terça-feira, 26 de março de 2013


Os refrigerantes diet e light podem, sim, deixar seus dentes esburacados. E para sempre. Sobretudo quando a escovação se dá logo depois de tomá-los. Essas bebidas, diet ou não, são sempre ácidas e, assim, dissolvem minerais do esmalte e da dentina, camada mais interna dos dentes, justifica o dentista Jaime Cury, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, que é ligada à Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista. Dessa forma, é preciso esperar pelo menos 30 minutos até apelar para a escova. Esse é o tempo necessário para a saliva remineralizar a dentição, consertando os estragos dos ácidos. Caso contrário, com o atrito da escova, os minerais quase descolados são perdidos em definitivo. Daí, com o tempo e sem o indivíduo se dar conta, o sorriso vai ganhando buracos em série.


O cirurgião faz as últimas inspeções em exames de raio-x e tomografias. Assim como um engenheiro, ele analisa bem o terreno onde pretende edificar os implantes. Em cerca de duas horas o homem de 61 anos de idade e sete dentes na boca, deitado na cadeira do dentista, terá o sorriso totalmente transformado. Ou melhor, reconstruído. Além dos dois, estão presentes na sala outros seis profissionais, entre anestesista, enfermeiro e auxiliares.
A reforma vai começar. "A cirurgia ideal é aquela que não precisa ser feita. Se houver outra maneira de resolver o problema, melhor", pondera, com extrema franqueza, o implantodontista Laércio Vasconcelos, enquanto faz o primeiro corte na gengiva do paciente. E olha que ele é um dos maiores especialistas do país no tema aliás, um dos pioneiros nessa técnica.
Os implantes colocados diariamente em sua clínica em São Paulo substituem as antiquadas dentaduras ou tomam o lugar de dentes machucados por fraturas e problemas irreparáveis de canal. "Um deles vem do outro lado do mundo. O implante faz as vezes da raiz", explica o odontologista José Rubo, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo em Bauru.
Feito de titânio e semelhante a um parafuso, ele pode ser fincado no osso da mandíbula quando é realizado na parte de baixo da boca e em um osso dos seios da face caso seja fixado no arco superior. "Ali oimplante é literalmente rosqueado e, com o passar das semanas, incorporado pelo organismo", explica Laércio Vasconcelos. É a chamada osseointegração, uma união da peça metálica com o tecido ósseo, conta. Em geral os cirurgiões esperam que essa estaca já esteja bem estável para instalar a prótese logo acima dela, na parte externa, sobre a gengiva.

segunda-feira, 25 de março de 2013


Um desarranjo na boca pode despertar o incômodo todo santo dia.
DENTES FORA DO LUGAR 
Quando eles estão mal posicionados, ou seja, as arcadas superior e inferior não se encaixam perfeitamente, a articulação temporomandibular (ATM) fi ca sobrecarregada na tentativa de compensar o desalinhamento. Isso acontece principalmente na hora de mastigar a refeição. 

MUITO ESFORÇO, MUITA DOR 
Um conjunto de músculos ligados à ATM acaba dispensando uma força extra para corrigir o problema. Além da fadiga muscular, tamanho impacto começa a oprimir o disco articular, uma cartilagem situada entre a base do crânio e a ponta da mandíbula. Essa alteração por si só já provoca dores na face. 

LÁ VEM A CEFALÉIA 
Na região da ATM existem terminações nervosas que captam a sensação de dor e rapidamente a propagam ao cérebro. Como um extenso grupo muscular fi ca sob pressão, a resposta do corpo é um baita desconforto que se espalha pela porção lateral do crânio e progride até a nuca.


Mais do que manter o condicionamento em dia, qualquer atleta ou fi el praticante de uma atividade física não pode se esquecer de deixar a boca em forma. É que dentes malcuidados interferem diretamente no seu desempenho. A má oclusão ou focos de infecção afetam a respiração e a mastigação, prejudicando a alimentação. Isso provoca uma queda do rendimento, garante Alexandre Barberini, professor de odontologia do esporte da Universidade de São Paulo (USP). Os gols das bactérias na boca são sentidos pelo corpo inteiro e difi cultam, inclusive, a recuperação de lesões nos ombros e nos joelhos. Existe até um conselho destinado aos atletas que resume tudo isso: cuide da sua boca como você cuida do seu preparo físico, diz o especialista.

domingo, 24 de março de 2013


Quem tem boca pode ir ao céu ou ao inferno. E esse destino só depende da atenção reservada a ela no dia-a-dia. Aquelesmandamentos que a gente conhece tão bem registrados no quadro ao lado , mas nem sempre segue à risca, não são apenas indispensáveis à preservação da língua, da gengiva e de cada dente. Eles também ajudam a evitar infortúnios em outras redondezas do corpo. Sem exagero. Uma saúde bucal deficiente repercute em cheio nos vasos sangüíneos, nas articulações e em órgãos que, aparentemente, não mantêm íntimo contato com os dentes. Só aparentemente. 

