quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Há quem não pestaneje em dizer que dormir é sinônimo de perda de tempo. Trabalho, provas, festas, viagens — motivos (ou desculpas) não faltam para deixar a cama de lado. Mas o corre-corre, culpado pela rejeição ao travesseiro, cobra seu preço. Mais do que uma ilusão, fugir do sono é desferir um golpe no próprio corpo. No último congresso mundial de estudiosos desse assunto, o Sleep, realizado recentemente nos Estados Unidos, não restaram dúvidas: além de repor a energia, trata-se de um antídoto contra problemas bem mais graves que as visíveis olheiras. 

Mas saiba que o descanso não exige apenas oito horas sob os lençóis. Ele requer regularidade — sim, o ideal é adotar um horário para despertar e outro para se deitar. "O sono também não deve ser fragmentado, ou seja, interrompido muitas vezes ao longo da noite", avisa o neurologista Rubens Reimão, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Esses cuidados são cruciais para que o organismo relaxe e cumpra tarefas exclusivas da madrugada. "É nesse período que produzimos o hormônio do crescimento, caro à recuperação dos músculos e dos ossos", diz Reimão. E ainda fabricamos a melatonina, que zela pelas células e dá corda no relógio biológico. Bem, não vá bocejar justo agora. Trate de espantar por alguns minutos a vontade de contar carneirinhos e confira o que a ciência tem comprovado sobre os benefícios de pregar os olhos. 

1. O elixir da longa vida 
Assim poderia ser definido o sono — e não há exagero nessa afirmação. Um de seus efeitos protetores foi revelado por um estudo apresentado no Sleep. O trabalho acompanhou 5 mil americanos durante oito anos. Os indivíduos que prezaram um bom descanso noturno tornaram- se menos vulneráveis a todo tipo de doença. "As pessoas que dormem menos de seis ou mais de nove horas correm mais risco", conta a líder da pesquisa, Alison Laffan, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins. Quando falamos em sono, nem sempre quantidade espelha qualidade. Ficar tempo demais debaixo das cobertas pode ser o resultado de uma noite conturbada e não reparadora. "E essa condição aumenta a pressão arterial, favorecendo males cardiovasculares", diz a cientista. 

2. Em paz com a balança 
A batalha para emagrecer parece invencível? Então avalie como andam suas noites. Existem fortes indícios de que ficar em claro financie essa derrota. "A privação de sono faz cair a produção de leptina, o hormônio da saciedade", afirma o neurologista Luciano Pinto Júnior, presidente da Associação Brasileira do Sono. Quem não apaga como deveria tende a exagerar nas refeições e ainda tem pouca disposição para se exercitar. O excesso de peso, aliás, costuma ser acompanhado pela apneia, distúrbio marcado por roncos e interrupções na respiração durante a noite. "Cerca de 50% dos obesos sofrem dessa doença, que contribui para perpetuar os quilos a mais", diz a cardiologista Germana Linhares, da Universidade Federal do Ceará

3. Xô, diabete! 
Há alguns anos a insônia é acusada de incentivar esse mal. Um estudo da Universidade do Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, encontrou uma nova prova dessa perigosa ligação: pacientes insones — que têm dificuldades para adormecer ou manter o sono — estão mais sujeitos ao diabete tipo 2. Outro trabalho realizado em solo ianque, também discutido no Sleep, concluiu que tanto dormir de mais como de menos prepara o terreno para o transtorno. Embora nem todos os mecanismos para justificar esse elo tenham sido decifrados, os especialistas creem que a privação de sono — intencional ou patológica — atrapalhe a ação da insulina, o hormônio que leva o açúcar para dentro das células. Esse seria o primeiro passo para o desenvolvimento do mal do sangue doce. 

4. DNA resguardado 
O código genético é o primeiro da fila a sofrer retaliações pelas noites maldormidas. Para calcular até que ponto as unidades do genoma se alteram devido a esse serão às avessas, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) submeteram um grupo de ratos a uma experiência. Eles impediram que os bichinhos chegassem ao estágio mais profundo do sono, a fase REM, durante quatro dias. "Ao analisar mais tarde o cérebro dos animais, notamos mudanças nas expressões de genes ligados à manutenção da atividade celular e à proteçãocontra radicais livres", conta Camila Guindalini, uma das autoras. É provável ainda que tais modificações tenham ocorrido em outros cantos do corpo. Mas o que aconteceria se, depois desse suplício, os ratos pudessem repousar por 24 horas? Camila e os colegas fizeram o teste. "Apenas 62% dos genes alterados voltaram ao normal", diz. Agora, a equipe já analisa o impacto da carência do sono REM em seres humanos. Apesar de ser possível restabelecer o DNA após um final de semana em claro, esse caminho se torna sem volta quando a privação de sono é contínua. Afinal, isso pode corroborar mutações, transformações irreversíveis nos genes que estão por trás de males degenerativos. 

5. Cabeça nota 10 
Esta é para você convencer seu filho a largar o computador e ir para a cama antes da meia-noite. Segundo um trabalho da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, um sono de qualidade aprimora o desempenho acadêmico. Após avaliar 56 adolescentes, os pesquisadores observaram que quem dormia pouco ou acordava muito ao longo da noite teve as notas mais baixas em disciplinas como matemática e línguas. "O repouso fragmentado é prejudicial porque impede de chegar aos estágios mais profundos do sono", diz a biomédica Deborah Suchecki, da Unifesp. A especialista está finalizando um estudo com achados semelhantes. "Animais que aprendem uma tarefa e são privados de sono têm uma pior performance quando vão realizá-la", conta. "Mas, se os deixamos dormir, sua atuação é tão boa quanto a dos animais que não são desprovidos de descanso." 


