Nunca existiu um estudo sério comprovando tintim por tintim o elo entre a acne e
o chocolate especificamente. Mas entre os argumentos contra a guloseima
estava o seu teor de gordura ingrediente que, na visão de alguns
especialistas, seria o verdadeiro culpado pela relação mal-resolvida
entre o cacau e as espinhas.
A partir daí, não só o chocolate, mas o amendoim, as nozes,
o azeite da salada tudo o que tivesse ou fosse óleo cou sob suspeita. A
paranoia foi tanta porque faltavam trabalhos cientícos que os
especialistas preferiram deixar um pouco de lado essa história de dieta.
Ela, no entanto, aos poucos recupera espaço, mas agora com embasamento
de pesquisas, como a realizada recentemente pela Universidade de Melbourne, na Austrália. E quem seria o novo acusado? O índice glicêmico dos alimentos. Quanto mais alto, pior para a pele com tendência à acne.
Em Melbourne os cientistas escolheram criteriosamente 43 voluntários com o rosto coberto de espinhas.
Eles foram divididos em dois grupos. Um deles consumiu alimentos com
baixo índice glicêmico, ou seja, que liberam glicose lentamente na
circulação. O outro, ao contrário, seguiu uma dieta recheada de itens de
alto índice glicêmico, ou seja, cheia de alimentos que fazem rapidinho o
serviço de entrega de açúcar na circulação (veja o complemento).
Passadas 12 semanas, observou-se uma diminuição considerável nas lesões
de pele da primeira turma. Na outra, a situação diante do espelho só
piorou.
Provavelmente
o fato de o açúcar chegar aos poucos ao sangue evitou uma elevação
repentina da produção de insulina, especula o dermatologista Luiz
Guilherme Martins Castro, do Hospital das Clínicasde
São Paulo. E nós sabemos que esse hormônio produzido no pâncreas
interfere em outras substâncias ligadas ao aparecimento da acne. O.k., o
chocolate volta à berlinda. Mas agora está acompanhado de uma singela
fatia de melancia.
Não
é a primeira vez, que se associa uma pele acnéica a questões de
insulina hormônio-chave para a glicose entrar nas células do nosso
corpo. Um dos primeiros trabalhos nesse sentido é de 2003 e foi feito
na Universidade Estadual do Colorado,
nos Estados Unidos. Eles chegaram, na época, a esboçar o seguinte
raciocínio: se picos de insulina têm a ver com espinhas e se esses
picos, por sua vez, são criados por alimentos cheios de carboidrato,
então seria bem provável haver uma relação íntima do problema estético
com doces, massas e certos vegetais.
Para
corroborar a tese, alguns experimentos apontaram um efeito até então
insuspeitado da metformina, remédio oral indicado para diabéticos do tipo 2.
A droga seria capaz de conter a acne. Faz sentido. Afinal, ela ajuda a
tirar o açúcar da circulação. Alguns médicos até já a prescrevem para
combater as lesões na pele, conta a dermatologista Dilci Franco, de São
Paulo.
Patrícia
Rittes, dermatologista de São Paulo, não recomenda alterações drásticas
na alimentação, ao menos por enquanto. Há alguns anos cientistas
argentinos relacionaram leite e espinhas, mas o que se constatou, logo
depois, foi o elo entre as lesões e o excesso de hormônios ingerido
pelas vacas, explica Patrícia. A bebida em si foi inocentada.
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