quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Assim como todos os integrantes da família, os gatos também merecem uma alimentação equilibrada. Opções de boa qualidade não faltam. Portanto, risque a comida caseira do cardápio, porque as rações específicas já contêm as proteínas e demais nutrientes necessários para a saúde felina. Aquele gato olhando fixamente, hipnotizado, para um bom filé de peixe ou uma vasilha cheia de leite vai saindo de cena. Esses alimentos podem ser substituídos por produtos mais apropriados e, sobretudo, apetitosos. Rações úmidas com diferentes tipos de sachês, patês especiais e as próprias versões comuns, com sabores e formatos variados, tornaram os nossos bichanos verdadeiros gourmets.

E por que tantas opções para eles? A explicação é bem simples: os gatos têm o paladar mais seletivo do que os cães, por exemplo, e gostam do que é atraente. O mercado sabe disso e investe em alternativas saborosas. É até comum que donos de cachorros e gatos relatem ao veterinário que o cão adora roubar a comida do amigo. Faz sentido, porque elas são realmente mais gostosas. No entanto, para manter os pets saudáveis, cada espécie deve ser alimentada com sua ração. Não vale também misturar uma com a outra: as porções são balanceadas de acordo com as necessidades de cada animal.

Outro aspecto da alimentação felina que deve ser lembrado é a quantidade oferecida. Não é difícil saber o quanto colocar na tigela. Todas as embalagens de ração vêm com a dose ideal e as calorias que o bicho deve ingerir em um dia. Respeitar essa recomendação ajuda a evitar a obesidade, um problema que contribui para o aumento da pressão arterial e o aparecimento do diabete.


Todos sabem que os gatos são bichos mais independentes, com hábitos e manias muito peculiares. O apetite deles, por exemplo, é bem seletivo — e os bichanos não gostam nada que abram sua boca. Por falar em boca, será que, como no caso dos cachorros, os felinos também precisam que seus dentes sejam escovados? A resposta é sim. Essa medida de higiene é necessária para prevenir uma série de doenças. É que uma boca cheia de tártaro pode ser fonte de bactérias que, se caírem na corrente sanguínea do animal, podem acabar se alojando no coração ou nos rins. Nesses órgãos, os micro-organismos causam vários problemas. 

Para afastar esse perigo, o primeiro passo é habituar o gato. O ideal é que isso seja feito o mais cedo possível, ou seja, desde a época em que é filhote. Isso evita um baita estresse mais tarde, quando o animal se tornar adulto: se ele não estiver familiarizado com a higienização, oferecerá resistência. Daí, poderá ser necessário mais de uma pessoa para a limpeza da cavidade bucal do pet. Mas mesmo os adultos podem ser treinados.

Agora vamos ao passo a passo da escovação. Deve-se inicialmente massagear a gengiva e os dentes apenas com o dedal ou escova própria para felinos. Tudo para criar uma espécie de condicionamento. Com isso, o bichano ficará mais seguro e perceberá que a companhia de seu dono pode ser prazerosa. Isso porque ele vai encarar todo o procedimento como um momento de bastante interação.

Depois de pelo menos uma semana, introduza a pasta de dentes, primeiramente aplicando-a apenas na boca para acostumá-lo com o gosto do produto — os sabores variam de frango a carne. Só para constar, há também pastas com enzimas em sua composição que auxiliam na limpeza. Depois, deve-se massagear lentamente os dentes em movimentos circulares com uma escova especial ou dedal, limpando toda a superfície da dentição. 

