08:30 by Diego
Inverno
tórrido, primavera gelada. No Brasil inteiro acentuadamente no
Centro-Oeste e no Sudeste , não apenas as temperaturas destrambelhadas,
mas também oar extremamente seco denunciam a ação nefasta do homem, que agora sente na pele (e
no resto do corpo) as conseqüências dos maus-tratos ao meio ambiente.
Na secura, o desgaste do organismo é tremendo, assegura Paulo Saldiva,
pesquisador do Centro de Poluição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Isso porque todo ele se mobiliza para manter a homeostase, ou seja, o estado de equilíbrio interno (veja aanimação).
Num
primeiro momento surgem o que parece apenas pequenos desconfortos, como
dores de cabeça e tonturas. Ao longo dos anos, porém, esses incômodos
se somam e causam graves malefícios. Nas grandes cidades, aestiagem, piorada pela poluição, afeta especialmente os sistemas respiratório e circulatório. No longo prazo o corpo sofre os mesmos danos provocados pelo cigarro, garante Saldiva.
Os olhos,
porém, é que são os primeiros a sentir a influência do ar seco, diz o
oftalmologista Newton Kara José, professor da Universidade de São Paulo e
daUniversidade de Campinas.
Isso porque a mucosa ocular é a mais exposta ao ambiente externo. Na
falta de umidade, o filme lacrimal, uma leve partícula de água que
recobre os olhos, evapora-se muito rápido, explica o mestre em visão.
Você logo sente coceira e a reação natural é esfregar as pálpebras, o
que piora tudo, porque provoca lesões, acrescenta. Sem contar o risco de
contaminação por microorganismos levados pelas mãos. Uma das
conseqüências costuma ser a conjutivite.
Sem medidas preventivas, numa espécie de efeito dominó,
nariz, boca, garganta e brônquios são afetados. A mucosa nasal fica tão
ressecada que pequenos vasos se rompem e sangram. Para piorar, aparecem
feridas pequeninas que funcionam como porta de entrada para vírus e
bactérias. E os pêlos nasais, cuja função é filtrar as partículas do ar,
deixam de cumprir direito esse papel protetor, já que perdem a
lubrificação, explica Antonio Menon, otorrinolaringologista do hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O efeito deserto segue para a garganta,
que quase invariavelmente fica irritada. Engolir, então, passa a ser a
maior dificuldade, principalmente para bebês e idosos. Aí vem a tosse,
que agrava o quadro, numa bola-de-neve que cria acessos cada vez mais
fortes. Se as defesas estiverem em baixa, surgem laringites e faringites
severas. Nos casos extremos, os brônquios são afetados. Não à toa, as
famosas bronquites lotam os prontosocorros, afirma Menon. Sem falar nas
crises alérgicas e asmáticas.
Isoladamente,
essas pequenas ocorrências já são uma grande chateação. Juntas, nem se
fala. A saúde pode acabar seriamente afetada. Sofre mais quem vive nos
grandes centros urbanos, mas o corpo de certa forma se adapta a todas
essas agressões, contemporiza Ricardo Tardelli, diretor estadual de
saúde na Secretaria de Estado da Saúde São Paulo.
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