Para coçar, basta começar. Muitos cães sabem muito bem o significado
dessa expressão. Não à toa. Os problemas dermatológicos são um dos
principais motivos que levam a cachorrada ao consultório do veterinário.
E a sarna é disparado a campeã da coceira sem fim. Ela se manifesta de
duas maneiras, cada uma delas com um nome mais esquisito do que o outro:
escabiose e demodécica. Na verdade, a única diferença entre elas é o
fato de a demodécica ser transmitida apenas da mãe para os filhotes nas
primeiras horas de vida, aproveitando a baixa imunidade do animal
recém-nascido para dar as caras.
De resto, todo esse coça-coça tem uma gênese comum: as fêmeas dos ácaros
causadores da sarna. Invisíveis a olho nu, essas malfeitoras
microscópicas se acasalam e, em seguida, abrem túneis na pele do bicho
para depositar seus ovos. Durante a escavação, elas liberam uma
substância chamada escabina, que desencadeia o prurido. "No tratamento
da sarna, são usados xampus e sabonetes específicos contra esse tipo de
parasita", diz a veterinária Valéria Régia Franco Souza, da Universidade
Federal de Mato Grosso.
Nessa coceira toda, as diminutas pulgas também têm culpa no cartório.
Quando picam o animal, sua saliva provoca uma reação que, por sua vez,
deflagra um quadro caracterizado por comichão, vermelhidão e feridas. É a
chamada dermatose alérgica, ou atopia. Novamente xampu e sabonetes, bem
indicados, dão cabo da situação.
Além das pulgas, substâncias presentes em alguns produtos de limpeza
doméstica podem despertar uma irritação na pele do seu pet. Aí, o
conselho é evitar exageros na hora de usá-los e enxaguar o ambiente com
bastante água. E finalmente, assim como os seres humanos, existem
cachorros que ficam empipocados ao devorar determinados alimentos —
rações, para sermos mais específicos. "Corantes artificiais e fontes de
proteína, como carne vermelha e frango, geralmente estão por trás desses
problemas de pele", revela a veterinária Ana Cláudia Balda, professora
das Faculdades Metropolitanas Unidas, em São Paulo. Por sorte, hoje é
possível realizar exames que identificam a substância responsável pela
amolação. Resultado em mãos, basta ficar atento para que o cão não tenha
contato com a razão do tormento.
As infecções causadas por bactérias são um caso à parte. Secundárias na
maioria das vezes, elas acometem os animais com a epiderme já
fragilizada. Assim, ao se coçar, o cachorro se machuca. Abrese, então,
uma brecha para que certos germes que vivem ali em equilíbrio se
multipliquem além da conta. É o caso dos estafilococos. "Eles chegam aos
folículos pilosos e causam lesões que coçam, contribuindo para falhas
na pelagem", diz Ana Claudia. Para debelar a bagunça microbiana, são
receitados antibióticos para a coceira não pintar mais no pedaço, ou
melhor, na pele do animal.
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