O
desconforto começa logo pela manhã, quando algumas partes do corpo
parecem travadas. Com o passar das horas, a rigidez diminui, mas as
juntas, mais comumente as das mãos, dos pés e dos punhos, continuam
inchadas, doloridas e com dificuldade de movimentação. "Esses sintomas
se somam à redução do apetite, à perda de peso, ao cansaço e à febre
baixa", acrescenta o reumatologista Morton Scheinberg, do Hospital
Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Essa
é a descrição do dia a dia de quem sofre com artrite reumatoide, doença
autoimune sem causa conhecida que afeta cerca de 2 milhões de
brasileiros. "Ela é duas vezes mais comum em mulheres entre os 50 e os
70 anos, mas pode se manifestar em ambos os sexos e em qualquer idade",
conta Scheinberg. "Se não for controlada de maneira adequada, pode fazer
com que o indivíduo tenha dificuldade para realizar tarefas simples,
como pentear os cabelos, e levar à deformidade das regiões atingidas",
conta a reumatologista Andrea B.V. Lomonte, do Hospital Sírio-Libanês,
na capital paulista. Felizmente, novas drogas chegam ao mercado para
garantir um dia a dia mais confortável para essa gente.
Por
muito tempo, os portadores de artrite reumatoide não dispunham de uma
terapia 100% eficaz. "Até o ano 2000, ele se resumia a medicamentos
chamados modificadores da doença, que reduzem a inflamação, associados a
analgésicos e anti-inflamatórios para o alívio dos sintomas", conta o
professor Sebastião Cezar Radominski, chefe da especialidade de
reumatologia da Universidade Federal do Paraná. "Apenas de 30 a 40% dos
pacientes respondiam bem a essas drogas, permitindo que em muitos casos a
doença continuasse progredindo", diz Radominski. A reumatologista Lícia
Mota, coordenadora da Comissão de Artrite Reumatoide da Sociedade
Brasileira de Reumatologia, acrescenta: "A evolução do quadro, além de
levar à destruição das articulações atingidas e a deformidades, faz com
que estruturas maiores, como os cotovelos, os joelhos, os ombros, os
tornozelos e os quadris, sejam atingidas".
Na
última década, apareceram os medicamentos biológicos. "Eles mudaram de
maneira radical o tratamento da doença, porque agem no causador",
explica Morton Scheinberg. Isso significa que combatem o aparecimento
das inflamações, o que leva a uma melhora dos sintomas e dá um fim ao
círculo vicioso que está por trás da artrite reumatoide. Agora mais dois
remédios chegam ao mercado para revolucionar o combate desse mal: o
golimumabe, criado pela Janssen, e o tofacitinibe, da Pfizer. O primeiro
está disponível desde o começo deste ano e é um biológico que age
contra o fator de necrose tumoral-alfa, uma molécula que participa da
regulação e do equilíbrio das células do sistema imunológico. Seu grande
diferencial está na caneta usada para aplicá-lo, que foi desenvolvida
especialmente para quem tem limitações nas mãos provocadas pela doença.
"Ele também leva vantagem por ter que ser injetado apenas uma vez por
mês, enquanto outras substâncias com ação similar precisam ser
utilizadas a cada 15 dias ou mesmo semanalmente", diz Andrea Lomonte.
O
tofacitinibe, por sua vez, consegue penetrar em células do sistema
imunológico que têm um papel-chave no desenvolvimento do problema,
proporcionando resultados mais eficientes e duradouros. Essa droga
também facilita - e muito - a vida dos portadores da doença, já que é
ministrado na forma de comprimidos. Ela ainda está em fase de aprovação e
deve chegar ao mercado dentro de um ano ou dois. "Estudos demonstraram
que esse medicamento tem muito potencial para tratar a artrite
reumatoide com bons resultados", conta Lícia Mota. Trata-se, sem dúvida,
de um baita alívio.
Fonte: saude.abril.com.br
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