culatra. A mensagem, então, é consultar um médico ou nutricionista antes de recorrer ao produto.
 
 
Cálcio, o protagonista

Ele é indispensável a uma série de funções vitais

CORAÇÃO PROTEGIDO
O mineral aprimora o aproveitamento da glicose, o combustível das células, ajuda a controlar a pressão e a regular o peso corporal.

MÚSCULOS EM MOVIMENTO 
O nutriente participa ativamente da contração dos músculos esqueléticos, os responsáveis por nossos movimentos voluntários.

OSSOS FORTES 
O cálcio compõe 99% da nossa estrutura óssea. Por isso, o aporte da substância é essencial para evitar doenças como osteoporose e reduzir o risco de fraturas ao longo da vida.

CÉREBRO A MIL 
Ele atua em mecanismos dentro dos neurônios que garantem a transmissão dos impulsos nervosos. Isso mantém o cérebro funcionando.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Ele é um dos mais completos alimentos do planeta. Saiba quais os principais benefícios de seus nutrientes ao organismo

LIPÍDEOS
Alguns de seus componentes, caso de uma substância chamada esfingomielina, apresentariam propriedades anticâncer.

CLA (ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO) Tem sido cada vez mais considerado um potente agente antiobesidade porque facilitaria a redução dos estoques de gordura do organismo.

VITAMINAS As principais — B2, A, D e biotina — participam de importantes funções celulares, preservam a saúde dos olhos, mantêm a vitalidade do tecido ósseo e ainda combatem radicais livres, moléculas por trás de problemas como o câncer.

MINERAIS Depois do cálcio, o mais expressivo é o fósforo, que contribui para a solidez dos ossos e dos dentes, assim como ajuda a brecar a perda da massa óssea.

PROTEÍNAS Atuam na formação e na restauração da massa muscular. Algumas delas contam com partículas capazes de promover a dilatação dos vasos sanguíneos, normalizando a pressão arterial.

CARBOIDRATOS O destaque, nesse caso, é a lactose, o açúcar do leite. Além de abastecer de energia o organismo, ela potencializa a absorção do cálcio.

 
O mineral durante a vida

Confira quanto precisamos diariamente de cálcio ao longo dos anos

0 a 6 meses
210 mg

7 meses a 1 ano
270 mg

1 a 3 anos
500 mg

4 a 8 anos
800 mg

9 a 18 anos
1 300 mg

19 a 50 anos
1 000 mg

51 anos ou mais
1 200 mg

Gestantes ou
lactantes até 18 anos
1 300 mg

Gestantes ou
lactantes acima
de 18 anos
1 000 mg
 

Note: os produtos lácteos proporcionam um maior aproveitamento do mineral

1- Queijo cheddar
(2 colheres de sobremesa)
Teor de cálcio: 303 mg
Absorção: 97,2 mg

2- Leite (1 copo grande)
Teor de cálcio: 300 mg
Absorção: 96,3 mg

3- Iogurte (1 pote)
Teor de cálcio: 300 mg
Absorção: 96,3 mg

4- Couve
(2 colheres de salada)
Teor de cálcio: 61 mg
Absorção: 30,1 mg

5- Feijão-branco
(4 colheres de sopa)
Teor de cálcio: 113 mg
Absorção: 24,7 mg

6- Brócolis (3 fl ores)
Teor de cálcio: 35 mg
Absorção: 21,5 mg

7- Feijão-vermelho
(5 colheres de sopa)
Teor de cálcio: 40,5 mg
Absorção: 9,9 mg
 

domingo, 18 de novembro de 2012


Não há dúvidas de que abusar da gordura saturada seja perigoso ao coração. E o leite, em sua versão integral, também carrega a tal da substância. Mas os especialistas se apressam em defendê-lo: é possível, sim, degustá-lo sem riscos dentro de um cardápio equilibrado. "O leite e seus derivados são necessários para um estilo de vida saudável, e nosso organismo precisa de pelo menos 7% das calorias vindas da gordura saturada", afirma o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo. "Há alimentos muito mais gordurosos do que o leite que, esses sim, devem ser restritos na dieta, como biscoitos e embutidos", diz a nutricionista Simone Freire, especialista em ciência dos alimentos, de São Paulo.

