terça-feira, 4 de junho de 2013

Imagine não ouvir absolutamente nada do que acontece à sua volta, nem ter lembranças sonoras que remetam à infância ou a qualquer outra fase da vida. Essa é a rotina com a qual têm de conviver pessoas completamente surdas, que, por causa do déficit auditivo, ainda possuem dificuldades de aprendizado. No Brasil, segundo o otorrinolaringologista Ricardo Ferreira Bento, do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HC-FMUSP), há em torno de 250 mil pessoas nessa condição. E é no intuito de resgatar parte da sua capacidade de ouvir e melhorar sua qualidade de vida que, há alguns anos, foi desenvolvida a cirurgia de implante coclear. Bento explica que esse método consiste basicamente na instalação, dentro do ouvido, de um equipamento computadorizado. Ao estimular o nervo auditivo, ele devolve, em menor ou maior grau, a audição a quem nasceu surdo ou desenvolveu o problema em algum momento da vida. 

"O implante coclear é indicado a pessoas com surdez total, com danos severos ou profundos nos dois ouvidos", conta o médico, que dirige o núcleo de implante coclear do HC-FMUSP, centro que realizou, recentemente, mil procedimentos desse tipo pelo Sistema Único de Saúde, o SUS. A cirurgia recupera, na verdade, a habilidade de distinguir alguns sons. Ela não ajuda pessoas surdas de um só ouvido porque, nesse caso, os novos estímulos podem atrapalhar a decodificação dos sons pelo cérebro. 

A cirurgia de implante coclear tem ainda mais importância quando o paciente é criança. Isso porque auxilia a superar entraves cognitivos que seriam típicos em quem nasce com deficiência auditiva. Agora, independentemente de ser pequeno ou adulto, fato é que o procedimento muda completamente a vida da pessoa que se submete a ele. "Especialmente no caso da criança, o implante ajuda que o seu desenvolvimento cognitivo não seja comprometido, gerando problemas de fala, na escola e na chance de vir a ter uma profissão", analisa Bento. 

É por isso também que a cirurgia desempenha um papel importante na inclusão social das pessoas com deficiência auditiva. Assim que o problema é resolvido, mesmo que não seja totalmente, o indivíduo pode levar uma vida muito mais feliz, sonora e independente.

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