sexta-feira, 30 de novembro de 2012


E se a pessoa descobrir que seus rins não estão trabalhando como deveriam? "Ela precisa se consultar periodicamente com um nefrologista, fazer exames com regularidade, cuidar muito bem da pressão arterial e da glicemia, além de outras modificações que ocorrem na doença renal, como mudanças nos níveis de cálcio e fósforo", atesta Marcos Vieira, diretor clínico da Fundação Pró-Rim, em Santa Catarina. 

Nos casos em que a DRC progrediu além da conta e os rins perderam grande parte de sua capacidade de eliminar a sujeira do organismo, o indivíduo pode optar por dois caminhos: receber o rim de algum doador compatível ou seguir para a diálise. "Ok, alguns pacientes não têm condições clínicas de realizar um transplante. Mas, nos demais, esse é o tratamento de preferência", esclarece Vieira. 

No entanto, a ausência de alguém que esteja apto a doar um de seus rins faz com que a maioria dos convalescentes siga para a hemodiálise, quando uma máquina substitui as principais funções que eram realizadas pelo aparelho excretor. Algumas atitudes simples podem eliminar muitos desses transtornos. Confira a seguir como manter essa dupla a todo vapor


Apenas 150 gramas muito bem distribuídos em 12 centímetros de altura (clique na imagem para conferir a explicação) — parece pouco, principalmente quando comparados a pulmões e fígado. Porém, os rins são responsáveis por funções vitais no organismo. E, quando esses pequenos notáveis convalescem, é encrenca na certa: a doença renal crônica (DRC), mal que não costuma avisar sobre sua existência, destrói as estruturas renais até chegar ao ponto em que o órgão para de funcionar.

"DRC é o termo que se refere a todas as doenças que afetam os rins por três meses ou mais, o que diminui a filtração e afeta algumas de suas atribuições", explica a nefrologista Gianna Mastroianni, diretora do Departamento de Epidemiologia e Prevenção da Sociedade Brasileira de Nefrologia. O problema é tão sério que renomadas instituições brasileiras criaram a campanha Previna-se, vencedora do Prêmio SAÚDE 2011 na categoria Saúde e Prevenção. "Nem sempre as doenças renais têm sintomas. Em muitos casos, o indivíduo não percebe e o diagnóstico é feito com atraso", completa Gianna.

Apesar de ser caracterizada como uma doença silenciosa, a DRC pode dar alguns sinais. No entanto, quando eles aparecem, costuma ser tarde demais. "O rim é um órgão muito resistente, e esses sintomas só vão se manifestar nos estágios 4 e 5 do problema, quando ele está muito avançado", conta o nefrologista Leonardo Kroth, da Sociedade Gaúcha de Nefrologia. Além de só surgirem em situações extremas, muitas dessas manifestações tendem a ser confundidas com outras enfermidades. Daí a importância de sempre visitar o médico e pedir os exames que detectam as alterações indesejadas nos filtros do corpo humano.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012



A receita para a garotada desfrutar de toda essa blindagem proporcionada pela vitamina D é simples e gratuita: são necessários apenas alguns minutos de exposição ao sol. Mas você, pai ou mãe, com certeza deve se questionar: os raios solares são acusados de favorecer males como o câncer de pele, certo? Certíssimo. Mas, para prevenir essa ameaça, basta incentivar seu filho a se valer do protetor solar. "O uso do produto não impede a síntese do nutriente", garante o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, vencedor do Prêmio SAÚDE em 2008.

O fato é que não existem muitas alternativas ao sol quando o assunto é vitamina D. Alguns alimentos até fornecem pitadas da substância, caso de peixes como salmão e sardinha. Em meados de 1930, alguns países europeus começaram a fortificar pães, manteiga e afins com o nutriente. Essa medida foi tão eficaz que deu um fim ao raquitismo, carência da vitamina que provoca uma mineralização insuficiente dos ossos. O problema é que, passado algum tempo, o processo de suplementação deixou de ser monitorado e uma quantidade excessiva da vitamina foi acrescida ao leite, deflagrando casos de intoxicação em adolescentes. Resultado: a fortificação ficou meio de escanteio em quase todo o mundo, inclusive no Brasil.

De qualquer forma, rechear o cardápio da garotada com as parcas fontes da vitamina D disponíveis nas gôndolas dos supermercados não deixa de ser uma boa pedida — alguns especialistas acreditam que 10% do valor diário recomendado de ingestão da vitamina, algo em torno de 1,5 micrograma ou três copos de 250 mililitros de leite integral, seja obtido por meio da alimentação. Tudo para que o futuro da saúde do seu filho seja ensolarado.




Um banho de sol vale muito mais do que um belo bronzeado. Os raios do astro rei também garantem a dose certa de vitamina D, substância fundamental para o crescimento do esqueleto, sobretudo na adolescência. Mas um trabalho da Universidade de São Paulo em parceria com a Universidade Federal de São Paulo alerta: os níveis dessa vitamina estão aquém do desejável nos adolescentes. No estudo, que foi finalista do IV Prêmio SAÚDE, a nutricionista Bárbara Peters, da USP, e seus colegas da Unifesp Lígia Martini e Mauro Fisberg analisaram as taxas do nutriente em um grupo de 136 jovens de Indaiatuba, no interior paulista.

Com idade entre 12 e 18 anos, todos os voluntários teens estavam com a saúde em dia. Mas no quesito vitamina D os resultados foram preocupantes: 62% dos avaliados apresentaram níveis baixos do nutriente, uma incidência espantosamente alta para um país ensolarado como o Brasil. "Talvez essa carência se justifique porque as pessoas adotaram hábitos que diminuem seu tempo ao ar livre", especula Lígia Martini. E com a moçada não é diferente. Em uma era em que a diversão muitas vezes se resume ao bate-papo na internet e aos jogos de videogame, milhares de jovens preferem a comodidade do quarto a uma aventura a céu aberto.

IMPRESCINDÍVEL PARA OS JOVENS



"A vitamina D é importantíssima na adolescência, época em que há um maior desenvolvimento ósseo", afirma Bárbara Peters. É aí que ocorre o chamado estirão, período que define a estatura de um indivíduo. Isso só é possível porque a tal da vitamina retém e armazena cálcio e fósforo no sangue. Ela atua no intestino, onde regula a absorção daqueles minerais (veja o infográfico na página seguinte). Assim, o corpo não precisa buscá-los nos ossos, poupando o esqueleto e mantendo-o sempre forte. 


quarta-feira, 28 de novembro de 2012








Por falar em cérebro, um trabalho recémsaído do forno concluiu que a vitamina C também é uma beleza para afastar a ameaça da doença de Alzheimer. No projeto assinado por especialistas da Universidade de Ulm, na Alemanha, 74 pacientes com leve comprometimento nas funções cognitivas foram comparados a 158 pessoas saudáveis. Todos beiravam os 80 anos de idade. Foi observado, então, que aqueles prestes a desenvolver a enfermidade tinham quantidades bem menores de betacaroteno e vitamina C passeando pelo corpo. Curioso é que outras substâncias antioxidantes, a exemplo de licopeno e vitamina E, apareceram em taxas similares nas duas turmas. "Nossa pesquisa ainda não nos permite definir o que seria uma ingestão conveniente", diz Gabriele Nagel, uma das autoras. "Porém, sabemos que a maioria da população não segue a recomendação oficial de consumo de frutas e de outros vegetais", reflete. 

