Imagine
não ouvir absolutamente nada do que acontece à sua volta, nem ter
lembranças sonoras que remetam à infância ou a qualquer outra fase da
vida. Essa é a rotina com a qual têm de conviver pessoas completamente
surdas, que, por causa do déficit auditivo, ainda possuem dificuldades
de aprendizado. No Brasil, segundo o otorrinolaringologista Ricardo
Ferreira Bento, do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de São
Paulo (HC-FMUSP), há em torno de 250 mil pessoas nessa condição. E é no
intuito de resgatar parte da sua capacidade de ouvir e melhorar sua
qualidade de vida que, há alguns anos, foi desenvolvida a cirurgia de
implante coclear. Bento explica que esse método consiste basicamente na
instalação, dentro do ouvido, de um equipamento computadorizado. Ao
estimular o nervo auditivo, ele devolve, em menor ou maior grau, a
audição a quem nasceu surdo ou desenvolveu o problema em algum momento
da vida.
"O
implante coclear é indicado a pessoas com surdez total, com danos
severos ou profundos nos dois ouvidos", conta o médico, que dirige o
núcleo de implante coclear do HC-FMUSP, centro que realizou,
recentemente, mil procedimentos desse tipo pelo Sistema Único de Saúde, o
SUS. A cirurgia recupera, na verdade, a habilidade de distinguir alguns
sons. Ela não ajuda pessoas surdas de um só ouvido porque, nesse caso,
os novos estímulos podem atrapalhar a decodificação dos sons pelo
cérebro.
A
cirurgia de implante coclear tem ainda mais importância quando o
paciente é criança. Isso porque auxilia a superar entraves cognitivos
que seriam típicos em quem nasce com deficiência auditiva. Agora,
independentemente de ser pequeno ou adulto, fato é que o procedimento
muda completamente a vida da pessoa que se submete a ele. "Especialmente
no caso da criança, o implante ajuda que o seu desenvolvimento
cognitivo não seja comprometido, gerando problemas de fala, na escola e
na chance de vir a ter uma profissão", analisa Bento.
É
por isso também que a cirurgia desempenha um papel importante na
inclusão social das pessoas com deficiência auditiva. Assim que o
problema é resolvido, mesmo que não seja totalmente, o indivíduo pode
levar uma vida muito mais feliz, sonora e independente.
Fonte: saude.abril.com.br
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