Estampado
nos rótulos de xampus, hidratantes e produtos alimentícios, ele figura
no imaginário popular como sinônimo de uma pele firme e
de cabelos resistentes, devido às suas propriedades de sustentação e
elasticidade. Menos popular e mais vital, porém, é a sua capacidade de
fortalecer as cartilagens. "Essas estruturas é que atenuam o atrito
entre os ossos, evitando aosteoartrite, ou seja, a inflamação das articulações, que ficam desgastadas especialmente nos quadris, nas mãos, nos ombros e nos joelhos", esclarece a nutricionista Nadia
Brito, do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das
Clínicas de São Paulo. "O quadro se acentua com o o envelhecimento e com
o sobrepeso", alerta.
A
comida, diga-se, não entrega o colágeno de mão beijada. Mas as
refeições abrigam a matéria-prima para sua fabricação dentro das células
cartilaginosas. "Batizadas de condroblastos, essas unidades se valem
dos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina, partículas proteicas
provenientes dos alimentos de origem animal - como carnes vermelhas e
ovos -, prontas para formar moléculas maiores, os peptídeos", descreve,
em detalhes, a nutricionista Andrea Frias, coordenadora do Centro de Pesquisas Sanavita, em São Paulo.
"São esses peptídeos que dão origem às fibras colágenas, capazes de
amortecer o impacto articular com força comparável à de um fio de aço."
Acontece
que, a partir dos 30 anos de idade, essa fábrica celular de colágeno
"desacelera cerca de 1% ao ano", como avisa Nadia. E a situação se
agrava para o time feminino após a menopausa. "Os ovários deixam de
liberar o hormônio estrogênio, que estimulava a síntese de colágeno a
pleno vapor", justifica Andrea. "Por isso, sua produção despenca, em
média, 30% nos primeiros cinco anos dessa fase e, depois dela, uns 2%
anualmente." A boa notícia é que é possível evitar esse prejuízo com um
cardápio que compensa a lentidão do organismo para gerar quantidades
adequadas de colágeno.
Embora
seja difícil mensurar em cada proteína a quantidade exata da tríade de
aminoácidos formadores de colágeno, os especialistas garantem que
incluir os alimentos certos nas refeições garante o aporte dos 10 gramas
diários de que o organismo necessita. O pré-requisito inegociável você
já conhece: a fonte proteica precisa ser de origem animal. "Carnes
vermelhas, frango, peito de peru, peixes, ovos, queijo, leite e iogurte
desnatado são as melhores apostas", lista a nutricionista Alexandra
Savino, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo. Pelo menos um
desses itens deve constar nas principais refeições do dia. "Um copo de
leite e dois bifes grandes já são capazes de contemplar a cota diária",
garante Nadia.
Para
assegurar que os aminoácidos ingeridos serão, de fato, convertidos em
reforço para a cartilagem, você pode dar uma ajuda extra ao corpo,
consumindo fontes de nutrientes que colaboram com sua absorção ou
participam das reações químicas que os transformam em peptídeos e,
finalmente, em colágeno. "É o caso das vitaminas A, C e E, presentes na
cenoura, no pepino, na laranja, no limão e na goiaba; do zinco,
encontrado nos frutos do mar e na castanha-do-pará; do selênio das nozes
e do arroz preto; do silício da aveia, da cevada e da alcachofra; e do
cobre ofertado pelo fígado de boi e pelos cogumelos", ensina Alexandra.
As possibilidades são inúmeras e não custa nada investir em um copo de
limonada no almoço ou acrescentar um punhado de castanhas no lanche da
tarde.
Os
supermercados ainda exibem produtos que prometem o chamado colágeno
hidrolisado em sua formulação. "Eles contêm os aminoácidos submetidos a
um processo enzimático químico que facilita sua incorporação pelo
organismo", explica Nadia. Vale dar crédito a eles, desde que
com o cuidado de escolher uma marca idônea e devidamente certificada.
O destino do nutriente O
colágeno também constitui o tendão de aquiles, a ponta do nariz, os
ossos e a conexão entre as costelas torácicas anteriores. "Os discos
intervertebrais e uma das camadas das artérias são, ainda, formados por
um tipo especial dessa proteína, chamado elastina", explica o cientista
de alimentos Jaime Farfan, da Universidade Estadual de Campinas, no
interior paulista. Por fim, o humor vítreo - substância ocular que
preenche a área entre o cristalino e a retina - e músculos que revestem
órgãos como o intestino também contam com o colágeno em sua composição.
Reforço bem-vindo O
laboratório Sanofi-Aventis acaba de lançar o Mobility, um suplemento de
colágeno hidrolisado em forma de sachê, sem sabor nem cheiro, que pode
ser dissolvido em bebidas e alimentos. "A suplementação é recomendada a
pessoas com uma dieta carente em proteína animal e contraindicada a
indivíduos com insuficiência renal", esclarece Nadia Brito.
Casais perfeitos (ver slideshow)
Combinações à mesa que ajudam na produção proteica
1. Peixe e rúcula O ferro dos vegetais verde-escuros contribui com o processo de formação de colágeno. Aposte em pescados com rúcula e agrião.
2. Bife e suco A
bebida feita com laranja e acerola fornece vitamina C, que também dá
uma força nesse processo. Ele pode acompanhar o bife do almoço.
3. Frango e tomate Para
que o consumo do frango resulte em uma fabricação de colágeno
eficiente, consuma-o com tomate-cereja, que provê o auxílio das
vitaminas A e C.
4. Gelatina e companhia Contrariando
a crença popular, a sobremesa está longe de ser a melhor coadjuvante na
fabricação de colágeno. "A maioria das gelatinas contém uma quantidade
insignificante de proteína", desmitifica Andrea Frias. "A exceção são os
produtos com colágeno hidrolisado", ressalta Jaime Farfan. O mesmo vale
para geleias de mocotó e balas de colágeno.
Fonte: saude.abril.com.br
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