A notícia deve ter azedado o café da manhã de muita gente Brasil afora: o leite nosso de cada dia foi submetido a um batismo químico. O escândalo veio à tona após uma operação da Polícia Federal,
ironicamente denominada Ouro Branco, revelar que o leite longa-vida
produzido por duas cooperativas de Minas Gerais seria batizado, termo
que, no jargão da indústria, designa nada mais, nada menos do que
adulteração. Nessa malandragem, proibida por lei, acrescentam-se
substâncias como hidróxido de sódio, a popular soda cáustica, e água
oxigenada à bebida láctea sem falar no soro do leite, na sacarose
Ao se deteriorar, o leite se torna ácido, conta o farmacêutico bioquímico Elizeu Antonio Rossi, da Universidade Estadual Paulista em
Araraquara. Daí, como a soda cáustica é alcalina, ela neutralizaria a
acidez, evitando a recusa pelas fábricas. Isso não altera o sabor nem a
aparência do leite, diz Rossi. O outro ingrediente da trapaça, a água
oxigenada, entraria em cena para dar um fim às bactérias, que se
multiplicam a toda quando o líquido não se encontra apropriadamente
refrigerado. Assim, quando elas digerem a lactose, o açúcar natural
desse alimento, produzem um ácido conhecido como láctico e inicia-se
assim o ciclo do azedume.
Essas substâncias, em si, não representaram grande risco à saúde de quem, desavisado, tomou um péssimo leite.
Isso porque as doses usadas na fraude são irrisórias. Nesses teores, a
soda cáustica é inativada pelo ácido clorídrico produzido pelo estômago,
explica Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. A questão é outra: a soda cáustica destrói o cálcio, afirma a nutricionista Andréa Esquivel, professora da Universidade Norte do Paraná.
Quanto à água oxigenada, por ser pra lá de instável, se degrada em água
e oxigênio muito antes de causar dano. No entanto, o clima de suspeita
não se dissipou: dá para tomar o leite de caixinha com segurança? Ou o
pasteurizado, vendido na garrafa plástica, é a melhor opção? SAÚDE!
investigou.
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz
muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor
tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O
aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do
leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas
e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por
contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o
risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas
qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de
serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete
Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo
justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma
fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande
fornecedor de proteínas, cálcio
e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção
vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de
consumir leite longa-vida.
São justamente as altas temperaturas do processo UHT o motivo que faz
muito especialista torcer o nariz para a bebida longa-vida. O calor
tremendo deixaria o alimento com um menor valor nutricional. "O
aquecimento modifica as proteínas e é isso o que prejudica a digestão do
leite", afirma a nutricionista Andréa Esquivel. Além disso, haveria perda de vitaminas
e, como já comentamos, de lactobacilos, as bactérias responsáveis por
contribuir para o bom funcionamento do intestino, afastando inclusive o
risco de tumores no cólon. A versão pasteurizada preservaria essas
qualidades.
"No leite UHT, vitaminas como a B2 e a B12 são decompostas pelo fato de
serem sensíveis ao calor", explica a nutricionista Adriane Elisabete
Costa Antunes, que é pesquisadora convidada do Ital. Mas, fazendo
justiça, ela também pondera: "De qualquer maneira, o leite não é uma
fonte tão importante de vitaminas. Ele deve ser encarado como um grande
fornecedor de proteínas, cálcio
e fósforo". Ou seja, o fato de o processo de UHT arrasar a porção
vitaminada do alimento pode não ser motivo suficiente para deixar de
consumir leite longa-vida.
O que pesa pra valer é que as altas temperaturas podem comprometer um
aminoácido essencial fornecido pelo leite, a lisina, que tem a função de
reparar tecidos. "O ser humano não a sintetiza. Assim, ela deve ser
obtida por meio de alimentos", revela Rossi. "A lisina, porém, não é
totalmente destruída durante o processo UHT, até porque ele é muito
rápido." Mas, sim, existe uma pequena perda. Quanto aos lactobacilos, o
especialista esclarece: "Nem todos fazem tanta diferença para a nossa
saúde". Boas doses desses microorganismos do bem podem ser ainda
encontradas nos iogurtes ou leites fermentados.
Outra dúvida que deve passar pela cabeça de muita gente diante da gôndola do supermercado é por qual tipo optar: integral, semidesnatado ou desnatado? A nutricionista Andréa Esquivel fica com a primeira opção — integral e da pasteurizada tipo A. "Só o integral possui as vitaminas A e D,
que são lipossolúveis", conta a especialista. Em outras palavras, esses
nutrientes dependem de gordura para serem absorvidos pelo organismo.
Para consumi-lo sem culpa na balança Andréa ensina um truque: encha um
copo com 2/3 de leite e o restante de água. Será que, com isso, o sabor
muda? Convidamos uma consumidora voraz de leite a fazer o teste.
Segundo a nutricionista Adriane Elisabete Costa Antunes, não há muita
diferença em termos de energia entre o desnatado e o integral com adição
de água — 97,6 e 84 calorias respectivamente. "A vantagem do leite
integral com água é preservar a vitamina A", confirma. Diluído, ele
também teria menos colesterol. Experimente. E escolha o melhor leite
para você.
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