E como todo animal de estimação gosta de mimos, por que não preparar algo de interessante para depois do escova-escova? Existem muitos brinquedos e produtos que os gatos adoram. Brincar com eles logo em seguida pode ser um fator determinante para que encarem a higiene bucal, volto a repetir, como um momento de interação com seus donos. Para finalizar, mais algumas dicas. Oferecer ração seca também contribui para diminuir o acúmulo do tártaro. Quando ela é mastigada, ocorre um atrito natural do alimento com o dente, evitando o acúmulo da placa bacteriana. Além disso, um adstringente bucal específico pode ser adicionado à água de beber para dar chega pra lá no mau hálito. Nunca é tarde para começar a escovar os dentes do seu gato! Que tal tentar hoje mesmo?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012


"O fim da Aids" — esse foi um dos principais assuntos debatidos na Conferência Internacional sobre a Aids, que começou no último domingo em Washington, nos Estados Unidos. "Erradicar a doença é uma esperança e um objetivo que precisamos ter. Caso contrário, não sairemos do lugar", afirma Elly Katabira, presidente da Sociedade Internacional de Aids. "O melhor exemplo disso é que, em 2000, não achávamos que países de terceiro mundo teriam bom acesso a antirretrovirais. Hoje, isso é uma realidade", argumenta.

Mais de 20 mil pessoas frequentam o congresso, entre elas importantes personalidades, como a secretária do estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, e o filantropista e criador da Microsoft, Bill Gates. Um dos principais focos do evento está na prevenção, principalmente em grupos mais expostos ao vírus HIV. Prova disso foram as apresentações feitas logo no início do congresso sobre os direitos de profissionais do sexo, além de discussões sobre as possíveis políticas públicas voltadas a eles e a usuários de drogas.

Abordar temas tão polêmicos não foi um acaso. Afinal, diversos palestrantes relataram que um dos maiores obstáculos para vencer o mal continua sendo a discriminação e as informações equivocadas. "Não importa quem você é ou quem ama, todos merecem compaixão e dignidade. A doença é causada por um vírus, mas a epidemia não. Essa é abastecida por estigmas, desinformação, indiferença e ignorância", discursou o cantor inglês Elton John.

Entre as pesquisas, destaque para uma divulgada na versão online da revista científica The Lancet. Após colheram dados do Canadá, do Reino Unido e dos Estados Unidos, pesquisadores mostraram que homens negros que fazem sexo com pessoas do mesmo sexo, embora tendam a se valer mais de medidas preventivas, como usar camisinhas, ainda estão entre os com maior índice de infecção. Mas que fique claro: isso não tem nada a ver com o indivíduo em si, e sim com questões socioeconômicas e até da biologia da transmissão — o vírus HIV ganha acesso ao corpo mais facilmente por meio do sexo anal do que com sexo vaginal.

Com base nisso, os especialistas sugerem mais ênfase em campanhas de conscientização e, quando a Aids se instala, adesão aos medicamentos, além de consultas regulares.


A educação sexual foi alçada, em 2006, à condição de tema transversal do currículo escolar. Tania Zagury resume o que isso quer dizer: "ela deixou de ser exclusividade do professor de ciências, que mencionava o assunto quando falava do aparelho reprodutor". Em outras palavras, orientar os alunos sobre sexo é função de quem leciona do ensino fundamental ao médio. Aqui no Brasil, esse modelo ainda parece um tanto utópico, inclusive nas escolas particulares. Mas não seria tão difícil tirá-lo do papel. Bastam investimento e um trabalho com os próprios mestres. Não adianta apenas levar palestras ao colégio. Criar, por exemplo, uma semana sobre a aids é bom, mas ainda é pouco, avalia Antonio Carlos Egypto. Informações e reflexões sobre sexualidade devem se espalhar por todas as disciplinas. Numa aula de literatura, pode-se abordar o assunto ao discutir os personagens de um romance, exemplifica
 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012


1. Melhora da autoestima: o sexo faz o indivíduo se sentir desejado pelo outro. E isso aumenta a autoconfiança não só na cama. 

2. Proteção cardiovascular: é, entre todos os esportes, o mais prazeroso. Atua sobre a circulação, aprimorando o fluxo sanguíneo. 

