Á saúde começou com o sistema de amortecimento, aquele que minimiza o
impacto da passada, resguardando as articulações. "No início, o
desenvolvimento desse tipo de sistema era o carrochefe das indústrias de
calçados", pontua Júlio Cerca Serrão, educador físico da Universidade
de São Paulo (USP). E as tentativas de aperfeiçoá-lo cada vez mais
parecem nunca ter fim.
Apesar de essencial, o amortecimento não
é, nem de longe, a única área em que os calçados esportivos deram saltos
rumo ao bem-estar. Esse tipo de sistema melhorou muito a vida dos
esportistas. Mas, se o pé não se ajusta ao calçado, o corpo continua
sofrendo. "É por isso que a tendência recente é desenvolver tênis que
sejam mais individualizados", explica Ricardo Cury, professor do grupo
de cirurgia do joelho e trauma esportivo da Faculdade de Medicina da
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Sim, estamos falando dos
modelos voltados para os pés supinadores, cuja passada é para fora, ou
pronadores, para dentro. Eles têm uma distribuição de força específica
por toda sua sola e, assim, necessitam de palmilhas e solados
customizados.
"Apesar dessas diferenças, ainda existem limites,
já que cada pé é único e há pessoas que não se adaptam nem sequer a
esses tênis", lamenta Arnaldo José Hernandez, ortopedista e presidente
da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte. Aí, o
jeito é apostar nas palmilhas ortopédicas, que corrigem a maneira de
pisar de cada um.
Por falar em personalização, um terreno novo, e
que ganha espaço, é o de materiais esportivos específicos para cada
modalidade — incluindo, claro, os tênis Afinal, atividades como o
futebol e o golfe requerem calçados que garantam muita aderência ao
solo. Por sua vez, outros esportes, caso do basquete e do vôlei, exigem
um sistema de amortecimento especial. "Ou seja, na hora de comprar um
modelo, é preciso levar a sério sua finalidade", ensina Cláudio
Pavanelli, fisiologista da Universidade Federal de São Paulo. Não vale
levar outro par mais bonito, porém feito para outro esporte.
Os
componentes cada vez mais duráveis empregados nos tênis também são
destaque nos calçados modernos. Para ter uma ideia, é possível percorrer
até mil quilômetros, correndo ou caminhando, sem que a capacidade de
absorção de impacto seja alterada. "E essa distância quase nunca é
ultrapassada por amadores, que geralmente compram outro par quando o
velho já está sujo e feio", relata Serrão, que conduziu uma pesquisa
para comprovar que os modelos atuais são campeões em resistência. Bom
para a sua saúde — e, claro, para o seu bolso.