Muito se fala sobre os malefícios dos raios solares além da conta e sem
proteção. De cara, todos se lembram dos tumores cutâneos. No entanto,
poucos sabem que aquelas horas fritando na areia por um bronzeado
enfraquecem o sistema imunológico, deixando o corpo menos resistente a
vírus, fungos e bactérias. O que acontece é semelhante ao cansaço e ao
esgotamento que sentimos após um dia na praia. A radiação ultravioleta -
tanto a UVA quanto a UVB - faz com que as células do sistema imune da
pele percam energia, dando sopa para qualquer micro-organismo estranho
agir.
"É assim que surgem o herpes, vírus que a maioria das
pessoas carrega sem nem sequer desconfiar, as micoses e até mesmo
algumas viroses", explica o dermatologista Marcus Maia, da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo. Ele ressalta que indivíduos com
imunossupressão, como transplantados e soropositivos, correm um risco
ainda maior e devem evitar a superexposição em dias ensolarados. Para
alguns, chegam a ser sugeridas roupas com filtro solar.
O
próprio bronzeado, que muitos veem como sinal de saúde, não passa de uma
reação do organismo ao UVB, predominante no verão. O colorido da
estação é, na verdade, resultado da oxidação do pigmento que tinge a
cútis, a melanina. "É uma forma de proteção, que não deixa a radiação
penetrar demais na pele", explica o tricologista Valcinir Bedin, diretor
do Centro Integrado de Prevenção do Envelhecimento, em São Paulo. Mas,
se há exagero, o tom de camarão indica um processo inflamatório. "A
vermelhidão significa que a pele foi danificada pelo UVB", afirma a
dermatologista Flávia Addor, da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "E
é uma evidência de que as defesas do corpo estão temporariamente em
baixa", reforça. A imunidade em frangalhos é um prejuízo imediato.
Porém, existem outros problemas mais perigosos provocados pelo efeito
cumulativo do sol.
E a vitamina D?
Os banhos solares são a principal
fonte da substância, que é essencial para os ossos. Mas, se a atuação em
prol do esqueleto está comprovada, não há estudos conclusivos sobre a
relação entre a vitamina D e a imunidade - principalmente sobre o modo
mais seguro de obtê-la. A recomendação clássica é a seguinte: bastam 15
minutos de sol, das 11 às 15 horas, sem protetor, em pelo menos 15% do
corpo (braços e pernas devem estar de preferência descobertos), de duas a
três vezes por semana. "Mesmo em um país ensolarado como o nosso,
grande parte da população tem deficiência de vitamina D", diz Marcus
Maia. Entre os dermatos, os suplementos são um consenso, já que seria
mais arriscado aconselhar um paciente a tomar sol sem proteção. É
preciso ingeri-los após a refeição, para facilitar a absorção
intestinal.
0 comentários:
Postar um comentário