A realidade no Brasil não é muito diferente. É que nem todo mundo investe nesses grupos alimentares como deveria - os órgãos de saúde indicam cinco porções por dia. Isso acaba refletindo nos níveis de ácido ascórbico no sangue, já que o nutriente é detectado especialmente em frutas e companhia. "Estudos demonstram que a baixa ingestão de vitamina C é muito comum por aqui, chegando a ficar em 80% do ideal", confirma a nutricionista Cristiane Cominetti, professora da Universidade Federal de Goiás, a UFG. 

Felizmente, uma boa alimentação supre a carência de vitamina C. Além de manter a pressão sob controle e o cérebro afiado, há indícios de que o nutriente auxilia na prevenção da osteoporose. Para chegar a tal relação, estudiosos do Mount Sinai Hospital, nos Estados Unidos, fizeram o seguinte: primeiro, tiraram os ovários de uma parte de fêmeas de camundongos - condição que reduz a produção hormonal e abala os ossos. Depois, elas foram divididas em dois grupos. Só um recebeu bastante vitamina C durante oito semanas.

terça-feira, 27 de novembro de 2012


Uma goiaba - é o que basta para ingerirmos a quantidade diária de vitamina C preconizada por órgãos americanos e válida também aqui, no Brasil. Ou seja, 75 miligramas para mulheres e 90 miligramas para homens. Porém, para Balz Frei, pesquisador do Instituto Linus Pauling, nos Estados Unidos, esse valor não é apropriado. Em artigo publicado na revista Critical Reviews in Food Science and Nutrition, ele defende que a dose do nutriente para um adulto salte para 200 miligramas - nas imagens que acompanham esta reportagem, você vê como é fácil atingir a cota. "A vitamina C age como um potente antioxidante no corpo, além de interferir na produção de óxido nítrico. Essas propriedades são importantes para o controle da pressão arterial, evitando infarto e derrame", alega Frei. "Se a recomendação aumentar, essa ação seria otimizada", defende. Desvendamos por que a vitamina C merece tanto destaque no cardápio e qual o limite para não cair em armadilhas.
Ranking dos 75 alimentos para alcançar essa meta

Cientistas da conceituada Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, divulgaram uma revisão de 29 estudos que avaliaram a pressão dos voluntários e também o consumo de ácido ascórbico - a alcunha mais formal da vitamina C. Eles perceberam, ao final da análise, que a ingestão média de 500 miligramas da substância estava associada a uma queda de 3,8 milímetros de mercúrio na pressão arterial dos participantes. Alguns medicamentos, a título de comparação, fazem essas taxas caírem 10 milímetros de mercúrio.

"Ao analisar pessoas que já apostavam em suplementação antes da pesquisa e, por isso, tinham muita vitamina C percorrendo o corpo, vimos que doses extras não trouxeram benefícios", ressalva Stephen Juraschek, principal autor da revisão. Na prática, isso sugere que quantidades mais modestas, como 200 miligramas, já seriam capazes de fazer a pressão cair - desde que consumidas regularmente, é claro. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Você sabe que o consumo excessivo de açúcar é prejudicial para o nosso corpo. Mas, muita gente esquece que ele não aparece apenas nas colheradas que colocamos no cafezinho ou em um suco, mas está presente em muitos alimentos. Por isso, muitas vezes consumimos glicose sem nem perceber. Descubra quanto açúcar você consume em alguns produtos:
- 1 colher de sopa de achocolatado = 1 colher de sopa de açúcar.
- 1 bala de caramelo = 1 colher de sopa de açúcar.
- 1 copo de iogurte de frutas = 2 colheres de sobremesa de açúcar.
- 1 barrinha de cereal = ½ colher de sopa de açúcar.
- 1 lata de refrigerante de cola = 2 colheres de sopa de açúcar.
- 3 esfirras de carne moída = 1 colher de sopa de açúcar.
Esses exemplos mostram que o açúcar está “escondido” mesmo em alimentos que não são doces. Por isso, atenção, uma dieta balanceada e sem excessos é fundamental para manter uma vida com saúde.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Em março, a Organização Mundial da Saúde divulgou um aviso sobre o uso de substâncias que combatem as bactérias - o mundo enfrenta uma crise de resistência aos antibióticos. Até certas doenças já relativamente controladas, como a tuberculose, podem se transformar em pandemias se nada for feito. Por isso que, para desenvolver suas defesas e, assim, não necessitar de antibióticos a toda hora, os pequenos precisam entrar em contato com a vitamina "S" , de sujeira. "As crianças devem viver em um ambiente em que criem um sistema imune forte", arremata o pediatra Fabio Ancona Lopez. 

Nos Estados Unidos, os pediatras prescrevem mais de 10 milhões de frascos de antibióticos desnecessários todos os anos 

Doping animal 
As pesquisas americanas partiram da observação de uma prática bem comum em fazendas: os antibióticos fazem parte do cardápio de diversos animais de abate, como vacas, ovelhas, porcos e galinhas, porque fazem esses bichos ganharem peso mais rápido, alavancando a produção de carne. A fórmula empregada para deixá-los rechonchudos é praticamente a mesma dos remédios disponibilizados para os seres humanos. 

O tamanho do problema
Um artigo recente escancarou que o uso desse tipo de remédio ainda é exagerado no Brasil, principalmente na infância

39,7% das crianças com um problema de saúde qualquer saem da consulta com a receita de um antibiótico. 

89,1% dos casos de prescrição de antibiótico foram feitos por análise clínica, sem nenhum exame complementar. 

62,7% das doses receitadas dessa modalidade de remédio estavam acima ou abaixo do que é recomendado atualmente. 

Dados retirados do estudo "Prescrições Pediátricas em uma Unidade Básica de Saúde do Sul de Santa Catarina: Avaliação de Uso de Bacterianos", da Universidade do Sul de Santa Catarina. 

design Vanessa Kinoshita e Laura Salaberry | produção Andrea Silva | modelo Jorge Ruiz (Agência Typos)

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


O médico escocês Alexander Fleming (1881-1955) revolucionou a medicina quando encontrou, em 1928, uma maneira de combater as infecções bacterianas, verdadeiras epidemias que, até então, não tinham adversários à altura. Seu grande achado foi a penicilina, o primeiro antibiótico do mundo, que culminou no desenvolvimento de vários outros ao longo dos anos. Passadas mais de oito décadas, os frutos de sua descoberta inicial foram associados, agora de maneira negativa, a mais um surto: o da obesidade infantil. 