3. Perda de peso: quanto mais gritos, sussurros, novas posições... mais calorias torradas no calor da noite. 

4. Menos estresse: no orgasmo você libera tudo, inclusive neurotransmissores que aplacam a tensão do cotidiano. 

5. Controle da dor: durante o orgasmo são liberadas as endorfinas, verdadeiros analgésicos naturais. Gemido? Só de prazer. 

6. Músculos fortes: se feito sem medo de ser feliz, o sexo trabalha o abdômen, as coxas e, no caso das mulheres, a musculatura da vagina, o que intensifica o orgasmo. 

7. Sem insônia: quem não sabe desta? Depois do prazer, a gente relaxa e consegue dormir melhor, alcançando as fases mais profundas do sono.
 

Médicos e cartomantes compartilham uma velha obsessão: prever, cada um à sua maneira, o futuro da vida alheia. Nas cartas, o tarô busca apontar quando aparecerá a tão sonhada cara-metade. Por meio de análises rigorosas, a ciência sabe predizer, agora, até quando uma pessoa se exercitará sobre a cama — com a sua cara-metade ou não. Um trabalho da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, acompanhou mais de 6 mil homens e mulheres de 25 a 85 anos para formular um novo índice, a expectativa de vida sexual. A questão é que, diferentemente de um grande amor, que parece ser providenciado pelo destino, o porvir entre as quatro paredes do quarto depende, e muito, dos nossos hábitos. 

“Observamos que um organismo pobre em saúde também sofre um bom abatimento da atividade sexual”, diz Natalia Gavrilova, uma das responsáveis pelo estudo. Isso significa que as pessoas seduzidas pelo sedentarismo, pela privação de sono ou por uma dieta gordurosa estão antecipando sua aposentadoria em matéria de diversão a dois. “À terceira década de vida, homens com um estado geral deficitário terão mais 30 anos de relações sexuais intensas, enquanto os sadios apresentarão no mínimo mais 37 anos”, revela Natalia. Não é diferente com as mulheres. As saudáveis ganham quase cinco anos extras de muito, muito prazer. 

É inevitável que, em meio a esses achados, a gente toque em um assunto: seria então o envelhecimento um obstáculo ao sexo? “O problema não é a idade em si, mas as doenças que costumam aparecer com ela”, avalia a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por isso, é preciso coibir desde cedo os fatores que desencadeiam obesidade, hipertensão... 

A pesquisa americana aponta que a ala masculina, embora viva menos, desfruta por mais tempo das relações sexuais. “Diversamente dos homens, as mulheres enfrentam a derrocada dos hormônios com a menopausa, o que afeta a libido, a lubrificação vaginal e a vaidade”, justifica a ginecologista Carolina Carvalho, da Universidade Federal de São Paulo. Mas nenhum marmanjo deve sair por aí cantando de galo. “O estudo também mostra que os homens perdem muitos anos de vida sexual devido a doenças crônicas, como males cardiovasculares e diabete”, alerta Otto Chaves, chefe do Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012


Prevenir-se contra doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada não necessariamente tira o prazer do rala e rola. Basta escolher o preservativo adequado a você
 
A história de medidas cautelares contra DSTs e filhos inesperados é mais antiga do que se imagina. Os romanos, por exemplo, cobriam o pênis com um invólucro feito de intestino de cordeiro ou de bexiga de cabra. Diversos materiais já foram testados com relativo sucesso: papel de seda, bexiga natatória de peixe, saco de linho, borracha e até veludo. O látex, material utilizado atualmente, surgiu em 1930. 

Armazenamento seguro 
A carteira e o carro são péssimas opções para guardar o preservativo. Largados nesses lugares, eles estragam rapidamente. Prefira locais secos e protegidos do calor. 