Não podemos enxergar a boca de maneira isolada, afirma a dentista Juliana Villalba, da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, no interior de São Paulo. A idéia resumida por essa frase inspirou a especialista a organizar o recém-lançado Odontologia e Saúde Geral, obra dirigida a profissionais de saúde, em especial médicos e dentistas. Ela reúne artigos científicos que exploram a relação direta entre os dentes e o resto do organismo. Juliana alerta, aliás, para a importância de o próprio dentista projetar seu olhar muito além da cavidade bucal. A princípio, o livro seria intitulado A boca também tem corpo, revela. 

Basta folhear a obra para notar que a maioria dos estragos eclodidos na boca é protagonizada por uma infinidade de bactérias. Ora, a cavidade bucal é um verdadeiro Olimpo para esses microorganismos. E, justiça seja feita, nem todos eles são malignos ali existe uma flora bacteriana essencial à digestão dos alimentos, por exemplo. O problema é quando a escova e o fio dental são deixados de escanteio. Aí os micróbios nocivos, por trás das cáries, da gengivite e da periodontite, proliferam-se e levam ao caos. Mesmo em uma boca saudável, há 200 milhões de microorganismos em 1 grama de placa bacteriana, conta o periodontista Antonio Sallum, professor da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), vinculada à Unicamp. Se ela estiver a caminho da ruína, então, o número pode bater a casa do bilhão. E as ameaças também se multiplicam.

Se a gente mata a fome e se esquece da higiene bucal, poucas horas são suficientes para a formação da famigerada placa bacteriana. Num processo contínuo, micróbios e mais micróbios se unem para monopolizar os dentes e a gengiva. E é assim que a placa, também chamada biofilme, torna-se mais espessa, chegando às vezes ao ponto de ser vista a olho nu. Com os ventos a seu favor, as bactérias vilãs passam a subjugar as espécies do bem. A placa propicia o aparecimento de dois problemas: a cárie e a doença periodontal, diz o professor Antonio Sallum. A primeira, arquitetada pela bactéria Streptococcus mutans, mina aos poucos o próprio dente. Mas a segunda, que começa como uma gengivite e evolui para uma periodontite, é mais assustadora. Ela detona toda a estrutura que liga o dente à gengiva e ao tecido ósseo.

sábado, 23 de março de 2013


Eis a prova dos efeitos de uma alimentação ácida sobre os seus dentes: deixe um osso de frango dentro de um copo de refrigerante por algumas horas. Quer saber o que irá acontecer? O osso ficará mole, mole, porque a acidez da bebida leva a uma erosão. O mesmo pode acontecer com seus dentes se você fizer opções, digamos, mais ácidas. “A dieta influencia à beça no surgimento da hipersensibilidade”, alerta a professora Maria Ângela Pita Sobral, da Universidade de São Paulo, que se especializou na área de dentística. Portanto, evitar o refrigerante é um passo para o alívio. 


Quanto às famosas pastas dessensibilizantes, a eficácia delas varia — pergunte a duas pessoas sobre sua experiência e não se espante se as respostas forem divergentes. Mas o fato é que há uma gama de produtos nas farmácias e supermercados. A maioria contém nitrato ou citrato de potássio, que bloqueiam o estímulo nervoso da dor. “O ideal seria o dentista recomendar qual é o creme apropriado a cada paciente, conforme a formulação, que sempre pode variar um pouco”, orienta Maria Ângela. Outra maneira de prezar pela saúde dos seus dentes é escová-los de maneira adequada (veja como no quadro à direita) e fazer bochechos com enxaguatórios que contêm flúor. Quanto mais forte a dentição estiver, menos desgastes — e menos dor — sofrerá.


Nos últimos anos, o laser de baixa potência surgiu como uma alternativa na redução da hipersensibilidade. É que esse feixe de luz tem ação analgésica e anti-inflamatória, além de acelerar a deposição de dentina. O efeito é super-rápido: na primeira aplicação já se nota a diferença. “A gente só não sabe como é o efeito a longo prazo”, ressalta Camila Tirapelli. 

Quando a hipersensibilidade é provocada pela retração da gengiva e a raiz dos dentes fica exposta, dá para fazer uma cirurgia de recobrimento, para colocar a gengiva no lugar de onde não deveria ter saído. O porém é o pós-operatório, que pode ser um tanto doloroso. Sem contar que, dependendo do que causou o deslocamento da gengiva, ela poderá se retrair de novo. 