6. Ideias a mil 
Há dias em que quebramos a cabeça para resolver um problema e, após horas extenuantes, não conseguimos dar cabo dele. Daí, basta uma bela adormecida para na manhã seguinte cumprir a tarefa em minutos. Ora, dormir é um remédio para a criatividade. Quem assina embaixo é a expert em sono Sara Mednick, da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, que acaba de mensurar esse potencial. "Descobrimos que a fase REM, aquela em que sonhamos, melhora em até 40% a habilidade de solucionar questões que exigem nosso lado criativo", conta. "Isso porque nesse estágio ocorrem associações entre ideias que antes estavam desconexas", explica Mednick. "Durante os sonhos, o cérebro processa os eventos do dia e se prepara para resolvê-los", comenta Deborah Suchecki.


7. Em prol da memória 
Todos já devem ter ouvido falar que dormir bem é fundamental para a consolidação das lembranças. Isso é fato. Mas uma pesquisa apresentada no Sleep pela Universidade Harvard, também em terra americana, atesta que ela faz toda a diferença na hora de selecionar o que é mais relevante guardar para o futuro. "À noite o cérebro reprocessa as informações e passa a armazenar a memória", afirma a neurologista Suzana Schonwald, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. "Ele realiza uma espécie de transferência de arquivos", compara. Esse serviço permite escolher e fixar as recordações que conservaremos para o resto da vida 

8. Poder anticâncer 
A calada da noite é um momento ímpar para que as forças de defesa se organizem e estejam aptas a desarticular tumores o mais cedo possível. Quando estamos aconchegados no travesseiro, nosso corpo libera substâncias que participam direta ou indiretamente dessa missão. A melatonina, por exemplo, ativa linhas de combate contra os radicais livres que lesam o DNA. Como ela é fabricada depois que o sol se põe, é vital que não troquemos a noite pelo dia. "Estudos apontam que trabalhadoras noturnas correm mais risco de desenvolver câncer de mama", exemplifica Rubens Reimão. Não bastasse corrigir falhas genéticas que culminam na doença, esse apagão temporário (e benéfico) do organismo retardaria sua evolução. 

9. Felizes para sempre 
O casal que se ama deve cuidar da qualidade das suas noites — e não estamos falando da agitação entre os lençóis. O psicólogo Brant Hasler, da Universidade de Pittsburgh, constatou, depois de analisar 29 pares, que um sono irregular patrocina crises conjugais. "Existe um ciclo vicioso: os parceiros que vivem discutindo dormem mal, e isso, por sua vez, piora a relação no dia seguinte", explica. "Consideramos um sono problemático quando os participantes demoravam muito para adormecer e acordavam várias vezes na madrugada", esclarece Hasler. Para os casais que estão em pé de guerra, o especialista deixa um conselho: "Tente resolver os conflitos antes de se deitar, porque eles podem perturbar o sono, dando continuidade às brigas". 

10. Coração forte 
Na verdade, todos os vasos são gratos quando a gente se desliga do plugue à noite. A retribuição a esse investimento é uma probabilidade bem menor de ser vitimado por infartos e derrames. "O déficit de sono coloca o corpo em estado de alerta, o que dispara a produção de hormônios ligados ao estresse e eleva a pressão arterial, condições favoráveis à doença cardiovascular", explica a bioquímica Michelle Miller, da Universidade Warwick, na Inglaterra. Madrugadas turbulentas resultam numa indesejada descarga de adrenalina na circulação, algo que corrompe a elasticidade das artérias. Perigo dobrado correm os portadores de apneia do sono. "Ela já é considerada um fator de risco independente para a hipertensão", afirma Germana Linhares. E a pressão nas alturas, como você sabe, é o estopim para ataques cardíacos e cerebrais. 

Por falar nisso, a privação de sono é ainda mais devastadora ao coração feminino. Foi o que comprovou a pesquisadora Michelle Miller ao analisar mais de 4 600 ingleses. "Diferentemente dos homens, as mulheres que dormiam menos de cinco horas por dia apresentavam níveis elevados da proteína C-reativa no sangue", revela Michelle. Essa molécula é usada pelos médicos como um marcador do risco cardiovascular porque indica o grau de inflamação no organismo. "Os processos inflamatórios, estimulados pelo pouco sono, favorecem a formação de placas nas artérias", justifica Michelle. Ainda não se sabe por que elas estão mais suscetíveis à ameaça, mas os marmanjos não devem sair por aí contando vantagem. Boas noites de sono são imprescindíveis a qualquer um que pretenda manter a saúde em forma.



terça-feira, 27 de agosto de 2013

Pessoas que dormem menos de seis horas por noite correm um risco quatro vezes maior de sofrer um acidente vascular cerebral. Essa é a conclusão de um estudo feito pela universidade do Alabama, nos Estados unidos, depois de acompanhar mais de 5 mil pessoas durante três anos. "A privação de sono aumenta a pressão arterial, proporciona o ganho de peso, favorece o diabete e causa inflamações crônicas no corpo", conta o neurologista Fernando morgadinho, do Instituto do Sono, na capital paulista. "Esses fatores facilitam a obstrução dos vasos, o que pode resultar no derrame."

