sábado, 27 de abril de 2013

Nunca existiu um estudo sério comprovando tintim por tintim o elo entre a acne e o chocolate especificamente. Mas entre os argumentos contra a guloseima estava o seu teor de gordura ingrediente que, na visão de alguns especialistas, seria o verdadeiro culpado pela relação mal-resolvida entre o cacau e as espinhas.


A partir daí, não só o chocolate, mas o amendoim, as nozes, o azeite da salada tudo o que tivesse ou fosse óleo cou sob suspeita. A paranoia foi tanta porque faltavam trabalhos cientícos que os especialistas preferiram deixar um pouco de lado essa história de dieta. Ela, no entanto, aos poucos recupera espaço, mas agora com embasamento de pesquisas, como a realizada recentemente pela Universidade de Melbourne, na Austrália. E quem seria o novo acusado? O índice glicêmico dos alimentos. Quanto mais alto, pior para a pele com tendência à acne.

Em Melbourne os cientistas escolheram criteriosamente 43 voluntários com o rosto coberto de espinhas. Eles foram divididos em dois grupos. Um deles consumiu alimentos com baixo índice glicêmico, ou seja, que liberam glicose lentamente na circulação. O outro, ao contrário, seguiu uma dieta recheada de itens de alto índice glicêmico, ou seja, cheia de alimentos que fazem rapidinho o serviço de entrega de açúcar na circulação (veja o complemento). Passadas 12 semanas, observou-se uma diminuição considerável nas lesões de pele da primeira turma. Na outra, a situação diante do espelho só piorou.

Provavelmente o fato de o açúcar chegar aos poucos ao sangue evitou uma elevação repentina da produção de insulina, especula o dermatologista Luiz Guilherme Martins Castro, do Hospital das Clínicasde São Paulo. E nós sabemos que esse hormônio produzido no pâncreas interfere em outras substâncias ligadas ao aparecimento da acne. O.k., o chocolate volta à berlinda. Mas agora está acompanhado de uma singela fatia de melancia.
Não é a primeira vez, que se associa uma pele acnéica a questões de insulina hormônio-chave para a glicose entrar nas células do nosso corpo. Um dos primeiros trabalhos nesse sentido é de 2003 e foi feito na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos. Eles chegaram, na época, a esboçar o seguinte raciocínio: se picos de insulina têm a ver com espinhas e se esses picos, por sua vez, são criados por alimentos cheios de carboidrato, então seria bem provável haver uma relação íntima do problema estético com doces, massas e certos vegetais.

Para corroborar a tese, alguns experimentos apontaram um efeito até então insuspeitado da metformina, remédio oral indicado para diabéticos do tipo 2. A droga seria capaz de conter a acne. Faz sentido. Afinal, ela ajuda a tirar o açúcar da circulação. Alguns médicos até já a prescrevem para combater as lesões na pele, conta a dermatologista Dilci Franco, de São Paulo.
Patrícia Rittes, dermatologista de São Paulo, não recomenda alterações drásticas na alimentação, ao menos por enquanto. Há alguns anos cientistas argentinos relacionaram leite e espinhas, mas o que se constatou, logo depois, foi o elo entre as lesões e o excesso de hormônios ingerido pelas vacas, explica Patrícia. A bebida em si foi inocentada.


Tagged:

0 comentários:

Postar um comentário