Para reforçar as vantagens oferecidas pelos lácteos ditos gordos, um estudo da Escola de Saúde Pública Harvard, nos Estados Unidos, acaba de destacar o papel protetor de um tipo de ácido graxo típico do leite integral: o ácido linoleico conjugado, ou CLA. "Há evidências de que ele iniba o acúmulo de gordura e estimule o uso das reservas gordurosas como fonte de energia, facilitando a manutenção do peso", explica Edson Credídio. "No entanto, talvez o CLA seja mais eficaz para quem pratica atividades físicas."

Já deu para entender por que o leite, esse reduto versátil de cálcio, é tão importante. Mas saiba que no Brasil o consumo diário do produto não ultrapassa 50% do que seria o ideal. "As pessoas ainda trocam os lácteos por sucos artificiais e refrigerantes. E o pior é que isso tem ocorrido a partir dos 4 anos de idade, uma das fases em que mais se precisa do leite", observa Simone Freire. Essa defasagem prejudica o depósito de cálcio em crianças e adolescentes e propicia um desgaste precoce da estrutura óssea em adultos. Além disso, a carência do mineral pode ser ainda mais determinante para a hipertensão do que o próprio excesso de sal na dieta. Lembre-se de que não é difícil convidá-lo à mesa devido à variedade de ofertas: queijos, iogurtes, vitaminas... 

Só é preciso pontuar que, para aproveitar bem o cálcio, nem todo alimento pode ser consumido com o leite. Alguns nutrientes inibem a absorção do mineral pelo organismo. É o caso do excesso de cafeína e de ferro, presente na carne vermelha. Lanches abastecidos com leite ou derivados, sanduíches naturais e frutas são perfeitos para ingerir ao menos duas horas antes ou depois do almoço e do jantar — refeições que costumam ser contempladas com um bife. O sal também compete com o cálcio. "O sódio em excesso fi ca circulando no sangue e, quando encontra o cálcio nos rins, é capaz de expulsá- lo pela urina", explica Simone. 

Ah, nem pense que é possível eliminar a hipertensão investindo em mais cálcio do que o recomendado. "O corpo se autorregula. Se o consumo do mineral é muito alto, sua absorção diminui", avisa Mariana Del Bosco. Existe também um mecanismo de compensação pelo qual o nutriente é mais absorvido nas dietas em que não aparece em grandes quantidades. Exagerar, portanto, é um ledo engano. A receita certa exige que a gente dose bem os alimentos, sempre concedendo um bom espaço à turma do leite. O coração agradece.


Nos últimos anos, inúmeras pesquisas apontaram o leite como um vilão do organismo. Ele foi incriminado por causar alergias em pessoas sensíveis a suas proteínas e desconforto intestinal em quem tem a chamada intolerância à lactose, o açúcar da bebida. Em tempos dominados por produtos light, até a gordura do leite e de seus derivados se tornou um entrave à dieta. Mas, na contramão, os especialistas começam a fazer justiça e se render aos estudos que comprovam as benesses e a complexidade nutritiva dos alimentos lácteos — principalmente quando o assunto é proteger o coração. 

De um trabalho recente da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, vem o argumento de que esses produtos ajudam a equilibrar a pressão arterial. Um dos responsáveis pelo benefício seria um peptídeo, um pedaço da proteína do leite, capaz de anular uma enzima que provoca o estreitamento dos vasos sanguíneos — o estopim para a hipertensão. Salvas do aperto, as artérias se dilatam e liberam a circulação. "Os peptídeos presentes na caseína — que representa 80% das proteínas do leite — e também nas outras proteínas do soro do produto têm um potente efeito de inibição dessa enzima", afi rma o nutrólogo paulista Edson Credídio, autor do livro Leite, o Elixir da Vida (Editora Ottoni).

