terça-feira, 18 de setembro de 2012

Embora esteja na boca do povo há décadas, com frequência duas grandes confusões são feitas a seu respeito. A primeira é chamá-lo de gordura, quando, na verdade, trata-se de um álcool complexo - detalhe químico mais complexo ainda. A segunda é que seu potencial nocivo se restringe ao sistema cardiovascular. "O colesterol circula por boa parte do organismo para formar membranas celulares, ácido biliar e hormônios", relata Eder Quintão, endocrinologista do Laboratório de Lípides da Universidade de São Paulo. Esse acesso quase irrestrito, apesar de essencial para inúmeras atividades, traz seus inconvenientes. Isso porque dá a possibilidade de ele, quando nas alturas, acarretar estragos em diversas regiões.

Após analisarem dados epidemiológicos que relacionam altos índices da partícula a demências, por exemplo, cientistas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, decidiram averiguar o que estaria por trás desse fenômeno. Valendo-se de equipamentos modernos, eles descobriram que o protagonista da reportagem está intimamente ligado ao surgimento das famigeradas proteínas beta-amiloides. "Essas moléculas danificam células nervosas, promovendo a doença de Alzheimer", ensina o bioquímico Charles Sanders, coordenador da pesquisa. 

"O trabalho americano nos ajuda a compreender o motivo pelo qual observamos um acúmulo de placas beta-amiloides ao colocarmos neurônios em um meio de cultura repleto de colesterol", enfatiza o neurologista Paulo Caramelli, da Universidade Federal de Minas Gerais. "Mas ele não explica por que existe uma associação, principalmente em pacientes acima dos 75 anos, entre a doença de Alzheimer e problemas vasculares", contrapõe. 

Há, claro, quem acredite que esse vínculo seja resultado da idade avançada. Em outras palavras, indivíduos nessa faixa etária tenderiam a sofrer mais com ambos os transtornos simplesmente pelo fato de o corpo estar envelhecendo. Essa, entretanto, não é a única hipótese levantada pelos especialistas. "Taxas elevadas de colesterol provocam inflamações nos vasos, que, ao longo dos anos, também dificultam a passagem de sangue", ressalta Angelina Zanesco, fisiologista do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. Se a artéria comprometida é uma que chega à massa cinzenta, as células nervosas deixam de ser abastecidas adequadamente com o líquido vermelho. Resultado: elas param de funcionar direito por falta de nutrientes, o que contribuiria para o extermínio das memórias.

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