Médicos e cartomantes compartilham uma velha obsessão: prever, cada um à
sua maneira, o futuro da vida alheia. Nas cartas, o tarô busca apontar
quando aparecerá a tão sonhada cara-metade. Por meio de análises
rigorosas, a ciência sabe predizer, agora, até quando uma pessoa se
exercitará sobre a cama — com a sua cara-metade ou não. Um trabalho da
Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, acompanhou mais de 6 mil
homens e mulheres de 25 a 85 anos para formular um novo índice, a
expectativa de vida sexual. A questão é que, diferentemente de um grande
amor, que parece ser providenciado pelo destino, o porvir entre as
quatro paredes do quarto depende, e muito, dos nossos hábitos.
“Observamos
que um organismo pobre em saúde também sofre um bom abatimento da
atividade sexual”, diz Natalia Gavrilova, uma das responsáveis pelo
estudo. Isso significa que as pessoas seduzidas pelo sedentarismo, pela
privação de sono ou por uma dieta gordurosa estão antecipando sua
aposentadoria em matéria de diversão a dois. “À terceira década de vida,
homens com um estado geral deficitário terão mais 30 anos de relações
sexuais intensas, enquanto os sadios apresentarão no mínimo mais 37
anos”, revela Natalia. Não é diferente com as mulheres. As saudáveis
ganham quase cinco anos extras de muito, muito prazer.
É
inevitável que, em meio a esses achados, a gente toque em um assunto:
seria então o envelhecimento um obstáculo ao sexo? “O problema não é a
idade em si, mas as doenças que costumam aparecer com ela”, avalia a
psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Hospital
das Clínicas de São Paulo. Por isso, é preciso coibir desde cedo os
fatores que desencadeiam obesidade, hipertensão...
A pesquisa
americana aponta que a ala masculina, embora viva menos, desfruta por
mais tempo das relações sexuais. “Diversamente dos homens, as mulheres
enfrentam a derrocada dos hormônios com a menopausa, o que afeta a
libido, a lubrificação vaginal e a vaidade”, justifica a ginecologista
Carolina Carvalho, da Universidade Federal de São Paulo. Mas nenhum
marmanjo deve sair por aí cantando de galo. “O estudo também mostra que
os homens perdem muitos anos de vida sexual devido a doenças crônicas,
como males cardiovasculares e diabete”, alerta Otto Chaves, chefe do
Departamento de Andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.
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