O alerta vem da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos, onde um trabalho avaliou mais de 11 mil meninas e meninos nascidos entre 1991 e 1992. Segundo os especialistas, a prescrição de antibióticos antes dos 6 meses de idade patrocinou o surgimento de gordurinhas poucos anos depois. "As crianças que tomaram esses medicamentos apresentaram um risco 22% maior de ficar acima do peso", revela o pediatra Leonardo Trasande, autor da investigação. 

Outro experimento da mesma instituição reforça a tese. Nele, ratos jovens receberam doses de antibiótico junto com a refeição. Após algumas semanas, as cobaias tiveram um aumento de 15% na gordura corporal. "Ao que tudo indica, os remédios alteraram a flora intestinal, elevando o aproveitamento das calorias dos alimentos", explica o gastroenterologista Ilseung Cho, líder do estudo. Os antimicrobianos também favoreceram a reprodução de bactérias que incentivam o organismo a diminuir o gasto energético. "Esse processo é mais intenso nos primeiros anos de vida, fase em que o sistema digestivo engatinha", acrescenta a endocrinologista Maria Edna de Melo, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. 

Esses artigos ganharam destaque dentro da comunidade científica por serem os primeiros a relacionar antibióticos com sobrepeso, principalmente em uma etapa da vida em que o corpo está em plena formação. Alguns levantamentos já tinham até comprovado que as mudanças na flora intestinal levam à obesidade. "Mas as pesquisas americanas foram pioneiras por advertirem que esses medicamentos são desencadeadores do processo", acrescenta o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. 

Os estudos da Universidade de Nova York engrossam um coro cada vez mais forte de entidades que lutam por uma prescrição consciente. "Existem vários fatores que levam ao exagero na indicação dos remédios que matam as bactérias", atesta o pediatra Fábio de Araujo Motta, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. O principal deles é a pressão dos pais. "As pessoas pensam que, se o médico não lançar mão de um fármaco, ele não está fazendo seu trabalho direito", lamenta. 

É fundamental ressaltar também que o modelo de atendimento rápido, por meio de prontos-socorros, impossibilita o tratamento adequado. "O médico que faz as consultas nesses locais dificilmente conhece o histórico do paciente. Portanto, ele prefere não arriscar, recomendando de cara o uso de uma substância antibactérias", critica Fabio Ancona Lopez, pediatra do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
 

A DEFESA 
O leite é essencial em qualquer idade, afirma, contundente, a nutricionista Mariana Del Bosco, de São Paulo. A bebida é uma ótima fonte de proteína a do seu soro reforça as defesas. E, comparado com o cálcio de outros alimentos, como os brócolis, o do leite e de seus derivados é o mais bem absorvido pelo corpo humano. O leite só deve ser evitado em caso de alergias, que são mais comuns na primeira infância, opina Mariana. As reações alérgicas, aliás, tendem a regredir com o tempo. Isso também vale para a intolerância à lactose. Quem sofre do problema, 25% da população, não produz lactase, enzima que quebra esse açúcar. Assim, ele chega intacto ao intestino grosso onde é fermentado por bactérias, diz a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes. Resultado: gases. O mal-estar, dizem, tem a ver com a herança genética: povos que não domesticavam o gado, como os africanos, têm maior dificuldade com essa enzima. Por fim, o ser humano não é o único mamífero que bebe leite depois de adulto. Um gato crescido, por exemplo, também toma diz. Aliás, o ser humano é o único que come carne cozida ou duas frutas a um só tempo. Usar a comparação com outras espécies para falar do leite seria condenar, com o mesmo argumento, o bife grelhado e uma vitamina batida com laranja. 

A ACUSAÇÃO
Já foram estudadas mais de 25 frações protéicas alergênicas no leite de vaca, contra-ataca a nutricionista Denise Carneiro Madi, de São Paulo. A principal vilã dessa história seria a betalactoglobulina, uma proteína que não existe no leite humano. Quando o organismo não digere uma proteína completamente, passa a reconhecê-la como algo estranho, explica a especialista, uma das mais ferrenhas críticas do consumo do alimento. Aí, começa a produzir substâncias para combatê-la. É o início de um processo inflamatório que pode se desenvolver em várias locais do corpo, como estômago, esôfago e até mesmo no ouvido. Se o leite é consumido com freqüência e em grande quantidade, essa inflamação se torna crônica. A histamina, substância liberada nessa situação, dificultaria o trabalho da serotonina, composto por trás da sensação de bem-estar. Com isso, a ansiedade iria às alturas e, para compensar esse quadro, o indivíduo passaria a comer carboidratos no início da noite. Nem mesmo os derivados da bebida escapam da sina. Muito menos os produtos que têm ingredientes lácteos na sua receita. Ou seja, não bastaria deixar de tomar leite. O certo seria abandonar a pizza de mussarela, o cheesebúrguer, o iogurte.

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Alérgicos a proteínas desse alimento, intolerantes à lactose e vegetarianos precisam redobrar a atenção quanto à necessidade diária de cálcio, já que não costumam ingerir a principal fonte do mineral. Para suprir a demanda, já se encontram no mercado preparos à base de soja enriquecidos com o nutriente. Mulheres na menopausa que apresentam perda de massa óssea também devem fi car de olho no cálcio. "Nesse caso, indicamos produtos lácteos ou extratos de soja enriquecidos", diz a especialista em ciência dos alimentos Simone Freire. E a suplementação, quando ela merece ser receitada? Apesar de estudos apontarem o benefício dos suplementos de cálcio na perda de peso, os especialistas acreditam que o uso deve ser restrito a quem tem grave defi ciência do mineral. Até porque as cápsulas podem oferecer riscos. Pesquisas indicam que entre os idosos que usaram a suplementação para inibir a osteoporose se registrou uma maior probabilidade de ataques cardíacos — um tiro, portanto, pela culatra. A mensagem, então, é consultar um médico ou nutricionista antes de recorrer ao produto.
 
 
Cálcio, o protagonista

Ele é indispensável a uma série de funções vitais

CORAÇÃO PROTEGIDO
O mineral aprimora o aproveitamento da glicose, o combustível das células, ajuda a controlar a pressão e a regular o peso corporal.

MÚSCULOS EM MOVIMENTO 
O nutriente participa ativamente da contração dos músculos esqueléticos, os responsáveis por nossos movimentos voluntários.

OSSOS FORTES 
O cálcio compõe 99% da nossa estrutura óssea. Por isso, o aporte da substância é essencial para evitar doenças como osteoporose e reduzir o risco de fraturas ao longo da vida.

CÉREBRO A MIL 
Ele atua em mecanismos dentro dos neurônios que garantem a transmissão dos impulsos nervosos. Isso mantém o cérebro funcionando.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Ele é um dos mais completos alimentos do planeta. Saiba quais os principais benefícios de seus nutrientes ao organismo

LIPÍDEOS
Alguns de seus componentes, caso de uma substância chamada esfingomielina, apresentariam propriedades anticâncer.