Por mais curioso que pareça, o grupo mais vulnerável foi o de adultos ativos e no peso ideal. Os resultados mostram que, para livrar o cérebro de complicações, uma noite bem-dormida — entre sete e oito horas — é tão importante quanto uma rotina ativa.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Se você anda adotando estratégias erradas no dia a dia, convivendo com desempenhos baixos e discutindo sem motivo aparente, preste atenção no seu sono. Novas pesquisas confirmam que uma noite maldormida destrambelha o processamento das emoções, compromete o raciocínio e até debilita a memória
Segundo um estudo do Laboratório de Sono e Neuroimagem da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, indivíduos que passam pouco tempo na cama por apenas uma noite já ficam mais aflitos do que o normal ao serem obrigados a cumprir uma tarefa desafiadora. Exames de imagem retratam que a privação do sono catapulta o impacto do estresse em áreas do cérebro responsáveis pela atividade emocional, especialmente na amígdala, estrutura relacionada a respostas negativas e a experiências desagradáveis. Para as pessoas naturalmente ansiosas, o quadro pode ser ainda pior. 
"O equilíbrio dos sentimentos depende da qualidade do sono, e vice-versa. Sem dormir direito, ocorrem alterações de comportamento, já que a produção de neurotransmissores e hormônios fica desregulada", afirma a neurologista Anna Karla Smith, do Instituto do Sono, em São Paulo. 

Uma das substâncias que vão às alturas quando não dormimos bem atende pelo nome de cortisol. E esse hormônio é conhecido por patrocinar o nervosismo ou até deflagrar uma crise de ansiedade exacerbada. "Aliás, essa molécula aparece em altos níveis nos pacientes com depressão. Talvez seja uma ligação química entre essa doença e a insônia", sugere a bióloga Yara Fleury Van Der Molen, do Ambulatório de Neuro-Sono da Universidade Federal de São Paulo. 

Já entre os neurotransmissores mais afetados pelo pouco tempo sob os cobertores se destaca a serotonina, ligada ao bem-estar. Sem um número adequado de horas dormidas, sua concentração no cérebro cai drasticamente. Aí, surgem mais irritação e até sensações dolorosas. 

Não pregar os olhos abala inclusive nossas escolhas durante as refeições. Em um segundo levantamento da Universidade de Berkeley, os pesquisadores pediram a adultos que indicassem alguns alimentos de uma lista de 80 opções. Resultado: os voluntários privados de sono tendiam a preferir as guloseimas menos saudáveis. E tem mais: com o auxílio de exames de imagens, os cientistas verificaram que esses participantes apresentavam falhas no lobo frontal, parte do cérebro responsável pela tomada racional de decisões. Em outras palavras, muito provavelmente as poucas horas sonhando atrapalham o desempenho cognitivo de uma forma geral, que vai muito além da mesa de jantar. 

De acordo com a neurologista Rosa Hasan, do Departamento de Sono da Academia Brasileira de Neurologia, em quem dorme pouco é possível notar uma maior dificuldade para tomar decisões, manter o raciocínio e até mesmo para manter uma conversação. "Determinadas ações, como dirigir, também ficam bastante comprometidas. Se for necessário fazer alguma escolha rápida, a pessoa terá sérios problemas", complementa. 

O curioso é que essas panes ainda implicam uma mente cada vez mais intranquila. "O sujeito tem a concentração diminuída e uma probabilidade acentuada de cometer erros. Quando percebe o equívoco, fica inseguro, e isso aumenta a ansiedade", arremata Yara. 

Dormir para aprender 

Varar a madrugada com o intuito de estudar, diga-se, é uma espécie de autossabotagem, segundo uma pesquisa divulgada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (Ucla), nos Estados Unidos. O estudo, conduzido pelo psiquiatra Andrew J. Fuligni e sua equipe, analisou as horas de estudo, as de sono e os resultados acadêmicos de 535 estudantes americanos, e descobriu que os alunos que dormiam menos possuíam dificuldade extra na compreensão de conteúdo passado pelo professor, além de receber notas mais baixas em provas. 

"A fase do sono que fixa o aprendizado no cérebro é a REM, a dos sonhos e dos movimentos oculares", ressalta o neurologista Shigeo Yonekura, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. "É nela que transformamos as memórias de curto em longo prazo", completa. Acontece que chegar a esse estágio profundo - e permanecer nele - demanda um bom tempo de cabeça apoiada no travesseiro. "Por isso, privar-se de dormir facilita o esquecimento", analisa Yonekura. 

O artigo da Ucla ainda conclui que o sucesso acadêmico depende de uma estratégia de estudos que não culmine em bocejos e mais bocejos no dia seguinte. "Se for realmente necessário, sacrifique horas de outras atividades menos importantes, mas nunca deixe de dormir", sugerem os autores americanos no texto do trabalho. 

Claro que não conseguir apagar um ou outro dia é normal. A isso se dá o nome de insônia eventual, aquela que surge quando você está muito preocupado ou até animado. "Mas quem, por falta de sono, dorme duas horas a menos por mais de cinco dias na semana, durante mais de três meses, pode ser classificado como um insone crônico", adverte o pneumologista e presidente da Associação Brasileira do Sono, Francisco Hora. Se esse for seu caso, vale ir atrás de um especialista. 

Agora, há também aqueles que simplesmente se recusam a fechar as pálpebras já pesadas porque querem ver uns minutinhos de televisão, ler o final de um capítulo do livro ou decorar fórmulas para o exame final. Esse grupo, que fique claro, não está livre dos efeitos da carência de horas dormidas. Por isso é preciso se livrar dessas armadilhas. "O grande remédio para uma vida longa, com bom humor e excelente cognição é uma ótima noite de sono", aposta Hora. Você não será o único satisfeito ao recarregar as energias de forma adequada. As pessoas que vivem ao seu lado também agradecerão. 

triste face da insônia

Ficar sem vontade de dormir pode ser sinal de depressão. Se essa situação não é contornada, a tristeza profunda dificilmente desaparece. E, mesmo quando ela some, a probabilidade de retornar é grande. Os antidepressivos lidam com a melancolia e provocam sonolência, mas precisam ser acompanhados de terapia para que questões emocionais, possíveis causas de ambos os sintomas, sejam resolvidas. 