Outros dois procedimentos se destacam no arsenal dos dentistas contra a dor dos dentes sensíveis. Um deles, mais simples, é a aplicação de géis e vernizes com flúor, mineral que ajuda na remineralização dentária. Em alguns casos, no entanto, é necessário recorrer à restauração, que cria uma barreira de resina ou de outro material no local exposto. Quando feita corretamente, é a técnica que afasta as dores por mais tempo. “Ela é uma boa opção, principalmente se, além de haver desgaste do colo do dente, a integridade da polpa e a estética estão comprometidas”, diz Álvaro Francisco Bosco, da Unesp. 

sexta-feira, 22 de março de 2013


É quase como levar um choque. Ao menor contato dos dentes com uma superfície gelada ou quente demais, a dor dá um susto no dono da boca, que refuga antes de concluir a mordida. Estima-se que essa reação, chamada pelos especialistas de hipersensibilidade dentinária, atinja mais de 50 milhões de pessoas no Brasil. E é bem provável que você já tenha visto por aí produtos que anunciam eliminar o desconforto. “Existe uma grande variedade de tratamentos, e nenhum deles, sozinho, se mostrou completamente eficiente até hoje”, observa Álvaro Francisco Bosco, professor de periodontia da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Araçatuba, no interior de São Paulo. Isso pode mudar. 

No último Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que acabou de acontecer, a marca Colgate apresentou sua nova aposta para dar cabo do transtorno: o creme dental Sensitive Pro- Alívio (veja como ele funciona no infográfico abaixo). “Diferentemente de outros cremes disponíveis no mercado, que apenas amenizam a sensibilidade, ele cria uma barreira duradoura de proteção sobre os dentes”, explica Cassiano Rösing, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que participa das avaliações do produto. Segundo Rösing, os estudos apontam uma redução imediata dos sintomas e, após quatro semanas, um aumento de 170% de tolerância à pressão, outro estímulo que costuma causar dor em quem tem excesso de sensibilidade. 

Apesar de ser promissora, de tão recente a fórmula do dentifrício ainda não teve tempo de cair no gosto dos profissionais que tratam pacientes com dentes sensíveis. “Ela parece funcionar, mas precisamos testá-la no consultório”, pondera Maurício Miranda de Carvalho, da Sociedade Brasileira de Odontologia. Ele ressalta que a sensibilidade é provocada por múltiplos fatores, como inflamações na gengiva, escovação incorreta, refluxo gastroesofágico e, em alguns casos, desgastes originados por mordida inadequada. “É muito bom ter algo novo que traz alívio ligeiro, mas é sobre essas causas que devemos agir”, acrescenta. 


Antes de partir para a remoção, os profissionais recorrem a um raio x panorâmico, responsável por uma avaliação precisa sobre o posicionamento do siso, com atenção especial aos da mandíbula inferior, que costumam dar mais trabalho. 

Para os que tremem só de pensar na cadeira do dentista, Augusto Pary, cirurgião bucomaxilofacial do Rio de Janeiro, garante que a operação é relativamente fácil, principalmente se for feita no momento adequado. "O procedimento tem índice muito baixo de complicação, por isso vale a pena tirar logo esses dentes e ficar livre de problemas", ele recomenda. 

Utiliza-se a anestesia local, e um tranquilizante é bem-vindo. "Ele ajuda o paciente a relaxar, mas não impede que fique acordado. Isso facilita o trabalho do profissional", explica Pary. Em casos críticos - e raros -, é possível lançar mão da anestesia geral e a intervenção é feita em hospital. Já o pós-operatório... Vamos ser honestos e dar logo a má notícia. Ele é, sim, bastante dolorido, provoca inchaço e dificulta a alimentação. Muitos acham mais seguro arrancar dois sisos por vez, de modo que um lado da boca garanta a mastigação. A questão é que a movimentação torna a recuperação mais traumática, motivo pelo qual há quem recomende resolver tudo numa tacada só. 

"Se a pessoa tirar dois ou quatro dentes, a dificuldade será a mesma", opina José Flávio Torezan. "Não é melhor então sofrer uma única vez? Serão três ou quatro dias de molho, com alimentação pastosa, e pronto", aconselha. Para Gustavo Giordani, cabe ao paciente tomar a decisão que o deixe mais seguro e, seja ela qual for, o importante é não descuidar da higiene da boca nesse período. Deve-se optar por uma escova ultramacia e fazer movimentos suaves, usando também os antissépticos receitados pelo dentista. 

quinta-feira, 21 de março de 2013


Como eles normalmente despontam em uma idade que coincide com o início das responsabilidades da vida adulta, é inevitável: basta alguém dizer que arrancou o terceiro molar para ouvir a piada de que perdeu o juízo. A ironia é que dois estudos americanos sugerem que a falta de senso pode estar justamente em mantê-lo. Isso porque, sem acompanhamento e higiene adequados, esses dentes camuflam encrencas graves. 