CLA (ÁCIDO LINOLEICO CONJUGADO) Tem sido cada vez mais considerado um potente agente antiobesidade porque facilitaria a redução dos estoques de gordura do organismo.

VITAMINAS As principais — B2, A, D e biotina — participam de importantes funções celulares, preservam a saúde dos olhos, mantêm a vitalidade do tecido ósseo e ainda combatem radicais livres, moléculas por trás de problemas como o câncer.

MINERAIS Depois do cálcio, o mais expressivo é o fósforo, que contribui para a solidez dos ossos e dos dentes, assim como ajuda a brecar a perda da massa óssea.

PROTEÍNAS Atuam na formação e na restauração da massa muscular. Algumas delas contam com partículas capazes de promover a dilatação dos vasos sanguíneos, normalizando a pressão arterial.

CARBOIDRATOS O destaque, nesse caso, é a lactose, o açúcar do leite. Além de abastecer de energia o organismo, ela potencializa a absorção do cálcio.

 
O mineral durante a vida

Confira quanto precisamos diariamente de cálcio ao longo dos anos

0 a 6 meses
210 mg

7 meses a 1 ano
270 mg

1 a 3 anos
500 mg

4 a 8 anos
800 mg

9 a 18 anos
1 300 mg

19 a 50 anos
1 000 mg

51 anos ou mais
1 200 mg

Gestantes ou
lactantes até 18 anos
1 300 mg

Gestantes ou
lactantes acima
de 18 anos
1 000 mg
 

Note: os produtos lácteos proporcionam um maior aproveitamento do mineral

1- Queijo cheddar
(2 colheres de sobremesa)
Teor de cálcio: 303 mg
Absorção: 97,2 mg

2- Leite (1 copo grande)
Teor de cálcio: 300 mg
Absorção: 96,3 mg

3- Iogurte (1 pote)
Teor de cálcio: 300 mg
Absorção: 96,3 mg

4- Couve
(2 colheres de salada)
Teor de cálcio: 61 mg
Absorção: 30,1 mg

5- Feijão-branco
(4 colheres de sopa)
Teor de cálcio: 113 mg
Absorção: 24,7 mg

6- Brócolis (3 fl ores)
Teor de cálcio: 35 mg
Absorção: 21,5 mg

7- Feijão-vermelho
(5 colheres de sopa)
Teor de cálcio: 40,5 mg
Absorção: 9,9 mg
 

domingo, 18 de novembro de 2012


Não há dúvidas de que abusar da gordura saturada seja perigoso ao coração. E o leite, em sua versão integral, também carrega a tal da substância. Mas os especialistas se apressam em defendê-lo: é possível, sim, degustá-lo sem riscos dentro de um cardápio equilibrado. "O leite e seus derivados são necessários para um estilo de vida saudável, e nosso organismo precisa de pelo menos 7% das calorias vindas da gordura saturada", afirma o cardiologista Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo. "Há alimentos muito mais gordurosos do que o leite que, esses sim, devem ser restritos na dieta, como biscoitos e embutidos", diz a nutricionista Simone Freire, especialista em ciência dos alimentos, de São Paulo.

Para reforçar as vantagens oferecidas pelos lácteos ditos gordos, um estudo da Escola de Saúde Pública Harvard, nos Estados Unidos, acaba de destacar o papel protetor de um tipo de ácido graxo típico do leite integral: o ácido linoleico conjugado, ou CLA. "Há evidências de que ele iniba o acúmulo de gordura e estimule o uso das reservas gordurosas como fonte de energia, facilitando a manutenção do peso", explica Edson Credídio. "No entanto, talvez o CLA seja mais eficaz para quem pratica atividades físicas."

Já deu para entender por que o leite, esse reduto versátil de cálcio, é tão importante. Mas saiba que no Brasil o consumo diário do produto não ultrapassa 50% do que seria o ideal. "As pessoas ainda trocam os lácteos por sucos artificiais e refrigerantes. E o pior é que isso tem ocorrido a partir dos 4 anos de idade, uma das fases em que mais se precisa do leite", observa Simone Freire. Essa defasagem prejudica o depósito de cálcio em crianças e adolescentes e propicia um desgaste precoce da estrutura óssea em adultos. Além disso, a carência do mineral pode ser ainda mais determinante para a hipertensão do que o próprio excesso de sal na dieta. Lembre-se de que não é difícil convidá-lo à mesa devido à variedade de ofertas: queijos, iogurtes, vitaminas... 

Só é preciso pontuar que, para aproveitar bem o cálcio, nem todo alimento pode ser consumido com o leite. Alguns nutrientes inibem a absorção do mineral pelo organismo. É o caso do excesso de cafeína e de ferro, presente na carne vermelha. Lanches abastecidos com leite ou derivados, sanduíches naturais e frutas são perfeitos para ingerir ao menos duas horas antes ou depois do almoço e do jantar — refeições que costumam ser contempladas com um bife. O sal também compete com o cálcio. "O sódio em excesso fi ca circulando no sangue e, quando encontra o cálcio nos rins, é capaz de expulsá- lo pela urina", explica Simone. 

Ah, nem pense que é possível eliminar a hipertensão investindo em mais cálcio do que o recomendado. "O corpo se autorregula. Se o consumo do mineral é muito alto, sua absorção diminui", avisa Mariana Del Bosco. Existe também um mecanismo de compensação pelo qual o nutriente é mais absorvido nas dietas em que não aparece em grandes quantidades. Exagerar, portanto, é um ledo engano. A receita certa exige que a gente dose bem os alimentos, sempre concedendo um bom espaço à turma do leite. O coração agradece.


Nos últimos anos, inúmeras pesquisas apontaram o leite como um vilão do organismo. Ele foi incriminado por causar alergias em pessoas sensíveis a suas proteínas e desconforto intestinal em quem tem a chamada intolerância à lactose, o açúcar da bebida. Em tempos dominados por produtos light, até a gordura do leite e de seus derivados se tornou um entrave à dieta. Mas, na contramão, os especialistas começam a fazer justiça e se render aos estudos que comprovam as benesses e a complexidade nutritiva dos alimentos lácteos — principalmente quando o assunto é proteger o coração. 

De um trabalho recente da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, vem o argumento de que esses produtos ajudam a equilibrar a pressão arterial. Um dos responsáveis pelo benefício seria um peptídeo, um pedaço da proteína do leite, capaz de anular uma enzima que provoca o estreitamento dos vasos sanguíneos — o estopim para a hipertensão. Salvas do aperto, as artérias se dilatam e liberam a circulação. "Os peptídeos presentes na caseína — que representa 80% das proteínas do leite — e também nas outras proteínas do soro do produto têm um potente efeito de inibição dessa enzima", afi rma o nutrólogo paulista Edson Credídio, autor do livro Leite, o Elixir da Vida (Editora Ottoni).