Não quer gastar dinheiro? 
Desde 1994 a rede pública de saúde distribui gratuitamente camisinhas 

Infográfico Laura Salaberry, Rafael Corrêa e Vanessa Kinoshita | fontes Homero Guidi, coordenador do departamento de doenças sexualmente transmissíveis da Sociedade Brasileira de Urologia; Denise Santos, gerente de marketig da DKT do Brasil; Karina Zulli, ginecologista especialista em reprodução humana do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Nos primeiros anos, o diagnóstico do HIV era uma sentença de morte. "Já fui o médico que mais assinou atestados de óbito em São Paulo", relembra Caio Rosenthal, que acompanhou as vítimas da doença desde o princípio da epidemia. Mas, anos de pesquisas depois, a ciência entrou em campo com o coquetel. Graças a ele, o soropositivo não veste mais o traje de carne e osso e, quando segue o tratamento à risca, pode levar uma vida próxima do normal. "O problema é que, se o paciente não adere a no mínimo 95% da terapia, sua resposta tende a cair", diz Rosenthal. Nesse caso, em geral protagonizado por pessoas financeiramente desfavorecidas, a aids prossegue como um fantasma.

É um engano rotular a aids como uma doença sob controle — erro compartilhado por uma nova geração que, embora tenha crescido nos tempos da camisinha, nutre a sensação de que o HIV é uma peste enterrada no século 20. "Ele não é um problema do passado, mas do futuro", não hesita em dizer o virologista Paolo Zanotto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo. Essa falha de percepção está por trás do recrudescimento da infecção entre os jovens, que não podem se dar ao luxo de pensar que o tratamento contém em definitivo o micro-organismo. "As terapias nem sempre têm o efeito esperado e, com o tempo, o vírus é capaz de apresentar resistência a elas", lembra Zanotto.

O perigo ronda também quem atravessa a sexta ou a sétima década de vida. A popularização dos remédios contra a disfunção erétil se somou à falta do hábito de vestir o preservativo. O resultado são novos casos em uma faixa etária que, a princípio, enfrentava um menor risco. Ninguém está imune e, por isso, só há um caminho seguro para escapar do vírus. "A prevenção é o carro-chefe", afirma Dirceu Greco. Mesmo quem porta o HIV precisa se precaver, sob pena de contrair outros subtipos do micro-organismo. "A recombinação dos vírus pode diminuir a eficácia das drogas", alerta Zanotto. Além do sexo seguro, especialistas defendem mais uma medida para cercar o inimigo: a inclusão de exames de HIV nos checkups anuais. O diagnóstico precoce faz a diferença não apenas ao paciente. O mundo inteiro sai ganhando.

Depois desse balanço histórico, com as perdas e os ganhos impostos pela aids, chega o momento de vasculhar por que não derrotamos o adversário microscópico. Mal o vírus se alastrava nos anos 1980, cientistas ousaram prever uma vacina em pouco tempo. A predição não se tornou realidade. "Pensava-se, na época, que bastava descobrir o vírus para desenvolver um imunizante", diz o infectologista Esper Kallas, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Na década seguinte, Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, anunciou o produto no prazo de dez anos. A profecia não se cumpriu mais uma vez. "O HIV tem um jogo negociado com o sistema imune e qualquer vacina precisa das nossas defesas para funcionar", explica Paolo Zanotto. O micro-organismo parece projetado para enganar o hospedeiro. Primeiro: ele é altamente mutante e, assim, dribla anticorpos — um imunizante tradicional feito hoje não funcionaria amanhã. Segundo: ele conta com substâncias em sua superfície que dificultam a adesão de um anticorpo. Terceiro: ele invade o núcleo de uma célula essencial ao comando imunológico, misturando seus genes aos dela e escapando dos guardas. Essas peculiaridades ajudam a entender também a dificuldade de encontrar a cura da doença, um Santo Graal nas ciências biológicas. O coquetel antirretroviral zera a carga de vírus no sangue, mas alguns deles se escondem nos chamados santuários — que ficam no cérebro, nos gânglios linfáticos... "O HIV se finge de morto e, se a terapia é abandonada, volta a se multiplicar e atacar em 15 dias", avisa Celso Granato, que também é professor da Universidade Federal de São Paulo.

