sexta-feira, 7 de junho de 2013

Tenho 29 anos. No meu último checkup, no final de 2004, os níveis de colesterol e açúcar foram considerados ótimos. O resultado do eletrocardiograma deu tudo azul. Mas uma dor no antebraço esquerdo, um dos sinais que denunciam encrencas à vista no peito, fez meu cardiologista pedir o famoso teste de esforço físico na esteira. Além disso, pelo que me recordo, indicou a cintilografia, aquele exame em que os especialistas injetam no corpo um material radioativo para, com o auxílio de um aparelho chamado gama-câmara, flagrar algum problema de irrigação na intrincada rede de vasos por onde o sangue circula no organismo. Não, não me tache de hipocondríaco, caro leitor. Meu médico também não pecou pelo excesso de zelo. Sou jovem, portanto estou fora do grupo mais sujeito a problemas cardíacos, homens na faixa dos 45 anos em diante. No entanto, meu histórico familiar não me abona. Sou filho de diabéticos e, como você já deve ter lido várias vezes aqui na SAÚDE!, o diabete anda lado a lado com os males do coração. Além disso, meu velho já teve um princípio de infarto. E, naquela época, meu peso estava bem acima do normal. Então...

No final das contas, a dor parou de me incomodar. O tempo correu e, em meio à apuração de uma reportagem aqui e de outra acolá, acabei protelando os exames. Eles quase foram deletados da minha cabeça. Quase. Ao passar os olhos pelo programa do último congresso do American College of Cardiology, que aconteceu em março em Orlando, nos Estados Unidos, vi que um dos destaques era justamente um estudo sobre a eficácia da popular esteira para identificar o risco de problemas cardiovasculares em mulheres. Fiquei pasmo. Descobri que a esteira não passou inteiramente no teste. 

A pesquisa realizada no Hospital Hartford, em Connecticut, nos Estados Unidos, concluiu que, além da esteira, mulheres com risco intermediário e alto para intempéries cardiovasculares deveriam ser submetidas também à cintilografia para ter uma previsão mais exata de tempo ruim no universo das artérias. Em outras palavras, um único teste, isoladamente, muitas vezes não é suficiente. Diante desse panorama, pintou a dúvida: dá para prever pra valer os problemas cardíacos? "Essa é a pergunta do momento", me disse sem pestanejar o cardiologista Ibraim Pinto, na sua sala no setor de angioplastia do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, em São Paulo. "O que a gente pode fazer para melhorar a capacidade de predizer o risco de ficar doente?", indaga em tom de eis a questão. "Até mesmo porque nunca vamos chegar a 100% de precisão", completa seu colega Antonio de Pádua Mansur, do Instituto do Coração, também na capital paulista. "Não existe 100% em biologia", deixa claro. 


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