Já uma revisão conduzida por estudiosos da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo constata que o consumo rotineiro das versões mais magras dos produtos lácteos, como o leite desnatado e o queijo branco, está ligado a uma queda na incidência de hipertensão e diabete tipo 2. Tamanha vantagem seria proporcionada por um ingrediente fornecido em abundância pelo leite e seus derivados, sobretudo os tipos dotados de baixos teores de gordura: o cálcio. Pois é, sua importância vai além da tarefa de conservar o esqueleto. No artigo assinado pelos experts brasileiros, ficou registrado que o mineral contribui com a vasodilatação, melhora o aproveitamento da glicose e favorece o equilíbrio do peso corporal. São motivos sufi cientes para acreditar que o cálcio é um amigo do peito.

Para desfrutar dos benefícios do cálcio, recomenda-se incluir na rotina de três a quatro porções diárias de leite ou derivados que correspondam, no total, a um volume de mil a 1 300 miligramas do mineral. Para você ter uma ideia, 240 gramas de leite integral ou iogurte, quantidade equivalente a dois copos americanos, oferecem 300 miligramas de cálcio. Embora alimentos como couve e feijão também forneçam o nutriente, os lácteos são os que proporcionam sua melhor absorção. O leite desnatado e o queijo branco contêm volume de cálcio ligeiramente menor que os tipos integrais, mas, ao priorizá-los na dieta, estamos excluindo a gordura saturada, que não é bemvinda porque eleva o risco cardiovascular e colabora com os quilos extras.

"Um dos mecanismos que justificam a relação mais cálcio/menos peso é a capacidade que o mineral tem de atuar dentro da célula de gordura, provocando sua quebra e diminuindo seu acúmulo no organismo", explica a nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. O nutriente também seria capaz de formar um complexo com parte dos lipídeos provenientes do cardápio, expulsando-os por meio das fezes. E ainda reduziria o acúmulo de energia na forma de gordura porque contribui com a liberação de calor, aumentando o gasto calórico, e otimizaria o uso da insulina, hormônio que regula o apetite.

sábado, 17 de novembro de 2012


Se do ponto de vista nutricional o microondas maltrata um pouco os vegetais, o leite fica bem mais preservado, ainda segundo a investigação de Adriana e Fisberg. Quando aquecido no fogão convencional, o alimento perde vitaminas do complexo B, como piridoxamina e piridoxal, formas ativas do grupo B6. Já sob o efeito das microondas, em dois minutos e meio há uma redução de 36% de vitamina C, enquanto os teores de vitamina E e de riboflavina, uma vitamina do complexo B, se mantêm inalterados. Porém, após quatro minutos no micro, evapora-se a maior parte de tiamina, outro nutriente do mesmo grupo, presente no leite desnatado e nos do tipo integral esterilizado. Quanto às fórmulas infantis, sossegue: a riboflavina e a vitamina C não vão embora. Até porque ninguém oferece ao filho uma fórmula dessas pelando.
Outro malefício comumente atribuído ao microondas é de natureza físico-química: o calor ali produzido derreteria os plásticos, liberando substâncias cancerígenas, como as dioxinas. Isso acontece, sim. “Mas a culpa não é do eletrodoméstico, e sim de quem usa recipientes feitos com materiais impróprios para aquecimento”, afirma Marco Aurélio De Paoli, do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Que não restem dúvidas: só utensílios específicos para o micro são inócuos para a saúde. Quanto às demais mensagens em tom alarmista que se difundem com velocidade na internet, o bom senso recomenda: não dê crédito, pois nada é o que parece ser. Pelo menos até prova em contrário.


Essa preciosa substância também ajuda na circulação nos membros inferiores
 
 O nutriente já é bem conhecido por facilitar a absorção do cálcio e do fósforo pelos ossos, mas pouca gente conhece esta sua outra qualidade: ele contribui para a passagem do sangue pelas pernas e pelos pés. Isso reduz os riscos da doença arterial periférica, capaz de levar ao infarto, ao derrame e até a amputações encrencas causadas pelo estreitamento dos vasos dos membros inferiores.

O achado é de pesquisadores da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York, nos Estados Unidos, que analisaram fichas médicas de quase 5 mil adultos americanos. Ainda é cedo para afirmar que a vitamina D, por si só, tenha o efeito protetor, mas essa é, sim, uma hipótese, disse a SAÚDE a cardiologista Michal Melamed, líder da pesquisa.
 

sexta-feira, 16 de novembro de 2012


A notícia deve ter azedado o café da manhã de muita gente Brasil afora: o leite nosso de cada dia foi submetido a um batismo químico. O escândalo veio à tona após uma operação da Polícia Federal, ironicamente denominada Ouro Branco, revelar que o leite longa-vida produzido por duas cooperativas de Minas Gerais seria batizado, termo que, no jargão da indústria, designa nada mais, nada menos do que adulteração. Nessa malandragem, proibida por lei, acrescentam-se substâncias como hidróxido de sódio, a popular soda cáustica, e água oxigenada à bebida láctea sem falar no soro do leite, na sacarose
Ao se deteriorar, o leite se torna ácido, conta o farmacêutico bioquímico Elizeu Antonio Rossi, da Universidade Estadual Paulista em Araraquara. Daí, como a soda cáustica é alcalina, ela neutralizaria a acidez, evitando a recusa pelas fábricas. Isso não altera o sabor nem a aparência do leite, diz Rossi. O outro ingrediente da trapaça, a água oxigenada, entraria em cena para dar um fim às bactérias, que se multiplicam a toda quando o líquido não se encontra apropriadamente refrigerado. Assim, quando elas digerem a lactose, o açúcar natural desse alimento, produzem um ácido conhecido como láctico e inicia-se assim o ciclo do azedume.
 Essas substâncias, em si, não representaram grande risco à saúde de quem, desavisado, tomou um péssimo leite. Isso porque as doses usadas na fraude são irrisórias. Nesses teores, a soda cáustica é inativada pelo ácido clorídrico produzido pelo estômago, explica Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. A questão é outra: a soda cáustica destrói o cálcio, afirma a nutricionista Andréa Esquivel, professora da Universidade Norte do Paraná. Quanto à água oxigenada, por ser pra lá de instável, se degrada em água e oxigênio muito antes de causar dano. No entanto, o clima de suspeita não se dissipou: dá para tomar o leite de caixinha com segurança? Ou o pasteurizado, vendido na garrafa plástica, é a melhor opção? SAÚDE! investigou.
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande fornecedor de proteínas, cálcio e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de consumir leite longa-vida.
 