A insônia e o Alzheimer

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, revelaram que os problemas para dormir podem ser um dos primeiros sinais da doença de Alzheimer. Os estudos constataram uma redução no tempo de sono de ratos que começaram a desenvolver, no cérebro, placas da chamada proteína beta-amiloide, precursoras do mal. 

Para turbinar o sono e a mente

A meditação relaxa ao mesmo tempo que garante atenção nos momentos necessários. Por isso, potencializa tanto o desempenho do cérebro no dia como traz a vontade de dormir à noite. Já os exercícios, além de causarem cansaço, o que ajuda a adormecer, estimulam os neurônios. Mas, se praticados perto da hora de dormir, geram insônia.

Quando perguntado sobre qual deveria ser o principal objetivo de vida das pessoas, o poeta romano Juvenal (55-127 d.C.) não pensava duas vezes antes de responder: mens sana incorpore sano. Ou, do latim para o português, uma mente sã num corpo são. A frase, repetida à exaustão durante os séculos que viriam, integrou Sátiras, obra mais famosa do literato. De algum modo, a antiga citação antecipa um tema que a ciência moderna esmiúça com afinco: a relação entre o estado de ânimo e a saúde.

Um dos exemplos mais recentes desse interesse acadêmico vem da Universidade da Califórnia, nosEstados Unidos. Os especialistas da instituição pesquisaram, em idosos com depressão, a eficiência da vacina contra herpes-zóster, uma infecção que provoca dores e feridas na pele. Aqueles que sofriam com os quadros depressivos e não passaram por tratamento medicamentoso tinham, após a injeção, uma produção menor de anticorpos quando comparados aos velhinhos com a cabeça em paz. "Nesses casos, a liberação excessiva de hormônios estressantes, como o cortisol, prejudica a resposta do sistema imunológico à vacina", explica o endocrinologista Walmir Coutinho, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Meses depois, os cientistas foram além. Eles testaram o imunizante nos mesmos indivíduos deprimidos, mas que, após aquele primeiro teste, começaram a usar remédios para combater a tristeza sem fim. Resultado: a resposta imunológica foi muito mais consistente, comprovando o benefício do tratamento psiquiátrico e o papel deletério da doença nas nossas defesas naturais. "A depressão inicia um processo inflamatório que aumenta o risco de outras enfermidades darem as caras", resume o clínico geral Paulo Olzon, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Mas é possível relacionar o achado sobre o herpes-zóster a outros tipos de vacinas e drogas? Os especialistas entendem que sim. "Distúrbios emocionais podem restringir a ação de diferentes fármacos por causa do desequilíbrio de hormônios e neurotransmissores, que fazem a comunicação entre diversas regiões do organismo", conta o psicólogo Esdras Vasconcellos, da Universidade de São Paulo (USP).

O estudo californiano figura como um bom exemplo de uma área que vem ganhando destaque na medicina, a psiconeuroimunoendocrinologia. Seu objetivo é compreender como os sistemas nervoso, endócrino e imune se relacionam entre si e reagem aos estímulos psicológicos, vindos dos pensamentos e da interação com o ambiente. "Os quatro complexos conversam por meio de receptores, hormônios, neurotransmissores e outras moléculas. O equilíbrio entre eles é fundamental para que o corpo funcione direito", diz o imunologista Momtchilo Russo, do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Essa discussão pode ser ampliada para outros problemas típicos da vida moderna, como o estresse. Uma investigação da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, expôs 276 voluntários tensos a um resfriado comum. Testes de sangue comprovaram que o contra-ataque imunológico ao agente invasor era mais fraco em relação a indivíduos que se diziam relaxados. A pesquisa concluiu que o nervosismo é capaz de interferir diretamente nas linhas de defesa do organismo.

Vamos tomar como exemplo um sujeito que acaba de receber a notícia da morte de um familiar de quem gostava muito. Num primeiro momento, a informação é encaminhada para a cabeça a fim de dar uma interpretação ao fato, o que acontece em frações de segundo. Algumas das áreas acionadas são as que processam nossas memórias — é uma tentativa de estabelecer um paralelo entre a nova informação e situações similares vividas no passado. "O fato também atinge a amígdala, estrutura cerebral que vai julgar a sua importância emocional. Se for considerado grave, é disparada uma série de reações, que passam pelo hipotálamo e pela hipófise", relata o psicobiólogo Ricardo Monezi, da Unifesp.

Depois de todo esse processo, a massa cinzenta lança na circulação o adrenocorticotrófico, molécula que viaja até as glândulas suprarrenais, localizadas acima dos rins, e estimula a produção de hormônios do estresse, como o cortisol. As substâncias enervantes, então, caem no sangue, onde incidem sobre os linfócitos, as principais células de defesa do corpo. O mecanismo pode se repetir diversas vezes, com prejuízos incontáveis para a saúde.

Assim como a diferença entre o veneno e o antídoto é a dose, a quantidade de cortisol perambulando nos vasos determina se sua ação será boa ou ruim. "O aumento prolongado dos seus níveis implica uma redução da competência do sistema imunológico no combate a agentes agressores", descreve o psiquiatra William Dunningham, da Universidade Federal da Bahia. "Isso faz com que indivíduos persistentemente estressados fiquem vulneráveis às infecções virais e bacterianas e inclusive ao surgimento de tumores", completa. Na contramão, quando esse hormônio é secretado em pequenas porções durante eventos isolados, contribui para a manutenção dos anticorpos e até mesmo da memória e do cérebro como um todo.

Nem tudo são lágrimas 
Para tratar quadros leves de estresse, ansiedade e depressão, os médicos apostam em terapias alternativas como meditação, ioga e acupuntura. "Também procure investir numa alimentação adequada, priorizando fontes ricas em selênio e zinco, dois protetores do sistema de defesa", recomenda a alergologista Ana Paula Moschioni, diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Castanhas e frutos do mar, respectivamente, são opções ricas nesses minerais.