Embora a maioria só procure o dentista depois de sentir a dor provocada quando o siso rasga a gengiva, especialistas indicam que o melhor período para retirá-lo é entre os 15 e os 18 anos, antes de ele irromper. "Nessa faixa etária, a raiz não está completamente formada, tem cerca de dois terços, e o osso é mais maleável", justifica Marisa Gabrielli, cirurgiã bucomaxilofacial da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara, no interior paulista. Além disso, lembra o também cirurgião Gustavo Giordani, do Ateliê Oral, em São Paulo, a recuperação de um adolescente é mais rápida que a de um adulto. "O ideal é fazer o monitoramento com radiografias a partir dos 15 anos, para avaliar o momento mais oportuno", ele sugere. 

Se houver espaço suficiente para o dente se acomodar, é possível conviver com ele, mas assumindo o risco de encarar alguns dramas. Instalado numa região difícil de alcançar, esse molar costuma ser negligenciado durante a limpeza, tornando-se um prato cheio para bactérias. Um panorama da encrenca que isso pode causar vem da Universidade de Cincinnati, nos Estados Unidos. Ali, um estudo avaliou sisos sem nenhum sinal de que algo estava errado e descobriu um grande número de casos de infecções silenciosas capazes de afetar a gengiva, a raiz e os ossos da face. "Por isso, se a decisão for mantê-lo, é preciso fazer exames de imagem periódicos para detectar doenças antes de surgirem complicações", adverte Robert Marciani, autor do trabalho. 

Ele já estava havia muito tempo com a corda no pescoço. Álcool é seu nome de guerra e, desde os primórdios, tornou-se um fiel companheiro do homem — na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. A amizade, porém, logo foi cercada de suspeitas. Afinal, o ser humano percebeu que, se alguns tragos o conduziam às nuvens, afogar-se no vinho ou em qualquer outra bebida o levava facilmente à ruína. Na berlinda, o álcool que não costuma faltar às festas é o mesmo que tantas vezes foi condenado à forca. 

Ironicamente, em tempos de lei seca, a condição 100% marginal da bebida vem sendo questionada pela própria ciência. Não pense, por favor, em uma campanha pela sua absolvição ampla e irrestrita — muito menos ao volante. O fato é que os pesquisadores constatam, depois de experiências sérias, que saborear uma taça de vinho ou refrescar-se com um copo de cerveja — sem perder o controle — pode ser uma boa pedida para quem deseja fazer um brinde à preservação do organismo

Se deixarmos a hipocrisia de lado, podemos degustar as recentes descobertas sobre o protagonista desta reportagem. Antes de revelá-las, pedimos ao leitor que segure por algumas linhas a sede e preste atenção no recado de Denise De Micheli, professora do Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp: "Uma pequena dose de álcool não é prejudicial, desde que não haja gravidez nem problemas como o diabete e doenças do coração". Dado o aviso, vamos bebericar as novidades. 

A primeira delas, acredite, se destina ao fígado. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, concluíram: uma taça de vinho por dia impede o depósito de gordura na glândula. E a gordura, como se sabe, limita sua função — um fenômeno que os médicos chamam de esteatose. "Notamos o benefício com o vinho tinto e com o branco", conta o líder da investigação, Jeffrey Schwimmer. 

Outra notícia que inocenta doses modestas de álcool vem da Suécia. Uma equipe do Instituto Karolinskaverificou, depois de acompanhar quase 3 mil pessoas, que a ingestão de álcool reduz o risco de artrite reumatóide, uma inflamação constante nas juntas. Para fechar a rodada, novos trabalhos sugerem que um pouco de etanol, ou álcool etílico — assim ele é conhecido no meio científico —, propicia uma proteção cardiovascular. Dois cálices de vinho diariamente seriam suficientes para levantar o astral das artérias. Clique aqui e leia mais sobre esses benefícios. 

