Ele está na boca do povo, provocando
dores que nem comprimidos de analgésico silenciam. É voar até o
consultório e ouvir: "Precisamos tratar o canal". Antes que a vítima
rogue pragas imaginando que perderá o dente ou passará por uma sessão de
tortura, convém lhe informar que ela vive no século 21 e a endodontia,
especialidade focada nas profundezas da dentição, evoluiu bastante.
Foi-se o tempo em que resolver um canal demandava três, quatro
peregrinações, às vezes dolorosas, até ali. E é no sentido de aprimorar
ainda mais os procedimentos e seus resultados que um grupo da
Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, tem pesquisado as
melhores formas de arrematar o suplício. "Queríamos saber qual o
tratamento mais eficiente para eliminar a infecção que ataca a polpa do
dente", conta o dentista José Freitas Siqueira Júnior, coordenador do
Programa de Pós-Graduação em Odontologia da instituição.
Agora,
um momento de suspense não proposital. Porque, antes de revelar os
achados da equipe de Siqueira, é nosso dever desmitificar o que é o
canal. O senso comum prega que é a morte do dente ou a ruína do nervo
que mora ali. "O termo se refere, na verdade, a um processo de
inflamação e infecção na polpa dentro do dente e que, quando progride,
pode levar à morte dessa estrutura e chegar até a raiz", explica Giulio
Gavini, professor titular de endodontia da Universidade de São Paulo.
E
como será que as bactérias fariam esse ataque terrorista? "As duas
principais causas de canal são a cárie e traumas nos dentes", conta o
endodontista Mario Zuolo, da Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas. Ou seja, a corrosão gradual ou a destruição das
suas camadas externas abrem a brecha para os micróbios tomarem a polpa,
cheia de vasinhos e terminações nervosas. "Por causa da inflamação,
aumenta a pressão ali dentro, oque comprime o nervo e causa dor",
descreve Siqueira. Se o indivíduo demora para ir ao dentista — e não é à
toa que até alguns prontos-socorros já dispõem de especialistas —, a
contaminação leva à necrose, estágio em que a infecção avança dente
abaixo e não raro gera abscessos. Daí os inchaços no rosto.
Fonte: saude.abril.com.br
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