Para prevenir chateações, vale manter o bom humor sempre que possível. As gargalhadas atenuam a ação dos hormônios estressantes, ao mesmo tempo que fazem liberar substâncias para ajudar a manter a alegria em alta, como a dopamina e a endorfina. "Pessoas otimistas desenvolvem anticorpos a vacinas duas a três vezes mais rápido do que pessimistas", ressalta Monezi. De acordo com o pesquisador, amar (e ser amado) e realizar um trabalho voluntário também estão na lista de atitudes que garantem uma mente sã num corpo são.

Tensão à flor da pele 
Quando o nervosismo ou a tristeza passam dos limites, a pele é um dos órgãos que mais sofrem. "É comum que pessoas com distúrbios emocionais se cocem, arranquem cabelos e tentem, compulsivamente, espremer espinhas e cravos", exemplifica o dermatologista Roberto Azambuja, coordenador do Departamento de Psicodermatologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia. A bagunça nos hormônios ainda faz a acne ficar frequente.


Leva e traz - As substâncias abaixo estão por trás do forte elo entre mente e corpo
Cortisol -   Reconhecido como um dos hormônios do estresse, é produzido nas glândulas suprarrenais, que ficam logo acima dos rins. Em situações normais, o cortisol prepara o corpo para casos de perigo e emergência, elevando a pressão arterial e a oferta de açúcar no sangue.

Adrenalina - Também secretada pelas suprarrenais, compõe o time dos hormônios estressantes. Convocada em momentos de emoções fortes, deixa o organismo pronto para tomar uma atitude. Para isso, acelera as batidas do coração, estreita os vasos sanguíneos e prepara os músculos para a ação.

Noradrenalina - Fabricada nas glândulas que moram sobre os rins, tem influência direta no sono, no aproveitamento de nutrientes e no humor. Quando seus níveis estão equilibrados, contribui para que a pressão fique dentro dos conformes. Em períodos de tensão, o excesso da partícula está por trás da ansiedade.

Dopamina - Ela é recrutada pelo cérebro em situações prazerosas, que merecem ser repetidas. Na quantidade correta, a dopamina tem a função de regular o aprendizado, o desenvolvimento cognitivo, a memória e a qualidade do 
sono. A falta do neurotransmissor está relacionada à depressão e à doença de Parkinson.


Endorfina - Assim como a dopamina, traz a sensação de bem-estar. Sintetizado pela hipófise, na cabeça, o neurotransmissor é responsável por gerar sensações eufóricas, o que, por sua vez, atenua a tensão e até as dores físicas. Em taxas normais, fortalece o sistema imunológico e proporciona disposição para o corpo e a mente.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Sintomas - Obstrução nasal, dor de cabeça, dor no rosto, coriza, tosse, alteração ou ausência do olfato. Sintomas menos óbvios, como rouquidão e tontura, também podem estar associados à doença.

O que é - É a inflamação ou infecção dos seios da face, as cavidades que ficam no interior dos ossos, ao redor do nariz, da maçã do rosto e dos olhos. Como ela semprevem acompanhada de uma rinite, os especialistas chamam de rinossinusite. O processo infeccioso pode ser desencadeado por diversos fatores, como alergia, fungos, vírus e bactérias. Cerca de 95% dos casos de sinusite bacteriana surgem depois de uma gripe, muito comum neste período do ano. Vale lembrar que pacientes com desvio de septo, pólipos nasais ou qualquer alteração que impeça a ventilação dos seios da face são fortes candidatos à sinusite. 

Tratamento - Varia de acordo com a origem. Para afastar uma sinusite alérgica, por exemplo, não adianta investir em remédios se o paciente continuar exposto aos fatores que causam a alergia. No caso da viral, é possível amenizar os sintomas com antigripais e descongestionantes - sempre com prescrição médica - até que o vírus saia do corpo. Já a bacteriana costuma ser tratada com antibióticos. Inalação e lavagem do nariz com soro ajudam a aliviar o incômodo. 

Prevenção - Quem sofre de sinusite crônica deve tomar cuidados como beber bastante líquido para se manter hidratado - isso deixa o muco menos denso, o que facilita sua eliminação. Evitar cigarro e ambientes muito poluídos também protege a mucosa contra inflamações. As vacinas antipneumocócicas ajudam a combater um dos tipos de bactéria que podem causar a sinusite, os pneumococos.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Sintomas - Febre alta, tosse, secreção nasal, dor de garganta, dor de cabeça e pelo corpo, cansaço físico.

O que é - É um problema respiratório causado pelo vírusinfluenza. Ao contrário do que muita gente pensa, não tem nada a ver com o resfriado, cujos sintomas são mais leves. O influenza consegue se apoderar de células das vias aéreas e, para conter essa invasão, o sistema imune recruta anticorpos e dispara uma baita reação inflamatória. No final das contas, não é apenas o aparelho respiratório que sente o ataque — o corpo inteiro padece de dores e daquela sensação de moleza. O impacto da agressão varia de acordo com as condições do hospedeiro — não por menos, a gripe costuma ser mais nefasta para os bebês e para quem já passou dos 70 anos.

Tratamento - São adotados remédios que atenuam os sintomas, como os antitérmicos, os analgésicos e os descongestionantes nasais. Depois de avaliar o caso, o médico pode receitar apenas repouso ou recorrer também a antivirais, cuja função é justamente exterminar o influenza. Casos mais graves exigem internação para evitar complicações como pneumonias.

Prevenção - Lavar sempre muito bem as mão, evitar o contato com pessoas com sintomas da gripe e, se possível, não frequentar locais apinhados de gente, como creches, estações de trem e aeroportos - todas essas ações contribuem para frear o contágio. Uma medida excelente, recomendada sobretudo a crianças pequenas e idosos, é tomar a vacina. Ela ensina o sistema imune a criar um pelotão atento, capaz de desmobilizar o ataque do influenza.

