Os
primeiros sintomas são um prenúncio do que está por vir: olhos
vermelhos e marejados. Isso na melhor das hipóteses. É que, dependendo
do tipo de conjuntivite, as pálpebras se grudam e surge uma secreção
amarelada bem no canto interno dos olhos. Quem já teve o incômodo fica
tentado a aplicar o mesmo colírio que o oftalmologista indicou
anteriormente. Errado.
Há várias causas e vários tipos do mal. O tratamento, portanto, nem
sempre é o mesmo. E aí medicamentos mal usados podem levar a problemas
bem mais graves do que a própria doença.
Como
o próprio nome sugere, o alvo é sempre o mesmo: a conjuntiva, aquela
membrana que reveste a parte branca do globo ocular, que é rica em
minúsculos vasos sangüíneos. "A inflamação faz com que eles fiquem mais
irrigados e, consequentemente, a aparência do olho se torna muito
vermelha", explica Luís Paves, oftalmologista da Universidade Federal de
São Paulo, a Unifesp. O quadro dura de uma semana a 15 dias e
geralmente compromete os dois olhos - primeiro um, depois o outro.
A
conjuntivite só é contagiosa quando provocada por vírus ou bactérias. E
há casos em que esses dois agentes agem em conjunto. Isso porque,
algumas vezes, o tipo viral facilita a evolução de uma infecção
bacteriana. "Isso torna o caso mais grave e obriga a uma alteração do
tratamento", alerta o oftalmologista Ronaldo Boaventura Barcellos, do
Instituto Penido Burnier, em Campinas, no interior paulista.
"Os
agentes infecciosos não são transmitidos pelo ar, mas pelo toque",
avisa o oftalmologista Ricardo Nunes Eliezer, do Hospital Samaritano, em
São Paulo. Então, basta um aperto de mão ou o uso compartilhado de uma
toalha de rosto, por exemplo, para o contágio acontecer.
O
tipo menos frequente de conjuntivite é aquele provocado por agentes
químicos, que irritam os olhos e desencadeiam um processo inflamatório.
Quem vive nos grandes centros urbanos nem sempre fica imune à poluição
atmosférica - exemplo clássico dessa manifestação da doença. É que as
partículas em suspensão no ar atingem em cheio a conjuntiva. O excesso
de cloro na água da piscina e até o uso indiscriminado de colírios
também são agressores externos. Essa forma de conjuntivite, no entanto,
não é transmissível.
Segundo
um estudo do Instituto Penido Burnier, até mesmo o filtro solar pode
causar conjuntivite química. Após avaliar 368 pacientes com idades entre
16 e 45 anos, no período de 2004 a 2006, os pesquisadores de Campinas
concluíram que o protetor foi responsável por 46% dos casos de
conjuntivite química observados em consultório. Isso não significa que
esses produtos devem ser evitados, mas sim que é preciso tomar alguns
cuidados para que não afetem os olhos. A dica é enxugar o suor do rosto
com lenços descartáveis e lavar os olhos para remover resíduos de creme
ou gel. Outra recomendação é passar o filtro até a altura das
sobrancelhas e, depois, abaixo das pálpebras inferiores.
Para
o leigo, por mais bem informado que ele esteja sobre os vários tipos de
conjuntivite, saber qual é qual não é tarefa fácil. Então, mantenha
certa distância de quem está com os olhos visivelmente irritados. Outra
recomendação que não custa repetir: consulte o oftalmologista assim que
surgirem os primeiros sinais. Isso porque os mesmos microorganismos da
conjuntivite bacteriana podem atacar a córnea e causar uma úlcera, algo
bem mais complicado — principalmente quando se insiste em usar lentes de
contato com os olhos irritados. Enquanto durar a vermelhidão, o certo é
deixá-las de lado e só voltar a botá-las quando o especialista
permitir.
Os sintomas que os intrusos provocam e o jeito de acabar com eles
Conjuntivite bacteriana ou infecciosa
Vermelhidão,
lacrimejamento, secreção purulenta e amarelada, dor, pálpebras inchadas
e, às vezes, grudadas logo ao acordar. É mais comum no verão.
Tratamento
Colírio antibiótico, sob prescrição médica. Alerta: o uso indiscriminado dessa espécie de colírio pode provocar glaucoma.
Conjuntivite viral
Vermelhidão, lacrimejamento, secreção espessa e esbranquiçada, coceira, ardência, irritação, fotofobia. Ocorre com maior freqüência no inverno.
Tratamento
Intervenções paliativas, como compressas geladas e lágrimas artificiais, até que o próprio sistema imunológico se livre do inimigo.
Conjuntivite alérgica
Coceira intensa, vermelhidão, lacrimejamento excessivo. Geralmente é acompanhada de rinite, asma e sintomas de gripe. Costuma ocorrer na primavera. Os gatilhos geralmente são o pólen, os ácaros e os pêlos de animais domésticos.
Tratamento
Colírios antiinflamatórios ou anti-histamínicos.
Conjuntivite química
Vermelhidão, lacrimejamento, secreção transparente, inchaço nas pálpebras.
Tratamento
Evitar ou interromper o uso do agente agressor.
É fácil prevenir a doença
Siga esta relação de cuidados simples
Lave o rosto e as mãos com freqüência. Aliás, higienize sempre as mãos
depois de manipular produtos tóxicos, como inseticidas domésticos.
Mesmo que os olhos estejam irritados, evite coçá-los.
Aumente a freqüência com que troca as toalhas ou use as de papel para enxugar o rosto e as mãos.
Se está com conjuntivite, troque as fronhas dos travesseiros diariamente até o problema se resolver de vez.
Fonte: saude.abril.com.br
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