Enquanto torcemos por uma vacina perfeita e um remédio capaz de desentocar e matar as sobras do vírus, deparamos com a última e difícil lição. "Parece que, até agora, o homem está apertando sempre a campainha e a porta não abre. Talvez ele tenha que dar um passo para trás e pensar em outro jeito de entrar na casa", compara Zanotto. "Apesar de tudo o que descobrimos, ainda estamos amarrados pela falta de conhecimento", constata Granato. Para vencer o HIV, precisamos rever a própria forma de fazer ciência e transgredir nossas limitações. Ainda temos muito que aprender antes de derrotar essa doença, que se desprendeu de tintas apocalípticas e ensinou o ser humano a compreender melhor os fenômenos que regem a vida. Não foi o fim do mundo. Não foi o fim da vida. Não é o fim do sonho

A síndrome da imunodeficiência adquirida (aids) entrou para a história provocando efeitos colaterais na ciência. Diante de um problema desconhecido e altamente letal, investimentos astronômicos foram canalizados para os centros de pesquisa. Um vírus, o da imunodeficiência humana (HIV), movimentou uma caça às bruxas e, quando descoberto, tornou-se inimigo público número 1. O clima era o de ameaça à espécie humana, mas estávamos prestes a entender, com detalhes, alguns dos mecanismos que explicam a vida. Os resultados dos estudos focados na nova epidemia transbordaram, isto é, não ficaram restritos à aids. "A doença acelerou o progresso científico", observa o infectologista Stefan Cunha Ujvari, autor de A História da Humanidade Contada pelos Vírus (Ed. Contexto).

Em meio a essa corrida, que invadiu o século 21, aprendemos como é organizado nosso sistema imunológico e desvendamos a natureza e as estratégias de ataque dos vírus. "A virologia se divide em antes e depois do HIV", sentencia o infectologista Caio Rosenthal, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo. Avançamos na compreensão do genoma. "Com os estudos em HIV, passamos a identificar perfis genéticos que acusam se uma pessoa terá uma progressão mais lenta ou rápida da doença", conta a farmacêutica Rejane Grotto, da Universidade Estadual Paulista, em Botucatu. O boom de informações geradas em laboratório extrapolou os ganhos contra a aids e aprimorou a abordagem das hepatites virais e do câncer.

"Não tenho dúvida de que o conhecimento gerado em função do HIV ainda não foi totalmente empregado em outras doenças", diz o infectologista Celso Granato, do Laboratório Fleury. Na esteira do progresso, porém, exames se aperfeiçoaram e novas drogas surgiram. A ordem de conter o vírus resultou em mais segurança nos procedimentos médicos, como a triagem do sangue para doação e o uso de agulhas descartáveis. São mudanças que mal notamos no cotidimas que ano, afetam, e muito, a nossa vida.
Apesar de iluminar indiretamente os pilares da biologia moderna, a aids deixou lições amargas, porque quebrou modelos estabelecidos. "As epidemias costumam surgir e depois de um tempo desaparecer, mas a aids não foi embora", avalia a professora de história da medicina Diana Maul de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Além disso, a doença silenciou a esperança — ou, por que não, a presunção — da ciência de impor seu domínio absoluto sobre os micróbios. "O século 20, marcado pelo desenvolvimento de vacinas e antibióticos, imaginou controlar de vez as doenças infecciosas, e o HIV mostrou que isso ainda é impossível", lembra Diana
 
