Ninguém vive bem quando está a ponto
de explodir quase todo dia, quase toda hora. A mente e o corpo ficam
longe da sanidade. É por isso que, vez ou outra, a ciência desencava
novas evidências mostrando que o estresse descontrolado está na origem
de uma extensa lista de problemas, das falhas de memória à baixa
imunidade, sem contar em doenças graves, como o câncer. Pesquisadores da
Universidade de Oxford, na Inglaterra, acabam de adicionar um novo item
a essa relação: a infertilidade feminina.
Segundo
eles, a tensão nas alturas estaria por trás do insucesso de mais de 200
mulheres analisadas, todas na faixa dos 18 aos 40 anos, para
engravidar. Sob esse estado, o organismo feminino passa a secretar doses
cavalares de um hormônio chamado alfa-amilase. As taxas elevadas dessa
substância atuam como um verdadeiro espanta-cegonhas, influenciando o
sistema nervoso simpático, que é acionado em momentos de perigo, a
acelerar o funcionamento de vários órgãos. Nas candidatas a mãe, essa
conjunção de fatores ativa um mecanismo que desestimula a capacidade
reprodutiva. "O alfa-amilase é um tipo de adrenalina que reduz a
produção de progesterona, justamente o hormônio responsável pelo ciclo
menstrual e pelas modificações do organismo durante a gravidez", explica
o urologista Jorge Haddad, integrante do grupo de Reprodução Humana da
Universidade Federal de São Paulo. "E, sem a progesterona, diminuem-se
as chances de o embrião se implantar no útero." Essa é a primeira vez
que uma pesquisa laboratorial estabelece um elo entre níveis cavalares
de um hormônio relacionado ao estresse como um empecilho para gerar
filhos.
Embora
os patamares colossais de cortisol, outro hormônio típico dos momentos
de nervosismo, não tenham feito diferença no estudo de Oxford, os
especialistas também o acusam de postergar a realização do sonho da
maternidade. "No caso dele, a mulher fica com dificuldade para
desenvolver e liberar o óvulo", afirma o urologista e especialista em
reprodução humana Jorge Hallak, do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O cortisol ainda impediria a interação entre espermatozoide e óvulo.
"Trata-se de uma reação bioquímica. Esse hormônio atrapalha o momento da
fertilização, quando o gameta masculino caminha pelas trompas de
falópio, fazendo com que ele não reconheça sua célula-alvo", explica
Hallak. Cabe dizer que o cortisol em si não é um entrave para o projeto
de filhos, mas pode se tornar prejudicial à reprodução quando está muito
abaixo ou acima do ideal — e aí tanto para mulher como para o homem.
Fonte: Saude.abril.com.br
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