O
nariz começa a escorrer, surge uma febre baixa e, para piorar,
acompanhada de uma tossinha teimosa justamente na hora em que o pequeno
pega no sono. Os sintomas até aqui são idênticos aos de uma gripe. Só
que, além desses sinais, algo chama a atenção: um ruído semelhante a um
miado. Quando esse quadro se instala, são grandes as chances de o
problema atender pelo nome de bronquiolite. "Essa é a primeira causa de
internação entre os lactentes", diz a pediatra Sandra Vieira, professora
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. E é bem agora,
durante a temporada de dias frios - mais precisamente entre abril e
setembro -, que a incidência de casos tende a aumentar. Tudo por culpa
do vírus sincicial respiratório (VSR). "Ele é o principal agente
causador de bronquiolite", afirma José Dirceu Ribeiro, presidente do
Departamento de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e
professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que fica no
interior paulista. Ribeiro conta que, embora a maioria das crianças mais
dia menosdia acabe mesmo entrando em contatocom o VSR, nem todas
desenvolvem a doença. "Quanto mais nova ela for, maior a
suscetibilidade, já que o sistema imunológico ainda não está amadurecido
o suficiente", explica o pediatra Cid Pinheiro, do Hospital e
Maternidade São Luiz, na capital paulista. Não à toa, é nos primeiros
meses de vida que o VSR entra em ação, comprometendo as trocas de
oxigênio e gás carbônico e prejudicando a respiração. Após os 2 anos de
idade, o vírus quase sempre se limita a causar resfriados, ou seja, não
chega a penetrar na estrutura pulmonar.
Mantenha o vírus longe
Altamente
contagioso, o vírus acomete adultos e crianças. "Evitar o contato com
pessoas gripadas é uma boa idéia", diz o pneumologista e pediatra Paulo
Kussek, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, Paraná. A professora
Sandra Vieira, da USP, frisa que recém-nascidos não devem pular de colo
em colo. Não que as visitas sejam proibidas, mas é melhor que o bebê
seja paparicado a distância, isto é, no berço, a salvo do contato com
secreções de gente contaminada.
A
prevenção da bronquiolite também pode ser feita com anticorpos
produzidos em laboratórios. "Mas isso apenas em casos especiais, como
bebês com insuficiência cardíaca ou respiratória e portadores de doenças
que levam a uma baixa no sistema imunológico", diz Sandra.
E
a vacina? "Só daqui a uns dez anos", estima José Dirceu Ribeiro.
Pesquisadores de diversos países trabalham duro nesse projeto, mas, a
julgar pelos obstáculos que têm encontrado pela frente, parece que o VSR
está dando um baile neles. Se o seu filho acabou contaminado, sossegue.
"Boa parte dos casos se resolve em casa", garante o pediatra Cid
Pinheiro. Em geral inalações com soro fisiológico ajudam a desprender o
muco e liberam o fluxo de ar. Além disso, água ou leite materno afastam a
desidratação - sim, ela se manifesta no inverno e piora bastante o
quadro. Nos episódios graves, doses de oxigênio - leia-se internação
hospitalar - podem trazer alívio e rápida recuperação.
Fonte: saude.abril.com.br
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