1982 Cinco anos após os primeiros casos, cientistas definem o que é a aids. No mesmo ano, a primeira ocorrência no Brasil é identificada, em São Paulo. Os jornais da época chamavam a doença de peste gay.
1985
Após disputas entre franceses e americanos pela autoria da descoberta do agente por trás da doença, ele é batizado de HIV - em português, vírus da imunodeficiência humana. O primeiro teste para diagnosticá-lo é desenvolvido.
1986
O Ministério da Saúde cria o Programa Nacional de DST-Aids.
1987
Enquanto no Rio de Janeiro cientistas da Fundação Oswaldo Cruz isolam pela primeira vez o vírus no Brasil, nos Estados Unidos, o AZT - pioneira entre as drogas utilizadas no combate à doença - começa a ser prescrito. Ainda nesse ano, o primeiro dia de dezembro é estabelecido como o Dia Mundial de Luta contra a Aids.
1991
O governo brasileiro passa a fornecer os antirretrovirais de graça. E a fita vermelha que ilustra esta reportagem torna-se o símbolo da batalha mundial travada com o mal.
1992
Em São Paulo, uma menina de 5 anos é impedida de se matricular em uma escola pública por ser portadora do vírus. O Ministério da Educação condena o ato e institui medidas para combater a discriminação.
1993
A aids passa a ser avaliada também pela contagem de linfócitos CD4+ no sangue. Se essas células de defesa estão abaixo do nível esperado, é preciso iniciar o tratamento mesmo sem sintomas.
1994
O Ministério da Saúde passa a distribuir gratuitamente preservativos em postos de saúde e em ações pontuais. Os programas de prevenção no país ganham impulso após parceria do governo com o Banco Mundial.
1995
Os avanços no diagnóstico e no controle estão a todo vapor. Entretanto, aumenta o número de portadoras mulheres e de recém-nascidos soropositivos.
1996
O coquetel - combinação de diferentes drogas para inibir o vírus - começa a ser aplicado em larga escala. O governo brasileiro regula o acesso a esses remédios e registra o aumento dos casos no interior do país e entre as classes sociais menos favorecidas.
2000
Um ano depois da boa-nova de que o número de mortes em decorrência da aids havia caído pela metade, uma notícia triste: a incidência entre as mulheres, que antes era de uma infectada para 25 homens, passa a ser de uma para cada dois homens.
2003
O Brasil recebe um prêmio de 1 milhão de dólares de uma fundação americana por suas ações de combate ao HIV. O número de soropositivos em tratamento chega a 150 mil no país.
2011
Em seu último boletim epidemiológico, o Ministério da Saúde chama a atenção para o aumento da incidência do mal entre jovens com idade entre 15 e 24 anos. Desde 1980, o número de casos passa dos 600 mil
 

domingo, 2 de dezembro de 2012



Uma dieta equilibrada é arma essencial nessa luta, lembra Luiz Paulo Kowalski, cirurgião oncológico do Hospital A.C. Camargo, na capital paulista. "O consumo de frutas e verduras protege contra o câncer", diz o médico. "Por outro lado, pessoas que comem churrasco ou carne grelhada mais de quatro vezes por semana têm maior risco de desenvolver a doença." A justificativa está na fumaça, cujos agentes cancerígenos ficam impregnados na carne. Não é o caso de limar da agenda o famoso churrasquinho com os amigos — o segredo está no equilíbrio. Outro fator que conta, e muito, para fechar as portas aos agressores é não se descuidar da higiene. Escova e fio dental, já se sabe, precisam entrar em ação pelo menos três vezes ao dia. "Mas é preciso evitar o uso indiscriminado de enxaguatórios bucais com álcool na fórmula. Eles podem disparar o problema", alerta Kowalski.

O exame clínico ainda é a melhor forma de flagrar alterações que podem ser sinal de perigo, mas pesquisadores buscam na tecnologia um apoio para a tarefa. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, está em teste há um ano um aparelho chamado Velscope (Visually Enhanced Lesion Scope). "Ele é um coadjuvante no diagnóstico", apressa-se a dizer Celso Augusto Lemos Júnior, que supervisiona o trabalho e é presidente da Sociedade Brasileira de Estomatologia. "Os feixes luminosos emitidos pelo equipamento ajudam na avaliação e são eficientes na demarcação da área onde a biópsia deve ser feita."