Basta o frio voltar e a preguiça reaparece, boicotando as idas ao parque ou à academia. As pessoas passam a andar feito cebola, com diversas camadas de roupas, e chega a dar aflição só o fato de pensar em trocar as blusas por uma camiseta ou uma peça mais justinha. Mas antes que você arrume outra desculpa a fim de não suar a camisa no inverno, convém ressaltar que praticar atividade física não se resume ao período do verão. Por isso, conversamos com especialistas para apresentar algumas dicas (e também certos cuidados) para que você não fuja da ginástica, tampouco se machuque na temporada mais gelada do ano.

A escolha da roupa

Eduardo Morelle, professor de educação física do Espaço Stella Torreão, no Rio de Janeiro, conta que o vestuário apropriado faz mesmo diferença na hora de malhar. "Devemos priorizar roupas com tecido de ajuste térmico, ou seja, que tentam manter a temperatura do corpo", diz. E não falamos só de camiseta e calça legging, não. Se você corre no parque, por exemplo, são bem-vindos aqueles casacos que não esquentam demais no momento do exercício. Eles asseguram, por outro lado, proteção contra o vento, impedindo que o corpo esfrie além da conta.

Malhando dentro da academia

No interior desses espaços, o treino está liberado como nos outros meses do ano. Só é preciso tomar cuidado com dois pontos: a climatização da academia e a maior proliferação de micróbios, típica dos dias mais frios. Certifique-se com os responsáveis se o ar-condicionado está com a manutenção em dia e se estão sendo tomadas medidas para que o recinto não fique nem seco, nem úmido demais. Se estiver gripado ou resfriado, melhor não frequentar o espaço, até para não espalhar os vírus.

Ao ar livre, aqueça-se

Se você é adepto do parque, um dos principais cuidados diz respeito à exposição ao frio: músculos e articulações podem se dar mal nessa história. Para prevenir danos, o professor Eduardo aconselha aquecimento. Ele deixa os músculos mais preparados para o corre-corre, bem como as articulações mais lubrificadas. "Isso diminui o risco de lesões", afirma. Eduardo recomenda que se faça uma caminhada ou alguma atividade leve por pelo menos 10 minutos antes de começar a correr ou malhar. O aquecimento também pode ser complementado com alguns tiros de corrida — mas sem exagerar, por favor.

Liquidação de calorias?

Está na boca do povo que o frio faz aumentar a queima calórica. Mas, segundo o educador físico Eduardo Morelle, esse efeito nem é tão expressivo assim. Pior: quando o termômetro baixa, a gente costuma aumentar a quantidade de comida no prato, bem como a ingestão de guloseimas. Portanto, não vale usar o friozinho como álibi para praticar esporte por menos tempo do que no verão.

E o cardápio?

A nutricionista carioca Larissa Cohen confirma essa tendência a abusar mais no inverno. Por isso, alguns ajustes na dieta são importantes para prevenir o ganho de peso. "Nesses dias de frio, sugiro substituir as sopas cremosas por aquelas com legumes", exemplifica Larissa. É um jeito de incorporar fibras, que dão saciedade, ao menu. 

A especialista lembra que, depois do treino na academia, vale a pena consumir uma fonte de carboidrato para repor a energia. Proteínas também são úteis para recompor os músculos. Assim, um lanche de pão integral com queijo minas e peito de peru seria uma boa pedida pós-treino. Alimentar-se bem depois da ginástica, da corrida ou da caminhada é uma maneira eficiente de ainda conservar em alta a resistência imunológica — aí, vírus e bactérias têm menos chances de nos causar problemas. Por fim, hidratação continua fundamental: embora a sede não bata tanto a nossa porta no inverno, fique de olho se está tomando água de tempos em tempos. Se você não é tão adepto delas, chás são uma alternativa.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ele é, infelizmente, a maior causa de mortes entre mulheres acima dos 50 anos. Mas não só elas devem se preocupar. A prevenção só é eficaz quando começa mais cedo. Acontece quando a obstrução de uma artériaacontece em uma artéria que abasteceria o próprio músculo cardíaco. Afinal, esse músculo não para de bater e para dar conta de tanto trabalho tem sempre uma necessidade voraz, ele próprio, de muito sangue oxigenado. Sem esse gás, um pedaço do músculo cardíaco morre. E, aos poucos, as áreas adjacentes vão morrendo também. Se nada for feito depressa, o coração pode parar. O grande problema é que, nas mulheres, essa pane não apresenta sintomas clássicos. Em muitas vítimas, o peito não dói nem o braço formiga. Há um embrulho no estômago, um incômodo nas costas. Nada muito claro. E, de novo, se nada for feito…

O que faz seu coração disparar?
Enquanto movimenta 29 músculos da boca e do pescoço, um beijo apaixonado faz outro músculo lá no peito acelerar até uns 150 batimentos por minuto, aquecendo o corpo para, digamos, exercícios mais intensos. Muito diferente daquele beijinho na testa, com jeito de carinho de mãe ou de amigo, que aciona áreas do cérebro ligadas à sensação de conforto e segurança. Aí, ao contrário, o coração desacelera e fica calminho, calminho…

O que seria capaz de fazer seu coração ficar apertado?
Seja uma decepção que faz você engolir o choro, seja o estresse da rotina de trabalho, o aperto no peito tem dois culpados de nomes esquisitos: adrenalina e cortisol. Essa dupla de hormônios, que entra em cena para preparar o corpo para fugir literalmente da situação, tem o inconveniente de contrair seus vasos. Daí o sufoco, aquele nó na garganta – ou melhor, o aperto das artérias que passam por ali…

O que faz seu coração amolecer?
Ah, essa sensação imbatível de coração derretido tem a ver com a produção de endorfinas. Elas são liberadas pelo cérebro quando você está feliz da vida e provocam um relaxamento geral, ao pé da letra. O coração não fica imune. Ao contrário, é o primeiro a sentir o barato da felicidade.

