quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Inverno tórrido, primavera gelada. No Brasil inteiro acentuadamente no Centro-Oeste e no Sudeste , não apenas as temperaturas destrambelhadas, mas também oar extremamente seco denunciam a ação nefasta do homem, que agora sente na pele (e no resto do corpo) as conseqüências dos maus-tratos ao meio ambiente. Na secura, o desgaste do organismo é tremendo, assegura Paulo Saldiva, pesquisador do Centro de Poluição da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Isso porque todo ele se mobiliza para manter a homeostase, ou seja, o estado de equilíbrio interno (veja aanimação).
Num primeiro momento surgem o que parece apenas pequenos desconfortos, como dores de cabeça e tonturas. Ao longo dos anos, porém, esses incômodos se somam e causam graves malefícios. Nas grandes cidades, aestiagem, piorada pela poluição, afeta especialmente os sistemas respiratório e circulatório. No longo prazo o corpo sofre os mesmos danos provocados pelo cigarro, garante Saldiva.
Os olhos, porém, é que são os primeiros a sentir a influência do ar seco, diz o oftalmologista Newton Kara José, professor da Universidade de São Paulo e daUniversidade de Campinas. Isso porque a mucosa ocular é a mais exposta ao ambiente externo. Na falta de umidade, o filme lacrimal, uma leve partícula de água que recobre os olhos, evapora-se muito rápido, explica o mestre em visão. Você logo sente coceira e a reação natural é esfregar as pálpebras, o que piora tudo, porque provoca lesões, acrescenta. Sem contar o risco de contaminação por microorganismos levados pelas mãos. Uma das conseqüências costuma ser a conjutivite.
Sem medidas preventivas, numa espécie de efeito dominó, nariz, boca, garganta e brônquios são afetados. A mucosa nasal fica tão ressecada que pequenos vasos se rompem e sangram. Para piorar, aparecem feridas pequeninas que funcionam como porta de entrada para vírus e bactérias. E os pêlos nasais, cuja função é filtrar as partículas do ar, deixam de cumprir direito esse papel protetor, já que perdem a lubrificação, explica Antonio Menon, otorrinolaringologista do hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O efeito deserto segue para a garganta, que quase invariavelmente fica irritada. Engolir, então, passa a ser a maior dificuldade, principalmente para bebês e idosos. Aí vem a tosse, que agrava o quadro, numa bola-de-neve que cria acessos cada vez mais fortes. Se as defesas estiverem em baixa, surgem laringites e faringites severas. Nos casos extremos, os brônquios são afetados. Não à toa, as famosas bronquites lotam os prontosocorros, afirma Menon. Sem falar nas crises alérgicas e asmáticas.
Isoladamente, essas pequenas ocorrências já são uma grande chateação. Juntas, nem se fala. A saúde pode acabar seriamente afetada. Sofre mais quem vive nos grandes centros urbanos, mas o corpo de certa forma se adapta a todas essas agressões, contemporiza Ricardo Tardelli, diretor estadual de saúde na Secretaria de Estado da Saúde São Paulo.
O.k., mas não é tão simples: essa adaptação tem um preço e é isso o que preocupa. Estaremos submetidos àsmás condições atmosféricas por muito tempo ainda. Então precisamos reduzir as conseqüências desses distúrbios, diz o nefrologista Bento Cardoso dos Santos, daUniversidade Federal de São Paulo e do Hospital Albert Einstein. Que tal começar agora? Procure adotar as recomendações do complemento.

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