Se as benesses de uma dose ou outra de cerveja ou cachaça ainda carecem de explicações precisas e consensuais, ao menos os pesquisadores já desbravaram a rota do álcool pelo corpo. Depois de passar pelo estômago e pelo intestino, ele é absorvido, caindo na corrente sangüínea. Daí aporta no fígado, onde é metabolizado. "Ou seja, graças à ação de enzimas, ele se transforma em outros compostos para que o organismo o elimine", traduz Regina Lúcia Moreau, professora de toxicologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo

Dentro do corpo, o etanol muda de nome e de fórmula. Primeiro, ele vira acetaldeído — substância tóxica que provoca alguns sinais indesejados do porre, como náuseas. Em seguida, torna-se acetato. Por fim, após incontáveis reações químicas, converte-se em água e gás carbônico, saindo do corpo pela urina, pelo suor e até pela respiração. "No caso de uma pessoa de 70 quilos, uma lata de cerveja demora de uma a uma hora e meia para ser totalmente metabolizada", calcula Regina. Nessa viagem, cada grama de álcool produz 7 calorias. "Mas são calorias vazias, porque o álcool em si não fornece nutrientes". 

quarta-feira, 20 de março de 2013

Com o intuito de diminuir os índices de obesidade, fator de risco para o surgimento de tumores, o Fundo Internacional de Pesquisa do Câncer divulgou um relatório sobre quanto as bebidas alcoólicas afetam as tentativas de emagrecimento. Segundo o documento, pelo menos 10% das calorias consumidas por quem bebe com frequência vêm do álcool. "É importante maneirar, até porque a ingestão dessas bebidas faz com que a gordura corporal se acumule na barriga, onde se torna mais perigosa", avisa Maria Edna de Melo, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). 

Drinques engordativos 
Uma lata de cerveja pilsen 150 calorias 

Um copo de vinho tinto 124 calorias 

Um copo de cuba libre (refrigerante de cola com vodca)117 calorias 

Uma taça de espumante 111 calorias 

Um copo de hi-fi (suco de laranja com vodca) 109 calorias

A experiência israelense contou com a participação de 78 policiais gordinhos. Eles seguiram uma dieta de aproximadamente 1 500 calorias, composta de 20% de proteínas, de 30 a 35% de gorduras e de 45 a 50% de carboidratos - ou seja, equilibrada e digna de quem deseja caber em uma calça dois números menor. A diferença crucial é que, enquanto uma parte dos voluntários podia distribuir o consumo dos carboidratos no decorrer do dia, a outra foi orientada a concentrar a ingestão desse macronutriente no mítico período noturno. 

Depois de seis meses, todo mundo eliminou, em média, 10 quilos. Porém, o que realmente surpreendeu foi a mudança no padrão de secreção hormonal daqueles que esperaram o sol se despedir para levar o carboidrato à mesa. "A leptina, substância que diminui o apetite, subiu durante o dia, momento em que não houve pico de grelina, o hormônio da fome", descreve a nutricionista Rávila Graziany, da Universidade Federal de Goiás. "Esse padrão provavelmente explica o fato de esse grupo ter apresentado índices bem maiores de saciedade", conclui. 

No dia a dia, o resultado representaria grande vantagem para quem trava uma batalha contra o ponteiro da balança. "Se a pessoa emagrece e, ao mesmo tempo, sente menos vontade de comer, há mais chances de ela se manter fiel à dieta", calcula o nutricionista e farmacêutico bioquímico Gabriel de Carvalho, membro do Conselho Regional de Nutricionistas do Rio Grande do Sul. 

Mas não é só por isso que a análise da Universidade Hebraica gera grande interesse e - por que não? - alegria. "Ela quebra aquele paradigma de que não se deve comer carboidratos à noite", avalia o endocrinologista Amélio Godoy Matos, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a Sbem. Paradigma, diga-se de passagem, que nunca teve comprovação científica. "Os verdadeiros responsáveis pelo ganho de peso são a ingestão exagerada de calorias, a alimentação desequilibrada e o sedentarismo", enumera a nutricionista Joyce Gouveia, da Divisão de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Outro argumento que advoga em favor do macarrão no jantar é que o hormônio adiponectina apareceu em níveis bem mais elevados entre aqueles que apostaram na dieta, digamos, inusitada sugerida pelos estudiosos. "Essa substância é considerada protetora, uma vez que favorece a ação da insulina e, consequentemente, o aproveitamento da glicose pelas células", aponta o endocrinologista Paulo Rosenbaum, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. "Dessa forma, o risco de desenvolver diabete despenca."

terça-feira, 19 de março de 2013

Todos os anos, no nono mês do calendário islâmico, os muçulmanos dão início ao Ramadã. O período sagrado, com duração de 30 dias, celebra a revelação do Corão a Maomé e é marcado por determinadas restrições. Uma delas é jejuar desde o amanhecer até o sol se pôr. Só depois, com o cair da noite, é que as refeições estão, finalmente, liberadas. Esse baita chacoalhão nos hábitos alimentares acabou por despertar o interesse da ciência. Estudos mostraram, por exemplo, uma alteração nos padrões de liberação da leptina, hormônio que sinaliza para o cérebro que é hora de soltar o garfo. 