O mais importante da pesquisa, na opinião de Celso Lemos, é jogar luz sobre o assunto para reforçar a prevenção: apagar o cigarro de vez, diminuir o consumo de álcool e usar protetor labial, evitando os estragos da ação do sol. Já para vencer um dos protagonistas dessa história, o HPV, não tem acordo: sexo oral, só com camisinha. Até porque a vacina contra esse vírus, recomendada há algum tempo para garotas a partir de 9 anos, só recentemente foi aprovada também para meninos. Ou seja, serão necessários anos até que os primeiros resultados apareçam. E não é nada esperto se expor ao inimigo quando se sabe a estratégia para fazê-lo recuar.



sábado, 1 de dezembro de 2012



Estatísticas mundiais mostram que a incidência de câncer na boca tem crescido no planeta, principalmente entre adultos jovens. O grande responsável pelo aumento entre essa turma é o vírus HPV. A explicação, segundo o Instituto Nacional de Câncer, o Inca, teria a ver com os hábitos sexuais. Os outros dois vilões são o álcool e o cigarro — quando essa dupla maligna atua em conjunto, o risco de o problema dar as caras é 30 vezes maior. A boa notícia é que o diagnóstico precoce da doença eleva as chances de cura. Para isso, devem entrar em cena dentistas e médicos.

Esse foi um dos objetivos de um projeto realizado no Ceará e finalista na categoria Políticas Públicas do Prêmio SAÚDE 2011. "Criamos o programa porque estávamos cansados de receber pacientes com a doença avançada a ponto de não ser possível operar", explica Fabricio Bitu, professor da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará e coordenador da força-tarefa idealizada para conter o avanço da doença no estado. "Esses tumores são comuns em pessoas de baixa instrução e renda, com dificuldade de acesso aos serviços de saúde", continua o dentista.

A solução foi criar uma rede de diagnóstico e rastreamento que, desde 2006, reúne especialistas também da Universidade de Fortaleza, da Secretaria Estadual de Saúde, do Conselho Regional de Odontologia e da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza — e já atendeu mais de 20 mil pessoas.

A equipe é formada por dentistas de especialidades como patologia, cirurgia, epidemiologia, além de cirurgiões médicos e estudantes. Os profissionais identificam as áreas cearenses mais impactadas pela doença, levam aos moradores dessas regiões informações sobre os fatores que provocam o mal, ensinam medidas de prevenção e realizam exames detalhados. Quando necessário, os pacientes são encaminhados para as grandes cidades, em especial Fortaleza.




Quando esses marcadores estão em níveis exagerados, a probabilidade de desenvolver a DRC é ainda maior. Além da aterosclerose, a formação de placas de gordura, sobretudo na artéria renal, há uma sobrecarga do trabalho de filtração dos rins. "E a incidência dessas duas doenças vem aumentando nos últimos anos, algo agravado pelo envelhecimento da população, além de sedentarismo e obesidade", diz Gianna Mastroianni. Nos casos em que o estrago já foi feito, a primeira medida é ficar de olho na pressão e no diabete.

De bem com a balança
Manter-se no peso ideal também é uma regra de ouro para seguir com os rins a mil. Indivíduos com o índice de massa corporal (IMC) nos parâmetros saudáveis ficam protegidos dos pés à cabeça e, nesse pacote de benesses, os filtros naturais saem ganhando. "Hoje em dia, existe uma epidemia mundial de obesidade. O excesso de peso leva à hipertensão e ao diabete. Quando hábitos saudáveis são adquiridos, o risco de sofrer com um problema no rim é bem menor", destaca o nefrologista Nestor Schor, da Universidade Federal de São Paulo.

Alimentação equilibrada, rins a salvo
Tomar cuidado com o excesso de gordura e ingerir alimentos ricos em vitaminas e fibras vai colaborar bastante para a manutenção das funções renais. Quando o indivíduo já sofre com a DRC, é provável que seja obrigado a fazer algumas mudanças em seu cardápio. "Aí é importante adotar uma dieta com menor quantidade de proteína para evitar a sobrecarga renal", afirma Marcos Vieira. Esse menu deve ser avaliado pelo médico e por um nutricionista.