Já uma revisão conduzida por estudiosos da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo constata que o consumo rotineiro das versões mais magras dos produtos lácteos, como o leite desnatado e o queijo branco, está ligado a uma queda na incidência de hipertensão e diabete tipo 2. Tamanha vantagem seria proporcionada por um ingrediente fornecido em abundância pelo leite e seus derivados, sobretudo os tipos dotados de baixos teores de gordura: o cálcio. Pois é, sua importância vai além da tarefa de conservar o esqueleto. No artigo assinado pelos experts brasileiros, ficou registrado que o mineral contribui com a vasodilatação, melhora o aproveitamento da glicose e favorece o equilíbrio do peso corporal. São motivos sufi cientes para acreditar que o cálcio é um amigo do peito.

Para desfrutar dos benefícios do cálcio, recomenda-se incluir na rotina de três a quatro porções diárias de leite ou derivados que correspondam, no total, a um volume de mil a 1 300 miligramas do mineral. Para você ter uma ideia, 240 gramas de leite integral ou iogurte, quantidade equivalente a dois copos americanos, oferecem 300 miligramas de cálcio. Embora alimentos como couve e feijão também forneçam o nutriente, os lácteos são os que proporcionam sua melhor absorção. O leite desnatado e o queijo branco contêm volume de cálcio ligeiramente menor que os tipos integrais, mas, ao priorizá-los na dieta, estamos excluindo a gordura saturada, que não é bemvinda porque eleva o risco cardiovascular e colabora com os quilos extras.

"Um dos mecanismos que justificam a relação mais cálcio/menos peso é a capacidade que o mineral tem de atuar dentro da célula de gordura, provocando sua quebra e diminuindo seu acúmulo no organismo", explica a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. O nutriente também seria capaz de formar um complexo com parte dos lipídeos provenientes do cardápio, expulsando-os por meio das fezes. E ainda reduziria o acúmulo de energia na forma de gordura porque contribui com a liberação de calor, aumentando o gasto calórico, e otimizaria o uso da insulina, hormônio que regula o apetite.

sábado, 17 de novembro de 2012


Se do ponto de vista nutricional o microondas maltrata um pouco os vegetais, o leite fica bem mais preservado, ainda segundo a investigação de Adriana e Fisberg. Quando aquecido no fogão convencional, o alimento perde vitaminas do complexo B, como piridoxamina e piridoxal, formas ativas do grupo B6. Já sob o efeito das microondas, em dois minutos e meio há uma redução de 36% de vitamina C, enquanto os teores de vitamina E e de riboflavina, uma vitamina do complexo B, se mantêm inalterados. Porém, após quatro minutos no micro, evapora-se a maior parte de tiamina, outro nutriente do mesmo grupo, presente no leite desnatado e nos do tipo integral esterilizado. Quanto às fórmulas infantis, sossegue: a riboflavina e a vitamina C não vão embora. Até porque ninguém oferece ao filho uma fórmula dessas pelando.
Outro malefício comumente atribuído ao microondas é de natureza físico-química: o calor ali produzido derreteria os plásticos, liberando substâncias cancerígenas, como as dioxinas. Isso acontece, sim. “Mas a culpa não é do eletrodoméstico, e sim de quem usa recipientes feitos com materiais impróprios para aquecimento”, afirma Marco Aurélio De Paoli, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Que não restem dúvidas: só utensílios específicos para o micro são inócuos para a saúde. Quanto às demais mensagens em tom alarmista que se difundem com velocidade na internet, o bom senso recomenda: não dê crédito, pois nada é o que parece ser. Pelo menos até prova em contrário.


Essa preciosa substância também ajuda na circulação nos membros inferiores
 
 O nutriente já é bem conhecido por facilitar a absorção do cálcio e do fósforo pelos ossos, mas pouca gente conhece esta sua outra qualidade: ele contribui para a passagem do sangue pelas pernas e pelos pés. Isso reduz os riscos da doença arterial periférica, capaz de levar ao infarto, ao derrame e até a amputações encrencas causadas pelo estreitamento dos vasos dos membros inferiores.