Inspirados por esse dado, pesquisadores da Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel, decidiram investigar o que acontece com a saciedade e a saúde de quem espera o jantar para comer carboidratos. Na pesquisa, vale frisar, foi observado o sobe e desce não só da leptina mas de outros dois importantes hormônios: a grelina e a adiponectina. "A primeira desencadeia a fome, e a segunda, entre várias funções, facilita a ação da insulina", resume o endocrinologista João Eduardo Nunes Salles, vice-presidente da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, a Abeso. 
Apenas 150 gramas muito bem distribuídos em 12 centímetros de altura (clique na imagem para conferir a explicação) — parece pouco, principalmente quando comparados a pulmões e fígado. Porém, os rins são responsáveis por funções vitais no organismo. E, quando esses pequenos notáveis convalescem, é encrenca na certa: a doença renal crônica (DRC), mal que não costuma avisar sobre sua existência, destrói as estruturas renais até chegar ao ponto em que o órgão para de funcionar.

"DRC é o termo que se refere a todas as doenças que afetam os rins por três meses ou mais, o que diminui a filtração e afeta algumas de suas atribuições", explica a nefrologista Gianna Mastroianni, diretora do Departamento de Epidemiologia e Prevenção da Sociedade Brasileira de Nefrologia. O problema é tão sério que renomadas instituições brasileiras criaram a campanha Previna-se, vencedora do Prêmio SAÚDE 2011 na categoria Saúde e Prevenção. "Nem sempre as doenças renais têm sintomas. Em muitos casos, o indivíduo não percebe e o diagnóstico é feito com atraso", completa Gianna.

Apesar de ser caracterizada como uma doença silenciosa, a DRC pode dar alguns sinais. No entanto, quando eles aparecem, costuma ser tarde demais. "O rim é um órgão muito resistente, e esses sintomas só vão se manifestar nos estágios 4 e 5 do problema, quando ele está muito avançado", conta o nefrologista Leonardo Kroth, da Sociedade Gaúcha de Nefrologia. Além de só surgirem em situações extremas, muitas dessas manifestações tendem a ser confundidas com outras enfermidades. Daí a importância de sempre visitar o médico e pedir os exames que detectam as alterações indesejadas nos filtros do corpo humano.

segunda-feira, 18 de março de 2013

É na adolescência que ela costuma dar as caras. Daí para a frente, a celulite se torna a grande sabotadora das pernas femininas lisinhas. A procura por uma fórmula para combater o aspecto de casca de laranja leva a um troca-troca de informações, dando vazão a várias dicas. Mas como separar o que é fato do que é balela nesse assunto? A resposta está na ciência, interpretada por especialistas. A má notícia é que não há um jeito 100% eficaz de dar um fim à chateação. Mas existem maneiras de amenizá-la, principalmente se o tratamento começar logo depois dos primeiros sinais - e envolver mudança de hábitos. 

A tecnologia em favor da pele lisa
É comum associar diferentes métodos para melhorar a eficácia do tratamento. Conheça os mais usados 

Ultrassom A carga de energia da máquina penetra até a hipoderme, a camada onde se concentram as células adiposas, e provoca a sua ruptura sem danificar as demais estruturas, como os vasos e os outros tecidos. Por isso a paciente não sente nenhum tipo de desconforto e pode voltar à vida normal em seguida. A gordura cai na circulação e é eliminada pela urina. É possível reduzir alguns centímetros em cada aplicação, mas somente depois de um mês dá para notar o efeito final. 

Radiofrequência Ao chegar à parte mais profunda da pele, ela age em duas frentes: ataca as células de gordura e aquece o colágeno, fazendo com que ele se remodele automaticamente. Assim, melhora a flacidez e a textura do tecido e ajuda a redefinir o contorno corporal. Como a radiofrequência estimula a fabricação de novas fibras de sustentação, notam-se resultados até seis meses depois da aplicação. O tratamento não provoca dor, apenas pode deixar a região tratada levemente avermelhada. 

Infravermelho + Radiofrequência + Massagem A máquina reúne três mecanismos de ação e, assim, garante melhores resultados. A massagem, feita por sucção e rolamento, age como uma drenagem linfática, combatendo a retenção de líquido soltando as traves fibrosas que repuxam a pele. Os raios infravermelhos contraem as fibras de colágeno, deixando a pele mais firme. A radiofrequência, por sua vez, penetra mais fundo e, além de agir contra a flacidez, acelera o metabolismo das células de gordura, fazendo com que elas fiquem menores. 

