Como
eles normalmente despontam em uma idade que coincide com o início das
responsabilidades da vida adulta, é inevitável: basta alguém dizer que
arrancou o terceiro molar para ouvir a piada de que perdeu o juízo. A
ironia é que dois estudos americanos sugerem que a falta de senso pode
estar justamente em mantê-lo. Isso porque, sem acompanhamento e higiene
adequados, esses dentes camuflam encrencas graves.
Embora
a maioria só procure o dentista depois de sentir a dor provocada quando
o siso rasga a gengiva, especialistas indicam que o melhor período para
retirá-lo é entre os 15 e os 18 anos, antes de ele irromper. "Nessa
faixa etária, a raiz não está completamente formada, tem cerca de dois
terços, e o osso é mais maleável", justifica Marisa Gabrielli, cirurgiã
bucomaxilofacial da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de
Araraquara, no interior paulista. Além disso, lembra o também cirurgião
Gustavo Giordani, do Ateliê Oral, em São Paulo, a recuperação de um
adolescente é mais rápida que a de um adulto. "O ideal é fazer o
monitoramento com radiografias a partir dos 15 anos, para avaliar o
momento mais oportuno", ele sugere.
Se
houver espaço suficiente para o dente se acomodar, é possível conviver
com ele, mas assumindo o risco de encarar alguns dramas. Instalado numa
região difícil de alcançar, esse molar costuma ser negligenciado durante
a limpeza, tornando-se um prato cheio para bactérias. Um panorama da
encrenca que isso pode causar vem da Universidade de Cincinnati, nos
Estados Unidos. Ali, um estudo avaliou sisos sem nenhum sinal de que
algo estava errado e descobriu um grande número de casos de infecções
silenciosas capazes de afetar a gengiva, a raiz e os ossos da face. "Por
isso, se a decisão for mantê-lo, é preciso fazer exames de imagem
periódicos para detectar doenças antes de surgirem complicações",
adverte Robert Marciani, autor do trabalho.
0 comentários:
Postar um comentário