O achado é de pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, nos Estados Unidos, que analisaram fichas médicas de quase 5 mil adultos americanos. Ainda é cedo para afirmar que a vitamina D, por si só, tenha o efeito protetor, mas essa é, sim, uma hipótese, disse a SAÚDE a cardiologista Michal Melamed, líder da pesquisa.
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


A notícia deve ter azedado o café da manhã de muita gente Brasil afora: o leite nosso de cada dia foi submetido a um batismo químico. O escândalo veio à tona após uma operação da Polícia Federal, ironicamente denominada Ouro Branco, revelar que o leite longa-vida produzido por duas cooperativas de Minas Gerais seria batizado, termo que, no jargão da indústria, designa nada mais, nada menos do que adulteração. Nessa malandragem, proibida por lei, acrescentam-se substâncias como hidróxido de sódio, a popular soda cáustica, e água oxigenada à bebida láctea sem falar no soro do leite, na sacarose
Ao se deteriorar, o leite se torna ácido, conta o farmacêutico bioquímico Elizeu Antonio Rossi, da Universidade Estadual Paulista em Araraquara. Daí, como a soda cáustica é alcalina, ela neutralizaria a acidez, evitando a recusa pelas fábricas. Isso não altera o sabor nem a aparência do leite, diz Rossi. O outro ingrediente da trapaça, a água oxigenada, entraria em cena para dar um fim às bactérias, que se multiplicam a toda quando o líquido não se encontra apropriadamente refrigerado. Assim, quando elas digerem a lactose, o açúcar natural desse alimento, produzem um ácido conhecido como láctico e inicia-se assim o ciclo do azedume.
 Essas substâncias, em si, não representaram grande risco à saúde de quem, desavisado, tomou um péssimo leite. Isso porque as doses usadas na fraude são irrisórias. Nesses teores, a soda cáustica é inativada pelo ácido clorídrico produzido pelo estômago, explica Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. A questão é outra: a soda cáustica destrói o cálcio, afirma a nutricionista Andréa Esquivel, professora da Universidade Norte do Paraná. Quanto à água oxigenada, por ser pra lá de instável, se degrada em água e oxigênio muito antes de causar dano. No entanto, o clima de suspeita não se dissipou: dá para tomar o leite de caixinha com segurança? Ou o pasteurizado, vendido na garrafa plástica, é a melhor opção? SAÚDE! investigou.
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande fornecedor de proteínas, cálcio e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de consumir leite longa-vida.
 
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande fornecedor de proteínas, cálcio e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de consumir leite longa-vida.
O que pesa pra valer é que as altas temperaturas podem comprometer um aminoácido essencial fornecido pelo leite, a lisina, que tem a função de reparar tecidos. "O ser humano não a sintetiza. Assim, ela deve ser obtida por meio de alimentos", revela Rossi. "A lisina, porém, não é totalmente destruída durante o processo UHT, até porque ele é muito rápido." Mas, sim, existe uma pequena perda. Quanto aos lactobacilos, o especialista esclarece: "Nem todos fazem tanta diferença para a nossa saúde". Boas doses desses microorganismos do bem podem ser ainda encontradas nos iogurtes ou leites fermentados.
Outra dúvida que deve passar pela cabeça de muita gente diante da gôndola do supermercado é por qual tipo optar: integral, semidesnatado ou desnatado? A nutricionista Andréa Esquivel fica com a primeira opção — integral e da pasteurizada tipo A. "Só o integral possui as vitaminas A e D, que são lipossolúveis", conta a especialista. Em outras palavras, esses nutrientes dependem de gordura para serem absorvidos pelo organismo. Para consumi-lo sem culpa na balança Andréa ensina um truque: encha um copo com 2/3 de leite e o restante de água. Será que, com isso, o sabor muda? Convidamos uma consumidora voraz de leite a fazer o teste.
Segundo a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, não há muita diferença em termos de energia entre o desnatado e o integral com adição de água — 97,6 e 84 calorias respectivamente. "A vantagem do leite integral com água é preservar a vitamina A", confirma. Diluído, ele também teria menos colesterol. Experimente. E escolha o melhor leite para você.