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande fornecedor de proteínas, cálcio e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de consumir leite longa-vida.
O que pesa pra valer é que as altas temperaturas podem comprometer um aminoácido essencial fornecido pelo leite, a lisina, que tem a função de reparar tecidos. "O ser humano não a sintetiza. Assim, ela deve ser obtida por meio de alimentos", revela Rossi. "A lisina, porém, não é totalmente destruída durante o processo UHT, até porque ele é muito rápido." Mas, sim, existe uma pequena perda. Quanto aos lactobacilos, o especialista esclarece: "Nem todos fazem tanta diferença para a nossa saúde". Boas doses desses microorganismos do bem podem ser ainda encontradas nos iogurtes ou leites fermentados.
Outra dúvida que deve passar pela cabeça de muita gente diante da gôndola do supermercado é por qual tipo optar: integral, semidesnatado ou desnatado? A nutricionista Andréa Esquivel fica com a primeira opção — integral e da pasteurizada tipo A. "Só o integral possui as vitaminas A e D, que são lipossolúveis", conta a especialista. Em outras palavras, esses nutrientes dependem de gordura para serem absorvidos pelo organismo. Para consumi-lo sem culpa na balança Andréa ensina um truque: encha um copo com 2/3 de leite e o restante de água. Será que, com isso, o sabor muda? Convidamos uma consumidora voraz de leite a fazer o teste.
Segundo a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, não há muita diferença em termos de energia entre o desnatado e o integral com adição de água — 97,6 e 84 calorias respectivamente. "A vantagem do leite integral com água é preservar a vitamina A", confirma. Diluído, ele também teria menos colesterol. Experimente. E escolha o melhor leite para você.
 
 

O que você deve saber antes de comprar qualquer caixinha longa vida. O que os olhos não veem, a nutrição sente! 
Nutrientes
Leite integral
Leite desnatado
Valor energético
120 kcal
70 kcal
Água
88%
90,8%
Carboidratos
9,6 g
10 g
Proteínas
6,5 g
6 g
Gorduras totais
6,4 g
0,7 g
Gorduras saturadas
4,2 g
0,5 g
Gorduras trans
0 g
0 g
Sódio
130 mg
133 mg
Cálcio
234 mg
240 mg

Valores médios referentes a 1 copo (200 ml), podendo variar a cada fabricante 

As particularidades de cada um
Quem é quem em relação ao conteúdo de matéria gorda 

Integral Contém um teor de gordura de no mínimo 3%, além de um pacote completo de ácidos graxos insaturados, que cuidam da saúde do coração e até previnem a obesidade. 

Semidesnatado Apresenta um nível de gordura de 0,6 a 2,9%, preserva parte dos nutrientes benéficos ao organismo e conta com menos calorias do que o leite, digamos, original. 

Desnatado Possui, no máximo, 0,5% de gordura e, por isso, poucas calorias. Porém, perde em substâncias como a vitamina D, que favorece a absorção de cálcio. 

Fonte: Legislação Vigente do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 

Leite, para alguns, nem pensar! Dois grupos de indivíduos necessitam tomar cuidado especial com a bebida em questão: os intolerantes à lactose e os alérgicos a proteínas do alimento. Tratados por especialistas, os primeiros muitas vezes conseguem saborear ao menos um pouco de leite normal ou ao menos consumir variedades com baixo teor desse açúcar. Simples. Já os com alergia geralmente devem riscar o produto da lista de compras. Esse distúrbio ocorreria quando certas proteínas do líquido branco superativam, por algum motivo, células de defesa do corpo, razão pela qual surgiriam as reações adversas. 

Versão em pó Prática, é uma versão desidratada do leite. O produto perde a maior parte da água de sua composição, preservando, no máximo, cerca de 5%. O restante não tem segredo: é formado por lactose, gorduras, proteínas, vitaminas e sais minerais. O tipo integral tem, no mínimo, 26% de gordura; o semidesnatado apresenta entre 1,5 e 25,9%; enquanto o desnatado possui menos de 1,5% de matéria gorda.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012


Na era da fartura dos alimentos magros, só pensar em saborear um copo de leite integral já é considerado por muitos como sacrilégio. Com sua proposta de corte de calorias, o desnatado passou a dominar as prateleiras dos supermercados. Mas, se antes o mantra da nutrição repetia um sonoro não para os lácteos integrais, a história agora mudou de lado: análises em amostras de leite de caixinha apontam que o desnatado não contém doses significativas de ácidos graxos insaturados, as populares gorduras do bem. Parece que esse tipo de leite é magrinho mesmo, inclusive em moléculas parceiras da saúde. 

Quem tirou a prova foi a farmacêutica Natália Andrade Zancan, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Em seu estudo, ela observou que só o integral é fonte rica do ácido linoleico conjugado, o popular CLA, um potente agente cardioprotetor e antiobesidade, que ajuda a dissolver os pneus localizados na região abdominal. Presente nas membranas das células, o CLA otimiza a termogênese, isto é, a queima de gordura para liberação de energia. "E, apesar de ser volátil, ele não sofre prejuízos no processo de esterilização", garante Natália. 

Outras gorduras relacionadas à saúde cardíaca e mental - como EPA e DHA, variantes do ômega-3 - também são encontradas aos montes no integral. No magro, por outro lado, há apenas traços das substâncias. Tem mais. "Um dos ácidos graxos abundantes no integral é o oleico, o mesmo achado em alto teor no azeite de oliva", afirma o zootecnista Marco Antônio Sundfeld da Gama, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa Gado de Leite. "Esse nutriente é um querido de nossas artérias por reduzir a formação de placas gordurosas no sangue", esclarece. 

"É preciso se atentar também à vitamina D, que depende da gordura para ser aproveitada pelo organismo e é responsável pela absorção do cálcio", ressalta Marcella Garcez, médica nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia. "Portanto, se o consumo de laticínios se restringe às versões desnatadas, o aproveitamento do mineral fica comprometido devido à carência de gordura", justifica. Para quem não se lembra, o cálcio forma o esqueleto e, segundo levantamentos recentes, ajuda a manter o peso saudável, já que pode dificultar a absorção de parte da gordura vinda do prato. 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Vantagens da piscina
Praticar algum esporte na água, como natação ou hidroginástica, traz uma sensação de bem-estar ao asmático. Além do baixo impacto do exercício, o espaço fica mais quente e úmido no entorno da piscina, próximo das condições adequadas à sua respiração.



Longe Do frio 
Lembre-se de procurar academias com piscinas aquecidas e dentro de locais fechados — nada de ambientes gelados, por favor! Também fique de olho no risco de choque térmico na entrada e saída da água, principalmente nos dias mais frios. Eles disparam crises.


Nada de cloro
Tome cuidado com piscinas que são tratadas com essa substância, porque ela irrita o sistema respiratório. Prefira as abastecidas de sal ou ozônio. 


Uma morada segura
De nada adianta malhar e depois permanecer em um recinto cheio de pó, por exemplo. Confira as medidas que garantem uma casa limpa e sem armadilhas para o asmático


Só vassoura não!
É recomendável adotar um pano úmido para remover o excesso de pó. Cuidado com os espanadores tradicionais e as vassouras, uma vez que eles costumam fazer a poeira subir.