Carboxiterapia e subcisão Essas são terapias mais invasivas. A carboxiterapia consiste em injeções de dióxido de carbono, um gás que auxilia a circulação e a oxigenação dos tecidos. Já a subcisão é uma pequena cirurgia feita com anestesia local indicada para os quadros mais graves. Nesse caso, o médico corta as traves fibrosas, corrigindo as imperfeições. Esse procedimento rasga vasos sanguíneos, gerando um hematoma que dará origem a um novo tecido que ocupará o espaço onde estavam os buracos.
Um tratamento facial tem feito barulho nos últimos dias. O procedimento estético, usado pela socialite Kim Kardashian, deixou todo mundo assustado, ou no mínimo curioso. Fomos investigar esse estranho tratamento de beleza.

Segundo Jayme de Oliveira Filho, do departamento de cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), "na medicina sempre existiram ‘modismos’ pontuais que acabam por desaparecer sem que nós médicos entendamos o porquê de seu aparecimento". Em contrapartida, segundo a dermatologista dos Hospitais Brasil e Assunção, da Grande São Paulo, Meire Gonzaga, o procedimento não é tão novo assim.

O tratamento facial leva o nome popular de "Lifting Facial do Vampiro", nome que segundo o médico já mostra o pouco zelo aos estudos científicos. O procedimento tem como objetivo fazer com que o paciente rejuvenesça, diminuindo as marcas de rugas, ou até mesmo de linhas de expressão.

Essa nova fórmula rejuvenescedora é feita da seguinte maneira: segundo a dermatologista Meire Gonzaga, o sangue é retirado da própria pessoa que será submetida ao procedimento, "após a retirada do sangue, este passa por uma centrífuga, que formará um líquido branco, o plasma rico em plaquetas". O plasma rico em plaquetas é chamado de PRP e sua função no procedimento é estimular a produção de mais colágeno na pele, dando assim o efeito desejado.

Questionada sobre o sangue no rosto de Kim Kardashian que circulou pelas redes sociais na internet, a dermatologista disse que as imagens não fazem sentido porque o líquido é branco e não vermelho. Não há aquela quantidade de sangue que aparece no vídeo veiculado. Inclusive, o procedimento é simples e no dia seguinte os pacientes podem trabalhar normalmente.

Ainda, segundo a dermatologista Meire Gonzaga "com a utilização do PRP há uma melhora no brilho, elasticidade, flacidez, e rugas de expressão". Já, Jayme de Oliveira Filho, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), não vê benefício algum nesse tipo de tratamento para as pessoas, e faz um alerta para que não se submetam a ele.

O tratamento ainda não é muito utilizado no Brasil, já que segundo Meire, muitas questões éticas estão envolvidas, além do procedimento só poder ser feito dentro de centros cirúrgicos. Jayme de Oliveira Filho conclui que "o tratamento não oferece nada de comprovação científica aos pacientes a ele submetidos."
 

segunda-feira, 11 de março de 2013


 
É verão! Nesse período, as pulgas se desenvolvem de forma rápida no ambiente e na pele de nossos cachorros. A preocupação com esses parasitas, porém, está longe de ser apenas devido ao incômodo que provocam por meio da coceira e de lesões na pele. Acreditem: o caos que é a infestação dos bichinhos pode causar até mesmo anemia, além das feridas na cútis, principalmente em volta da cauda, e da perda de pelos nos cães. Alguns animais, dependendo da coceira, podem até perder o apetite e, assim, ficar mais propensos também a outras doenças.

Além de todas as questões expostas acima, as pulgas podem também ser responsáveis pela transmissão do Dipilidium, um verme bastante comum e que compete com os nutrientes ingeridos pelo cão. Para conter os transtornos, existem produtos tão modernos e eficientes que podem até mesmo ser utilizados em filhotes.

Alguns são sprays, utilizados em toda a pelagem, e outros são aplicados pelo método denominado top-spot, que consiste em pingar uma pequena quantidade do produto na região da nuca. O remédio é então absorvido pela pele e espalhado para as demais regiões do corpo com ajuda da gordura que fica abaixo da cútis. Em geral, essas substâncias são seguras e duram cerca de três semanas. Depois, siga a risca a manutenção do tratamento.

Seja em spray ou top-spot, é importante não banhar ou escovar o animal dois dias antes e dois dias após a aplicação. Isso fará com que o produto dure o período desejado. No mais, em casos de grande infestação, deve-se tratar, além do bichinho, também o ambiente. Isso mesmo! Muitos donos de pets tratam o seu melhor amigo e esquecem que é no ambiente que se instalam os ovos de pulgas e suas próximas gerações.
 
