"O fim da Aids" — esse foi um dos principais assuntos debatidos na
Conferência Internacional sobre a Aids, que começou no último domingo em
Washington, nos Estados Unidos. "Erradicar a doença é uma esperança e
um objetivo que precisamos ter. Caso contrário, não sairemos do lugar",
afirma Elly Katabira, presidente da Sociedade Internacional de Aids. "O
melhor exemplo disso é que, em 2000, não achávamos que países de
terceiro mundo teriam bom acesso a antirretrovirais. Hoje, isso é uma
realidade", argumenta.
Mais de 20 mil pessoas frequentam o congresso, entre elas
importantes personalidades, como a secretária do estado dos Estados
Unidos, Hillary Clinton, e o filantropista e criador da Microsoft, Bill
Gates. Um dos principais focos do evento está na prevenção,
principalmente em grupos mais expostos ao vírus HIV. Prova disso foram
as apresentações feitas logo no início do congresso sobre os direitos de
profissionais do sexo, além de discussões sobre as possíveis políticas
públicas voltadas a eles e a usuários de drogas.
Abordar temas tão polêmicos não foi um acaso. Afinal, diversos
palestrantes relataram que um dos maiores obstáculos para vencer o mal
continua sendo a discriminação e as informações equivocadas. "Não
importa quem você é ou quem ama, todos merecem compaixão e dignidade. A
doença é causada por um vírus, mas a epidemia não. Essa é abastecida por
estigmas, desinformação, indiferença e ignorância", discursou o cantor
inglês Elton John.
Entre as pesquisas, destaque para uma divulgada na versão online da revista científica The Lancet.
Após colheram dados do Canadá, do Reino Unido e dos Estados Unidos,
pesquisadores mostraram que homens negros que fazem sexo com pessoas do
mesmo sexo, embora tendam a se valer mais de medidas preventivas, como
usar camisinhas, ainda estão entre os com maior índice de infecção. Mas
que fique claro: isso não tem nada a ver com o indivíduo em si, e sim
com questões socioeconômicas e até da biologia da transmissão — o vírus
HIV ganha acesso ao corpo mais facilmente por meio do sexo anal do que
com sexo vaginal.
Com base nisso, os especialistas sugerem mais ênfase em campanhas de
conscientização e, quando a Aids se instala, adesão aos medicamentos,
além de consultas regulares.
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