Janelas abertas
Lugares fechados, úmidos e pouco iluminados são os preferidos por ácaros e fungos, que proliferam com mais velocidade. Abra as janelas e deixe o ambiente arejado.



Abaixo a poeira
Para diminuir o contato com o pó, um dos principais vilões da asma, dê preferência a espaços sem
carpetes, tapetes, móveis estofados e bichos de pelúcia.



Enxoval de cama
Troque as roupas de cama ao menos uma vez por semana. Lavá-las com água quente reduz o
número de ácaros. Exponha cobertores e edredons ao sol com frequência.
 

2) Após meia hora praticando uma atividade física, como a corrida e a natação, o corpo é estimulado a produzir substâncias anti-inflamatórias. Por isso é crucial vencer os primeiros 30 minutos de
esforço. Além disso, depois desse tempo, há um aumento na oferta de alguns neurotransmissores no cérebro. Isso faz com que o sistema nervoso envie uma mensagem para os brônquios se dilatarem e liberarem a passagem de ar.
 
Remédios para os esportistas
Alguns medicamentos auxiliam os asmáticos a adotar e praticar uma atividade física

Antes
Recomenda-se usar broncodilatadores de longa duração, inalados 30 minutos antes do exercício. Esses remédios melhoram a capacidade respiratória e evitam sustos no treino.

Durante
Nunca se sabe quando a crise vai acontecer. Por isso, mesmo no momento em que se faz o
exercício, vale deixar uma bombinha por perto. Assim, no caso de um ataque, o alívio está à mão.

Depois
O asmático pode sofrer com um problema conhecido como broncoespasmo induzido pelo exercício. A duração varia muito e a recuperação é natural. No entanto, tudo pode ser prevenido com os medicamentos recomendados para antes do suadouro.
 
Treino antiasma 
Conheça as melhores modalidades e saiba onde, como e por quanto tempo praticá-las

Antes de começar
Se você estiver sofrendo com a asma nos últimos dias, é essencial maneirar ou suspender os treinamentos. "Durante a crise asmática, a pessoa deve sempre se resguardar. Primeiro, é imprescindível tratá-la, e só quando o problema estiver bem controlado partir para o exercício",
explica Rosemary Ghefter, pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Esportes ideais
O exercício perfeito é aquele que melhor se adapta ao gosto do praticante. No entanto, as atividades
aeróbicas são mais recomendadas para os asmáticos por trabalhar a capacidade cardiorrespiratória.

• Caminhada
• Corrida
• Ciclismo
• Natação

No tempo certo
Os especialistas recomendam se exercitar três vezes por semana, de 50 minutos a 1 hora por dia. Só com esse tempo de atividade dá para desenvolver condicionamento físico essencial para domar a asma.

Olho no ambiente
Evite suar a camisa em dias muito secos e em locais poluídos, principalmente parques que ficam
próximos de ruas e avenidas movimentadas. Fuja dos horários de pico do trânsito por causa do
aumento de poluentes no ar. Também vale ficar atento aos dias mais frios e a mudanças bruscas
de temperatura.
 

domingo, 11 de novembro de 2012


O ano era 1988 e a cidade, Seul, capital da Coréia do Sul, sede da 24ª edição dos Jogos Olímpicos da era moderna. Após derrotar quatro adversários em um único dia, o judoca paulistano Aurélio Miguel chegava à final da categoria meio-pesado para enfrentar o alemão Marc Meiling. Depois de uma
luta tensa e disputada, os juízes decidiram pela vitória do brasileiro, o primeiro a ganhar uma medalha de ouro no judô na história do país. Para alcançar o lugar mais alto do pódio, no entanto, Aurélio Miguel teve que, antes de tudo, vencer uma adversária ainda mais tenebrosa: a asma.

O campeão olímpico começou a sofrer com a doença nos primeiros anos de vida. "Cheguei a ser internado por causa das crises ainda bebê e, desde essa época, frequentemente ia parar no pronto-socorro", lembra o judoca, hoje vereador da cidade de São Paulo. "Aí, os médicos orientaram meus pais a me colocarem em algum esporte." Por isso, com 4 anos e meio, Miguel foi matriculado em escolinhas de judô e natação. "Isso ajudou a desenvolver minha capacidade cardiorrespiratória. Atualmente quase não tenho mais problemas com a asma", diz.

A história do medalhista é um exemplo dos benefícios prestados pelo esporte a quem tem esse distúrbio respiratório. Inclusive para os asmáticos sem pretensões olímpicas, a prática de uma atividade física ajuda, e muito, a reduzir sintomas como tosse, chiados e apertos no peito, além de crises marcadas por respiração fora de ritmo. A prova científica desse efeito vem de um novo estudo da Universidade de São Paulo (USP), que constata: asmáticos adeptos de exercícios sentem melhoras consideráveis no condicionamento respiratório e na qualidade de vida. O motivo: suar a camisa também controla a inflamação nos pulmões.

Historicamente, a atividade física nunca foi recomendada a portadores de asma. "Os especialistas temiam os espasmos que poderiam ocorrer durante o esporte, mas logo se viu que os asmáticos submetidos a treinamentos se sentiam melhor depois", explica o fisioterapeuta Celso Fernandes de Carvalho, que orientou o trabalho da USP. "Nossa pesquisa demonstra que os exercícios regulares diminuem os sintomas do problema e ainda reduzem a ansiedade e a depressão que costumam estar associadas a ele", completa Fernandes.

Apesar de apresentarem um grande impacto sobre a asma, os esportes devem ser encarados como uma ferramenta auxiliar em seu tratamento. Em outras palavras, eles não substituem os remédios receitados. "Não há mais dúvidas de que o exercício seja positivo para o asmático. Contudo, ele não deixa de ser um coadjuvante", avalia a pneumologista Rosemary Ghefter, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

O educador físico Andres Meyer, da Associação Brasileira de Asmáticos, lembra ainda que todo portador do problema precisa conversar com seu médico de confiança antes de botar o corpo para se mexer. "Com a orientação de um pneumologista e a adesão ao tratamento, o asmático consegue praticar o esporte que deseja", garante. E, com o tempo, pode minimizar ou até eliminar sua dependência das bombinhas de ar. Caminhar todas as manhãs, pedalar à tarde ou nadar três vezes por semana não vai fazer ninguém disputar uma olimpíada. Para muita gente, porém, dar adeus à bombinha já é uma conquista digna de medalha de ouro.
 

sábado, 10 de novembro de 2012


1. Durante a atividade física, o organismo libera as endorfi nas, neurotransmissores que funcionam como um analgésico natural. “Elas agem bem nos centros reguladores da dor, que fi cam no tronco cerebral, na base da massa cinzenta”, descreve Luiz Paulo de Queiroz. 

