O adversário está prestes a ser
vencido e, por isso, todo cuidado é pouco para evitar novas ofensivas.
Coordenada pelo Rotary International em parceria com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a Iniciativa Global de Erradicação da Pólio
aponta queda de 99%nos casos da doença desde 1998, quando se
intensificaram as ações de vacinação. No Brasil, por exemplo, há 24 anos
não há registro de ataques do poliovírus selvagem. E a grande
responsável por esse controle é a vacina oral (VOP), criada pelo
cientista americano Albert Sabin na década de 1950.
"O
baixo custo e a facilidade de administração possibilitaram a imunização
de milhões de crianças nas áreas mais remotas do país", lembra Lucia
Bricks, diretora de Saúde Pública da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas
da empresa. Goela adentro, as gotas — que inspiraram o surgimento do
personagem Zé Gotinha — estimulam a produção de anticorpos na mucosa da
boca e no sistema gastrointestinal. Então, o vírus usado em sua
formulação é eliminado pelas fezes, processo que tem a vantagem de
"vacinar" indiretamente quem venha a ter contato com ele.
"O
problema é que esse vírus está apenas atenuado, podendo sofrer mutação e
tornar a ficar ativo", explica Renato Kfouri, presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações. Comisso, há um risco — mínimo, é verdade — de
a Sabin causar a doença: em duas décadas, depois de 1,38 bilhão de
doses distribuídas em território nacional, 48 casos de paralisia foram
associados à vacina. "Se quisermos eliminara pólio de vez, com o tempo
temos de migrar para a versão feita com vírus morto", diz Kfouri,
referindo-se à vacina injetável (VIP),criada pelo americano Jonas Salk,
também nos anos 1950. E essa mudança de estratégia começa a ser adotada
no Brasil: em agosto de2012, a defesa que vem na seringa entrou para o
nosso calendário oficial.
Assim
como o Brasil, boa parte do planeta felizmente já está na fase final do
embate contra a poliomielite, refinando as ações e cortando pela raiz
até mesmo a chance ínfima de desenvolver o vírus vacinal. Não é o caso,
porém, de baixar a guarda. Na virada para o século 21, por exemplo, a
enfermidade recrudesceu em países da Ásia e da África. Reforços nas
campanhas de imunização conseguiram refrear os estragos, mas hoje ela
permanece endêmica no Paquistão, no Afeganistão e na Nigéria — regiões
nas quais as equipes de saúde enfrentam boatos de que as vacinas
estariam sendo usadas para espalhara aids ou esterilizar as mulheres.
Fonte: saude.abril.com.br
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