terça-feira, 5 de março de 2013


Há 23 anos, uma doença altamente perigosa dava os seus suspiros derradeiros no Brasil. Detectada por aqui pela última vez em 1989, a poliomielite, também chamada de paralisia infantil, tornou-se um problema controlado em todo o território verde e amarelo graças a um extensivo programa de vacinação promovido pelo Ministério da Saúde. Mas isso não significa que a pólio seja um perigo do passado no restante do mundo.
A meta da Organização Mundial da Saúde era erradicar a enfermidade em todos os continentes até o ano 2000. Apesar dos esforços contínuos, o objetivo não foi superado. Em locais como a Nigéria, o Paquistão e o Afeganistão, ela ainda dá as caras — e volta a ser uma ameaça em outros países, como o Chade, a Angola e a República Democrática do Congo. É claro que os esforços não foram em vão: segundo dados da própria OMS, quando o Programa Mundial de Combate à Poliomielite começou em 1988, o planeta abrigava 350 mil infectados. Em 2005, esse número tinha caído para 2 mil pessoas.
Apesar de popularmente conhecida como paralisia infantil, a doença atinge tanto crianças quanto adultos. Ela é mais frequente nos pequenos justamente porque o contágio acontece por meio do contato direto com fezes infectadas ou por secreções expelidas pela cavidade oral - e a criançada vive com a mão na boca. "Depois de ingerido, o vírus se multiplica no trato gastrointestinal e cai na corrente sanguínea. O excesso é eliminado pelas fezes e vai contaminar outras pessoas", conta a pediatra Lily Yin Weckx, coordenadora do Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais, da Universidade Federal de São Paulo. O que fica no organismo viaja até o cérebro, mata alguns neurônios e destrói diversas ligações do sistema nervoso.
"Em quase 95% dos casos, não há sintomas quando esses estragos começam a acontecer. Em 1% dos afetados, as manifestações são iguais a outras infecções corriqueiras, como febre e dor de cabeça", explica a pediatra Marion Burger, pesquisadora do Instituto Pelé Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná. Outras pessoas - uma fração mínima entre os contaminados - apresentam a paralisia logo de cara. Mas fique claro: todas as vítimas, com ou sem sintomas, acabam com algum grau de paralisia."Ela é muito mais frequente nos membros inferiores", completa Marion. O ataque aos neurônios pode, inclusive, impedir os movimentos dos músculos da respiração e, lógico, isso causa uma morte rápida e extremamente cruel.

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