2. Ao movimentarmos o corpo, a circulação melhora e, de quebra, o aporte de oxigênio para a cabeça. Isso já traz um alívio. Para completar, o exercício contribui para evitar alterações no calibre dos vasos, fenômeno típico das enxaquecas. 

3. Exercitar-se ajuda a emagrecer. E, entre os diversos benefícios da perda de peso, está a diminuição na quantidade e na intensidade dos episódios de crise. Isso porque o excedente de gordura corporal eleva o nível de substâncias infl amatórias, que também estão por trás da dor de cabeça. 

4. Os exercícios diminuem o estresse e, por tabela, as famigeradas dores. Não à toa. Há uma queda nas taxas dos hormônios secretados em resposta às emoções negativas, que são um gatilho para o problema. Sem falar na diminuição da tensão muscular, outra que só atrapalha.
 

Ficar sem se movimentar é um enorme risco. A cama mata", afirma Rui Curi, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), da Universidade de São Paulo. A frase é forte, mas não sem motivo - basta olhar a lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) de problemas que mais enumeram vítimas para compreender sua seriedade. Isso porque no top 10 desse ranking encontram-se nada menos do que sete quadros possíveis de serem prevenidos ou ao menos controlados por meio da atividade física (veja abaixo). Mesmo assim, só 30% dos médicos americanos receitam movimentação constante em situações em que ela seria definitivamente benéfica. "O panorama no Brasil é semelhante", lamenta Renato Nachbar, educador físico do ICB. 

Até por isso, a revista científica The Journal of Physiology publicou um comentário sobre a hipótese de o sedentarismo ser, por si só, encarado como uma doença. "O bom é que ele tem cura: doses regulares de exercício físico dão conta do recado", comenta Michael Joyner, anestesiologista da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, e autor do artigo. "Se recomendarmos mais desse medicamento natural, prescreveremos menos drogas para contornar vários transtornos, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas", arremata. 

Em 2011, o governo federal criou o Programa Academia da Saúde, que visa construir 4 mil polos para a prática de exercícios até 2014, além de já ter incorporado centros similares em vários estados. "Doentes crônicos que vão a esses locais podem diminuir a quantidade de medicamentos tomados", ressalta Alexandre Padilha, ministro da Saúde. Nas academias do Rio de Janeiro, 83% dos frequentadores passaram a ingerir menos remédios e 7% nem precisaram mais deles. 

Já na iniciativa privada, a Companhia Athletica firmou uma parceria com o Hospital Samaritano, na capital paulista. A partir dela, indivíduos tratados nesse hospital com uma enfermidade em que suar a camisa acarrete benefícios ganham descontos e avaliações físicas e nutricionais nas unidades da rede de academias. "O médico recomenda especificidades para o educador físico e acompanha a evolução do paciente a todo momento", informa Patrícia Lobato, consultora da Companhia Athletica. "Parcerias assim oferecem um treino supervisionado e direcionado às limitações de cada um", completa Roberto Cury, cardiologista do Hospital Samaritano. 

Se o exercício é remédio, dosá-lo é primordial. Confira a seguir seus efeitos nas mais temidas doenças do mundo e saiba o que importa, em cada caso, para que ele seja um medicamento, e não um veneno. 

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


Os economistas David Blanchflower, do Darthmouth College , nos Estados Unidos, e Andrew Oswald, da Universidade de Warwick, na Inglaterra, publicaram recentemente um estudo que traz uma revelação sobre os nossos altos e baixos: segundo os pesquisadores, a probabilidade de termos episódios de tristeza profunda é muito maior na meia-idade, lá pelos 40 anos, do que na juventude ou na velhice. O artigo iluminou ainda mais um assunto que é alvo de muita discussão nos tempos atuais: a incidência de depressão e as formas de combatê-la.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, a doença atinge cerca de 121 milhões de pessoas no planeta. Desse total, apenas 25% recebem tratamento adequado. A dificuldade é justamente diagnosticar um problema que é subjetivo e envolve emoções complexas. "Apesar das tentativas de padronização dos métodos que identificam esse mal, os critérios para isso ainda não são precisos", justifica o psiquiatra Raphael Boechat, da Universidade de Brasília.
De forma geral, a depressão se distancia da tristeza quando os sintomas — falta de interesse pelas atividades cotidianas e insônia, entre vários outros — duram mais do que o esperado ou são desproporcionais ao episódio que despertou esse sentimento em determinado momento da vida. Nesses casos, e quando o médico afasta totalmente a possibilidade de se tratar de "tristeza reativa" — nome que os especialistas dão à dor que resulta de uma perda ou uma decepção —, os psiquiatras defendem a medicação. "Até mesmo os casos mais leves de depressão clínica devem ser tratados com antidepressivos para evitar que se transformem em problemas mais sérios lá na frente", afirma Boechat.
"O crescimento do tratamento da depressão tem benefícios como a redução de suicídios e o aumento da produtividade", alerta, em artigo recém-publicado no British Medical Journal, o psiquiatra Ian Hickie, da Universidade de Sydney, na Austrália. No entanto, há quem afirme que o número cada vez maior de diagnósticos de depressão denote a falta de critério dos médicos ao avaliar os pacientes. "Por falta de preparo, muitos acabam prescrevendo remédios para amenizar episódios simples de tristeza", admite Boechat.
Médicos, psicólogos e psicanalistas do mundo todo começam a levantar uma bandeira que pode parecer estranha: a de que atristeza não deve ser evitada a qualquer custo, pois faz parte do nosso cotidiano e até nos ajuda a crescer. "Há um sentido existencial nesse sentimento, pois ele nos faz questionar a nossa vida e buscar caminhos alternativos", defende o psicólogo Fabiano Murgia, de São Paulo, autor do livro Salve a Depressão (Editora Edicta). Ele acredita que os quadros depressivos geralmente são criados por emoções mal resolvidas. E o remédio, de acordo com essa visão, alivia apenas o sintoma, sem cuidar da raíz do problema em si.
Essa tese, aliás, é defendida por vários pesquisadores. O livro The Antidepressant Solution ("A solução dos antidepressivos", sem edição em português), do psiquiatra Joseph Glenmullen, da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, provocou alvoroço ao colocar os antidepressivos na berlinda. Além de defender um controle mais rígido sobre o diagnóstico dos casos de depressão, o autor traz à tona possíveis efeitos colaterais dos medicamentos. Em teoria, eles são seguros e não provocam dependência. "Mas os efeitos de longo prazo ainda não são totalmente conhecidos", ressalva o estudioso Jerome Wakefield, da Universidade de Nova York, que escreveu The Loss of Sadness ("A perda da tristeza", também sem edição em português).
O ideal, então, seria procurar um especialista com formação adequada para lidar com casos de depressão. E recorrer aos remédios apenas quando eles forem realmente necessários. Afinal de contas, como disse Carlos Drummond de Andrade no poema Viver Não Dói, "o sofrimento é opcional; a dor é inevitável".