Para tratar o local, deve-se escolher uma empresa que realize uma dedetização especial contra pulgas e avisá-la sobre a utilização de um produto que não seja tóxico aos animais. Na dúvida, tire férias junto ao seu pet! Uma saída pode ser a melhor opção nesse período.

É imprescindível também lembrar que o tratamento para evitar as pulgas deve ser constante, pois, em um simples passeio, elas podem infestar novamente o bichinho. Nesse caso, a prevenção é a maior aliada do controle!


Você já teve a impressão de que o seu cachorro acordou com o rosto inchado? Pois bem, você estava certo. Muitas vezes, o sinal mais comum de um processo alérgico agudo nos cães é o edema, também conhecido como inchaço na face.

A princípio, é essencial que os donos tentem observar o que pode ter desencadeado o problema, tentando evitar uma nova exposição ao agente alergênico. Medicamentos, picadas de inseto e, pasmem, até mesmo as vacinas podem ser as responsáveis pelos edemas. Daí, os sintomas não demoram a aparecer e o inchaço na face é confirmado por um exame em que o médico veterinário pressiona a face do animal e nota uma marca chamada sinal Godet positivo.

Feito o diagnóstico, o veterinário deverá tratar o problema fazendo uso de cortiocóide e de um anti-histamínico (antialérgico). Esse é um tratamento emergencial que normaliza o inchaço e evita crises graves de alergia, as quais podem evoluir para um edema de glote perigoso. Portanto, ao identificar tais sintomas, leve rapidamente o seu cãozinho a um pronto-socorro animal.

Para os cachorros que têm alergia a alguns tipos de vacina, a solução não é abandonar as injeções, mas apostar em uma medicação preventiva antes de expô-lo novamente ao risco. Se o problema for desencadeado por remédios, como antibióticos, a alternativa é trocar a medicação. No caso das picadas de insetos, o melhor ainda é telar os ambientes em que o animal costuma ficar. Alguns produtos repelentes próprios para cães também podem ser utilizados.
 
Portanto, para evitar sustos, a dica é ficar atento a tudo o que pode fazer mal ao seu bichinho. Cãobinado?

domingo, 10 de março de 2013


"Os fotoprotetores devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição ao sol e reaplicados a cada uma hora", ensina a dermatologista Shirlei Borelli, de São Paulo. Na meninada a atenção deve ser redobrada e, se o bebê for menor de 6 meses, é melhor nem pôr a carinha para fora nos horários mais quentes. Aliás, muitos especialistas desaconselham a ida à praia no primeiro semestre de vida. "Os efeitos do sol são cumulativos", alerta o dermatologista Victor Reis, do Hospital das Clínicas da capital paulista. Estragos invisíveis — no núcleo das células — ocorridos na mais tenra idade podem virar o câncer da maturidade.

A radiação solar se divide em quatro tipos:
1. Ultravioleta A (UVA) 
Vai até a segunda camada da pele, a derme, e estimula o bronzeado. 

2. Ultravioleta B (UVB) 
Pára na superfície da pele e a deixa ressecada. 

3. Ultravioleta C (UVC) 
É o mais nocivo e causa tumor porque vai fundo. Mas costuma ser barrado pela camada de ozônio. 

4. Infravermelhos 
Aquecem o corpo e dilatam os vasos. 

A proteção contra os raios solares é essencial 
Infelizmente o sol envelhece e, o que é pior, leva ao câncer. Mas não é por isso que todo mundo vai ficar trancado em casa. Para desfrutar da estação ensolarada, fique de olho no relógio. Fuja dos raios de sol entre 10 e 15 horas (acrescente 60 minutos se estiver no horário de verão). E não deixe de se lambuzar de filtro. Nada de economia. "A camada deve ser espessa", diz o dermatologista Sérgio Yamada, da Universidade Federal de São Paulo. Os fotoprotetores estão cada vez mais modernos e existem até fórmulas sem perfume para quem tem alergia. Se você dormir na cadeira de praia, os raios ultravioleta podem maltratá-lo. "São eles que danificam o DNA das células, fazendo com que elas se multipliquem de forma desordenada", explica o cirurgião plástico Rogério Izar, do Hospital do Câncer, em São Paulo. É assim que surge o tumor de pele.

Existem duas formas de filtrar a radiação
1. Barreira física
Esse tipo de filtro forma uma película que reflete o raio solar. Ele bate nela e se dissipa.

2. Barreira química
As moléculas desse filtro absorvem os raios, transformando-os em outro tipo de energia, inócua para a pele.