A atriz
americana Angelina Jolie anunciou, em um texto no jornal The New York
Times, que se submeteu à retirada das mamas com a finalidade de evitar
um tumor ali. A notícia causou alvoroço e as pessoas passaram a
questionar a real necessidade de um procedimento tão radical.
Em
primeiro lugar, vale reforçar que Angelina perdeu a mãe para a mesma
doença e realizou um teste genético para saber o seu risco. No caso, o
exame apontou que ela tinha uma probabilidade de 87% de desenvolver o
problema nas glândulas mamárias em algum momento da vida. Esse método
consiste em pegar uma amostra de sangue e rastrear mutações em genes
que, segundo estudos, elevam pra valer o risco de câncer, como o BRCA1,
alterado em Angelina Jolie.
Segundo
o mastologista João Carlos Sampaio Góes, diretor técnico-científico do
Instituto Brasileiro de Controle do Câncer, além da questão genética,
existem outros fatores que acusam a maior possibilidade de ter a doença,
como o estilo de vida e o histórico do paciente e a presença de casos
de câncer na família. Por isso, cogitar a retirada das mamas requer que
se avalie cada caso em particular, bem como as condições de saúde da
mulher. A cirurgia profilática é indicada apenas a pacientes de alto
risco confirmado.
"Na
verdade, Angelina nem se submeteu a uma mastectomia, que consiste na
retirada total dos seios, mas a uma adenectomia, ou seja, a remoção das
glândulas mamárias", esclarece Góes. Depois disso, já se costuma
reconstruir a região, em uma cirurgia plástica, com enxertos e uma
prótese de silicone. "Todo esse procedimento reduz o risco de câncer ali
em até 95%, o que, de fato, é mais eficaz do que qualquer outro método,
além de ter um efeito permanente", explica o médico.
O
mastologista Henrique Pasqualette ressalta, no entanto, que a retirada
não anula por completo a probabilidade de um tumor aparecer. No caso de
Angelina, o risco caiu de 87% (apontado no seu teste genético) para 5%.
Daí que é necessário continuar o acompanhamento médico. Como nem todas
as mulheres terão essa alteração genética que faz a doença se manifestar
mais cedo, às vezes na casa dos 30 anos, nem vão realizar os testes de
DNA que a deduram, cabe lembrarmos das estratégias mais amplas de
detecção precoce do câncer de mama.
Prevenção sem cortes
De
modo geral, as recomendações para flagrar o quanto antes um câncer de
mama, algo fundamental para vencer a doença — quanto mais cedo o
problema for descoberto e começar o tratamento, maior a chance de cura —
envolvem a realização do autoexame e da mamografia a partir dos 40 anos
de idade. O exame tem de ser feito anualmente. Caso a mulher possua
histórico familiar da doença, a inspeção deve começar mais cedo e se
repetir a cada seis meses.
Quando
é confirmado um alto risco e a mulher não quer, sob hipótese nenhuma,
passar por uma cirurgia para remover as mamas, uma opção é apelar para o
que os especialistas chamam de quimioprevenção. "Administramos
substâncias que funcionam como anti-hormônios e evitam estímulos
naturais para a multiplicação de células cancerosas", explica Góes. A
eficácia dessa estratégia gira em torno de 20 a 50%, mas ela dispara
alguns efeitos adversos.
Fonte: Saude.abril.com.br
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