Aclamada nos quatro cantos do planeta por prevenir problemas cardiovasculares, a dieta do Mediterrâneo serviu de alicerce para a criação de um cardápio igualmente amigo do peito, só que composto de alimentos e receitas tipicamente tupiniquins. Elaborado pelo Hospital do Coração (HCor), na capital paulista, em parceria com o Ministério da Saúde, o menu inclui, entre outros itens, arroz, feijão, castanhas como a de caju e frutas nacionais, a exemplo do açaí, do abacaxi e da goiaba.

"Temos muitas pesquisas em cardiologia no Brasil, mas, até agora, nenhuma que tenha se debruçado sobre o efeito da nossa alimentação na redução de eventos cardíacos", contextualiza a nutricionista Camila Ragne Torreglosa, uma das integrantes da equipe que desenhou a nova dieta. Esta, inclusive, já foi posta à prova em um estudo piloto, do qual participaram 120 indivíduos com histórico de piripaques no coração. Enquanto uma parte seguiu o cardápio verde e amarelo do HCor, a outra recebeu as recomendações clássicas para evitar outro susto — como o consumo de alimentos característicos de países banhados pelo mar Mediterrâneo, caso do azeite de oliva e dos pescados.


Depois de 12 semanas, os pesquisadores notaram uma diminuição de peso mais significativa na turma que investiu nos pratos cheios de brasilidades. "Com isso, o perfil metabólico dos voluntários melhorou. Ou seja, os triglicerídeos, a glicemia e a pressão arterial baixaram", conta Camila. "São exatamente esses fatores que contribuem para a ocorrência de males cardíacos", completa. Outro ponto positivo foi aqueda dos índices de colesterol, mais um financiador de panes nas artérias. O resultado empolgou os especialistas a iniciarem uma análise nacional, com 2 mil pacientes de 40 centros de referência em cardiologia e acompanhamento de um ano.

Nesse projeto, mais uma vez o objetivo é avaliar o efeito na prevenção secundária — ou seja, em pessoas que já se assombraram com problemas cardiovasculares. "Quem infartou ou teve derrame apresenta um risco 7,5 vezes maior de passar novamente pela situação em um período de quatro anos", justifica o cardiologista Marcus Bolívar Malachias, da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Logo, esse pessoal precisa de atenção redobrada para manter o peito ou o cérebro em ordem. E está mais do que comprovado que a alimentação tem papel de destaque nesse cenário. "Estudos mostram que mudanças de hábitos, que abrangem refeições mais balanceadas e prática de exercícios, surtem efeitos incríveis na prevenção de doenças cardíacas", ressalta Malachias.


A sacada da dieta verde e amarela está justamente no fato de que não exige reviravoltas bruscas à mesa. Pelo contrário. "Ela propõe um resgate da alimentação tradicional brasileira, com valorização de receitas como o arroz com feijão, preparados com quantidades mínimas de sal e gordura", diz Patrícia Jaime, coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.


Além de itens comuns a toda a nossa população, a nova dieta cardioprotetora ainda privilegia pratos e ingredientes regionais. São bons exemplos o açaí do Norte, a gabiroba do Centro-Oeste, a tapioca do Nordeste e o chimarrão do Sul. "O Brasil é enorme e os costumes são diferentes em cada região. Então, se a dieta contempla essa diversidade, fica muito mais fácil garantira aceitação das pessoas", opina Elisabete Almeida, diretora executiva do programa Meu Prato Saudável, vinculado ao Hospital das Clínicas de São Paulo. Essa peculiaridade dá larga vantagem ao cardápio do HCor em relação à dieta mediterrânea. Resta saber se trará benefícios semelhantes ou mais surpreendentes. Até agora, sem puxara sardinha, tudo conta a favor dele.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Você já deve ter ouvido ou lido que a dieta mediterrânea é uma das mais saudáveis para o coração. Por isso uma versão brasileira está sendo adaptada pelo Hospital do Coração (HCor), em parceria com o Ministério da Saúde. "O objetivo é proteger a população dos vários fatores de risco que agravam ou provocam as doenças cardiovasculares", diz Maria Beatriz Ross, nutricionista e pesquisadora da equipe do HCor.

No lugar de salmão, azeite de oliva e noz, o menu terá sardinha, milho, tapioca e outros alimentos nutricionalmente próximos aos da dieta original, só que mais baratos e acessíveis por aqui. Já no teste piloto, com 120 voluntários com histórico de ocorrências cardiovasculares, a dieta se mostrou eficiente inclusive para quem precisava perder peso.

Menu verde-amarelo
A segunda fase de teste da dieta do HCor deve envolver mais de 2 mil pessoas de todo os país. Os cardápios serão diferentes, sugerindo as comidas típicas de cada região. Mas os participantes deverão montar o prato com base num gráfco que divide os alimentos em três grupos, nas cores verde, amarelo e azul. Você também pode colocá-lo em prática.


Verde
Ricos em vitaminas, minerais e fibras, como verduras, legumes, frutas, leite e derivados desnatados. Consumir com frequência.


Amarelo
Arroz, feijão, macarrão, pão, cereais, biscoitos simples e itens com pouco sódio, açúcar, gordura saturada ou colesterol. Consumir em porções moderadas.


Azul
Carne, frango, peixe, óleo composto (soja e azeite), castanha e itens com mais sódio, açúcar, gordura saturada e colesterol que os itens do grupo amarelo. Consumir com restrição.


