O
organismo humano passa por uma renovação constante. Isso porque a
maioria de seus 100 trilhões de células têm prazo de validade. Nesse
meio-tempo, obedecendo a comandos moleculares, essas unidades
microscópicas se dividem, dando origem a novos exemplares. Mas alguns
deles podem sair da linha de montagem com defeito de fabricação. As células defeituosas, no entanto, costumam ser pouco longevas.
O organismo dispõe de vários mecanismos para eliminá-las, não permitindo que elas se reproduzam, explica o oncologista clínico Artur Katz, do Centro de Oncologia doHospital Sírio-Libanês,
em São Paulo. E esses mecanismos fiscalizam uns aos outros, se
complementando. "É como se fosse um controle de qualidade. Ele precisa
ser perfeito", acrescenta o cirurgião oncologista Benedito Mauro Rossi,
do Hospital A.C. Camargo,
na capital paulista. "Veja o caso das células do intestino", continua
Rossi. "Elas existem aos milhões e se renovam a cada 48 horas. Imagine
esse processo ad continuum? Daí a necessidade de uma monitoração
constante do próprio corpo."
Dessa
forma, uma célula recém-saída do forno e que foge aos padrões de
excelência, com profundas alterações em seu material genético, se autodestrói.
Esse suicídio celular, conhecido como apoptose, vem à tona graças a uma
série de reações deslanchadas por uma proteína encontrada no núcleo, a
p53. Só que, por algum motivo, todo esse esquema de proteção às vezes
entra em pane e a célula defeituosa começa a se multiplicar loucamente. É
a gênese do tumor. Mas por que isso acontece? E por que algumas pessoas
desenvolvem câncer e outras não? Como preveni-lo? O neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber foi atrás de algumas respostas para essas questões.
Servan-Schreiber
lançou na França, no segundo semestre do ano passado, o livro
Anticancer (Éditions Robert Laffont) anticâncer, em português , obra que
já vendeu quase 800 mil exemplares por lá. Aos 46 anos, ele descobriu
que tinha um tumor cerebral
aos 31, no auge de sua carreira científica. Quase duas décadas mais
tarde e depois de uma recidiva, o neuropsiquiatra mergulhou numa série
de estudos sobre a doença e chegou à conclusão de quehábitos como a alimentação e afins, mais do que os genes,
são os grandes responsáveis pelo crescimento de casos de tumores,
sobretudo nos países ocidentais. Servan-Schreiber cita os resultados de
um trabalho dinamarquês para comprovar sua tese.
Fonte: saude.abril.com.br
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