Proibidos 
Ficam de fora da dieta os alimentos industrializados com gordura trans (sorvete, biscoito recheado, salgadinhos) e alto teor de sódio (congelados, embutidos) ou de açúcar (balas, doces).



Notícia fresquinha do 12º Congresso Nacional da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição, que acontece de 13 a 16 de agosto em Foz do Iguaçu, no Paraná. A pesquisadora brasileira Livia Carvalho, do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública daUniversity College London, na Inglaterra, acaba de apresentar evidências que colocam a já célebre dieta do Mediterrâneo — que inclui azeite de oliva, peixes, frutas, verduras e vinho tinto — como aliada contra a depressão e os danos fisiológicos desencadeados por ela. 

Esse papel tão benéfico é justificado pelo poder de esse cardápio amenizar inflamações no corpo. Explicamos: os estudiosos observam, nos últimos anos, que o estado depressivo eleva a concentração de moléculas inflamatórias na corrente sanguínea. É justamente por isso que pessoas angustiadas correm maior risco de problemas cardiovasculares, por exemplo. Mais substâncias inflamatórias correndo pelo sangue significa maior probabilidade de formação de placas capazes de entupir artérias e provocar infartos e derrames. 

Pois bem, acontece que surgem cada vez mais indícios de que essa via inflamatória funciona em mão dupla: o próprio estado perene de inflamação contribuiria para o surgimento e a permanência do quadro depressivo. Daí a importância de medidas no estilo de vida com potencial para regular a inflamação que toma conta do organismo. 

É aí que entra a dieta do Mediterrâneo. O azeite, os vegetais e seus pescados contam com nutrientes que, juntos, ajudariam a minguar a quantidade de moléculas incendiárias circulantes. O peixe tem ômega-3, gordura de ação anti-inflamatória, e o azeite e as frutas são redutos de substâncias que enfrentam o estresse fisiológico que abre alas à inflamação. 

O menu largamente difundido no mundo da nutrição ganha pontos, portanto, não apenas por resguardar o coração. Agora, segundo as informações apresentadas no congresso pela professora Livia, essa regulação inflamatória por meio da dieta dá provas de que auxilia a controlar (e até a prevenir) a depressão, distúrbio em ascensão que afeta milhões de brasileiros.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Presidenta informou, na manhã desta segunda-feira (12), que a distribuição gratuita de medicamentos para asma, pelo programa, beneficiou 781 mil pessoas em um ano. Ação também distribui, de graça, medicamentos para hipertensão e diabetes. Ao todo, 16,4 milhões de brasileiros foram beneficiados.

A presidenta Dilma Rousseff destacou os avanços do programa Saúde Não Tem Preço, lançado em 2011 pelo Ministério da Saúde, e da política de assistência farmacêutica do Sistema Único de Saúde (SUS) noprograma de rádio “Café com a Presidenta” desta segunda-feira (12).  Dilma ressaltou que a asma é a segunda principal causa de internação de crianças de até cinco anos na rede pública de saúde e que distribuição gratuita de medicamentos para a doença no Saúde Não Tem Preço já beneficiou, desde o ano passado, 781 mil pessoas em todo o país.
A presidenta apontou que a distribuição desses medicamentos resultou numa redução de 16% das internações no SUS por conta da doença em um ano – ou 20 mil internações a menos. A presidenta também lembrou que sua filha tem asma e sabe o que uma mãe sofre quando uma criança sofre com a doença. “Cada internação que evitamos, com a distribuição gratuita de remédio, é mais qualidade de vida que levamos ao paciente e à família do paciente”, afirmou.
Dilma Rousseff destacou ainda que o programa Saúde Não Tem Preço também distribui gratuitamente remédios para o tratamento da hipertensão e do diabetes. Ela frisou que o fornecimento dos medicamentos para essas duas doenças crônicas possibilita o tratamento de forma correta porque o medicamento é garantido ao paciente sem interrupção. A presidente citou que 16,4 milhões de brasileiros fizeram ou fazem o tratamento de hipertensão, diabetes ou asma pegando o remédio de graça por meio do programa. Para retirar os medicamentos de graça, basta apresentar a identidade dele, o CPF e a receita médica dentro do prazo de validade nas farmácias públicas ou nas conveniadas ao programa Aqui Tem Farmácia Popular.
A presidenta ainda falou sobre o Farmácia Popular, que fornece medicamentos com até 90% de desconto para a população para o tratamento de doenças como o glaucoma e a osteoporose, além de além de anticoncepcional e fraldas geriátricas. E destacou que desde o início do seu governo, cresceu o número de medicamentos distribuídos nos hospitais e nos postos de saúde: passou de 550 para 800. O governo investe R$ 11 bilhões ao ano para fornecer medicamentos à população.
Ela ressaltou a política de produção nacional de medicamentos, com investimentos do governo em pesquisa e fabricação de produtos na área de saúde de última geração. Dilma afirmou que as parcerias firmadas com laboratórios privados para o desenvolvimento de vacinas e remédios proporcionam redução de preços e transferência de tecnologia para o país. Entre as parcerias para a produção de medicamentos, a presidenta destacou a que vai viabilizar a distribuição gratuita da vacina contra o HPV no SUS a 3 milhões de meninas de dez e onze anos a partir do ano que vem.
Dentro do contexto de parcerias com empresas privadas, a presidenta vai à inauguração da nova fábrica do laboratório Cristália nesta terça-feira (13), que vai produzir remédios para o tratamento do câncer após ter recebido financiamento público.  “Cada parceria para a produção de medicamentos que nós fechamos com o laboratório significa mais remédios de qualidade e, óbvio, uma importante economia para o Ministério da Saúde”, disse.